sábado, 3 de abril de 2021

NOTA DE FALECIMENTO - DELEGADO CARLOS ALBERTO BELLEI


Faleceu na manhã de hoje nosso amigo Dr. Bellei.

O corpo se encontra no cemitério Parque da Saudade até às 14h, com sepultamento na cidade de Bicas/MG às 15h.

Aos familiares e amigos nossos sentimentos

Vá em paz meu amigo, missão cumprida.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

SESSENTA E DOIS ANOS SÃO PASSADOS E EIS-ME AQUI...


Sessenta e poucos anos são passados.

Dia após dia procurando abrigos,

e me vejo sozinho, sem amigos

aguardando o meu dia de Finados.


A vida que nos dá os seus recados,

que maltrata, que fere, dá castigos,

mostrará aos jovens que os mais antigos

também podem e devem ser amados.


Ela fará ver aos jovens de agora

que, no futuro, a sua ingratidão

terá uma paga muito cruel e forte.


E, lembrando-se dos velhos de outrora

Como eles, solitários estarão,

abandonados, esperando a morte.


Feliz aniversário para mim...


Soneto escrito a duas mãos, por mim e nosso saudoso Cláudio Coelho, em 30 de janeiro de 1992, em Cabo Frio, dia do aniversário do Cláudio. Hoje me lembrei dele, pois é meu aniversário e faço desse soneto o meu presente solitário.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Uma noite invernal - Por Otávio Santana do Rêgo Barros

 


Às quatro horas da tarde, no dia 27 de outubro de 1915, a natureza inclemente da noite invernal antártica venceu o homem apaixonado pelas aventuras.

A força das banquisas que estrangulavam o costado do Endurance há nove meses, aprisionado no Mar de Weddell, rompeu o madeirame do navio, assinando a sua sentença de morte.

A voz resignada do comandante da expedição, embora cheia de convicção, ordenou: “Está acabado, rapazes. Acho que está na hora de desembarcar.”

O grupo com 27 exploradores, liderados por Sir Ernest Shackleton, transferiu equipamento, comida, animais e outros bens de interesse para um acampamento improvisado no meio de um banco de gelo.
Havia serenidade e notável ausência de desânimo.

Passariam à deriva cerca de cinco meses, enfrentando temperaturas de –37ºC, até que o derretimento da placa os obrigasse a lançar três pequenos barcos (Caird, Wills e Docker) em águas gélidas e agitadas rumo a uma terra firme que doravante os abrigasse.

Alcançaram a Ilha Elephant, em 9 de abril de 1916, após uma travessia em mar encapelado, cheia de perigos a cada nova onda. Velas e remos foram a força motora. O pedaço de terra era um rochedo inabitável, coberto de excrementos de aves e animais marinhos. Como relata Alfred Lansing em sua obra, A incrível viagem de Shackleton, “terra sólida, inafundável, irremovível, abençoada.”

Tão logo Shackleton identificou a impossibilidade de sobreviverem naquelas condições, organizou mais uma corajosa jornada, cujo intento era alcançar uma ilha habitada que tivesse meios de resgatar toda a tripulação.

Os que ficaram não se sentiam abandonados, tinham plena confiança de que seu comandante os salvaria. Ele inflamava a alma de seus homens. Napoleão afirmava: “Um líder é um negociante de esperanças.”

No dia 24 de abril de 1916, o “Chefe”, como Shackleton era chamado, reuniu os cinco tripulantes mais aptos e se lançaram no Caird para atravessarem a mais perigosa das águas do Atlântico Sul, a temida passagem do Drake.

Ventos com a força de furacão, ondas gigantescas, condições climáticas insuportáveis foram alguns dos desafios desse grupo até tocarem a costa leste da Ilha Geórgia do Sul. Era o dia 10 de maio de 1916. Já se passavam 522 dias da partida no porto de Grytviken, naquela mesma terra da salvação.
Pouco lhes faltava para alcançar a tão sonhada ressureição. Uma marcha de 45km em linha reta através de terrenos escarpados, cobertos de neve, geleiras instáveis, a cerca de 3.000 metros de altura.

Shackleton reuniu as últimas energias para empreender essa pernada. Ao final da marcha, encontrou um grupo de pescadores de baleias que veio ao seu encontro quando os viram descer a ravina escorregadia barbados, sujos, maltrapilhos, magérrimos e com profundas olheiras.

- Eu sou Shackleton.

Não podiam acreditar!

Mais três meses e várias tentativas, Ernest pessoalmente resgatava os últimos 22 homens, jamais desesperançados, na Ilha Elephant.

A saga da tripulação do Endurance, inspirada por Sir Ernest Shackleton, é, sem dúvida, um dos maiores exemplos de liderança do mundo moderno.

A obra Shackleton, uma lição de coragem, de autoria de Margot Morrels e Stephanie Capparell, sintetizou os feitos do “Chefe” e organizou seus princípios de “co (+) mandar”. É uma ótima leitura!
Qual a razão para citar Shackleton neste momento? O nosso país, em algumas áreas, está cercado por banquisas ameaçadoras de incompetência, amadorismo, teimosia e falta de empatia.

O nosso Endurance está prestes a ter o seu costado rompido. Não estamos organizados! A jornada que teremos de enfrentar para sairmos da crise é perigosa e cheia de obstáculos. Estamos quase sem combustível e pouquíssima alimentação.

É hora de descobrir um líder com as características do “Chefe”. Que tenha, sobretudo, condições morais de cativar a tripulação. Que seja humilde, aceite críticas, identifique os desafios, planeje soluções para, como ocorreu à tripulação daquele navio, resgatar a nossa sociedade.

Shackleton estava convencido de que a única chance daquele grupo era permanecerem juntos. E assim os manteve. Venceram o mortal desafio.

Dividir é sentença de morte. O líder que estimula a divisão da sociedade é um parvo. E, lastimosamente, estamos sendo estimulados e divididos por posturas egocentristas.

A propósito, a missão da equipe era cruzar a pé o continente Antártico, considerado a última fronteira da humanidade. Tarefa não cumprida. Que importa?

Estavam todos vivos ao término da desafiadora jornada glacial.

Quem dera tivéssemos um Shackleton!

General da Reserva do Exército


quarta-feira, 31 de março de 2021

GEN EX PAULO SÉRGIO, NOVO COMANDANTE DO EXÉRCITO

 


O general Paulo Sérgio é filho de José Adolfo de Oliveira (in memoriam), bancário do Banco do Brasil, e Lindalva Nogueira de Oliveira. 

Até os 11 anos de idade estudou em sua cidade natal. Após aprovação em concurso público, ingressou no Colégio Militar de Fortaleza, em regime de internato, onde, posteriormente, e fruto de muita dedicação aos estudos, seguiu para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército (1974), e Academia Militar das Agulhas Negras (1977), sendo declarado Oficial do Exército da Arma de Infantaria em dezembro de 1980.

O Gen Paulo Sérgio comandou o 10º Batalhão de Infantaria em Juiz de Fora/MG, em 2003.

PAI E FILHO CONCLUEM CURSO BÁSICO DE MONTANHA EM JUIZ DE FORA


Para qualquer pai, ver um filho crescer e seguir a carreira das Armas é motivo de orgulho. Para o subtenente PINNA foi ainda mais emocionante ao poder concluir o Estágio Básico do Combatente de Montanha juntamente com o soldado PINNA, seu filho.


"A realização desse estágio é uma oportunidade ímpar em minha vida. Não há dinheiro que pague a satisfação e a alegria de estar compartilhando com meu filho as atividades típicas da caserna e, mais especificamente, as do combatente de montanha.” relata o Subtenente Pinna.


Na formatura de conclusão do Estágio, pai e filho receberam o gorro cinza e o distintivo de Escalador Militar e agora estão aptos a atuar em ambiente operacional de baixa e média montanha e a ultrapassar obstáculos verticais e horizontais em vias equipadas por especialistas.



“O maior desafio que eu tive no Estágio foi vencer as rotas e o maior ganho foi poder ter aprendido observando a conduta militar e a experiência demonstradas pelo meu pai”, disse o soldado Pinna.


O ST PINNA ingressou no Exército como recruta no 4º Esquadrão de Cavalaria Mecanizada em 1994 e foi aprovado no concurso da Escola de Sargentos das Armas (EsSA) em 1998. Seguindo seus passos, o soldado PINNA incorporou no ano de 2020, também no 4º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado e está em preparação para o concurso as Escola de Sargentos das Armas.


http://www.4bdainflmth.eb.mil.br/index.php/pai-e-filho-realizam-juntos-o-estagio-basico-do-combatente-de-montanha

Ordem do Dia Alusiva ao 31 de março de 1964

 


Brasília, DF, 31 de março de 2021

Eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época.

O século XX foi marcado por dois grandes conflitos bélicos mundiais e pela expansão de ideologias totalitárias, com importantes repercussões em todos os países.

Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo, contando com a significativa participação do Brasil, havia derrotado o nazi-fascismo. O mapa geopolítico internacional foi reconfigurado e novos vetores de força disputavam espaço e influência.

A Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica. Havia ameaça real à paz e à democracia.

Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964.

As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos.

Em 1979, a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia. Foi uma transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo. O País multiplicou suas capacidades e mudou de estatura.

O cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população.

A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso País.

O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março.

WALTER SOUZA BRAGA NETTO

Ministro de Estado da Defesa

terça-feira, 30 de março de 2021

EU QUERIA ACREDITAR - POR OTÁVIO SANTANA DO RÊGO BARROS

 


Até o otimista mais inveterado está agoniado com os rumos que singramos neste mar de insensatez e hipocrisia que desfigura a dividida sociedade brasileira.

Na terça-feira (23.03.2021), após sete anos de um rumoroso processo, cercado de todo tipo de interesse e revirado pelo avesso na opinião pública, com indiciamento, denúncia, condenação e cumprimento da pena pelo réu, a corte suprema encontrou motivos para considerar a tramitação processual tecnicamente incorreta.

Segundo aquele soberano tribunal, teria ocorrido um equivocado ato administrativo. Anule-se, pois, tudo. É como se nada do que foi realizado houvesse acontecido. 

As centenas de milhares de papéis (terabytes de dados arquivados em servidores) contendo investigações, diligências, apreensões, oitivas, acareações, recursos, agravos, sentenças, prisões - isso não aconteceu?

As demandas das bancas de advogados contratadas a peso de ouro para encontrar filigranas jurídicas que inviabilizassem o processo - isso não aconteceu?

O réu passou 580 dias encarcerado por decisão judicial confirmada em todas as instâncias recursais, até na própria corte suprema - isso não aconteceu? 

Empresários, políticos, funcionários públicos, empresas, consórcios graciosamente devolveram bilhões de reais surrupiados dos cofres públicos. Crimes confessados a centenas nas delações premiadas, instrumento eficaz de combate à corrupção - isso não aconteceu? 

A canetada que promoveu a anulação dos atos, promoveu também um tsunami na corrida eleitoral de 2022, ao fazer ressurgir do ostracismo mais um candidato em condições de enfrentar o atual mandatário. Mas deixa sem resposta o estrago da decisão pretérita que impediu o então ficha suja de concorrer ao pleito anterior. O que certamente mexeria nas composições partidárias.

Não dá para acreditar.

Cinéfilo que sou, viajo em um roteiro ficcional. Nessa hipotética película, a justiça devolveria os autos às partes com uma chave para a ignição da máquina do tempo (como em “De volta para o futuro”, filme estrelado por Michael J. Fox) que levaria os envolvidos ao passado, culpados ou inocentes, para reconstruírem a verdade conforme O Grande Irmão determinasse.

Afinal, como na icônica obra 1984 de George Orwell, se o passado não agradou, se reconstrói. Há sempre especialistas nas linhas de produção do recontar a história. E se esse novo passado não for do agrado, reescreva-se outra uma vez!

Paz e Bem!

Otávio Santana do Rêgo Barros

General de Divisão R1