domingo, 8 de novembro de 2015

Tribuna relembra lugares que marcaram época na cidade de Juiz de Fora

Bem disse Ziraldo, no clássico infantil “O Menino Maluquinho” que a única coisa que não se pode segurar é o tempo. Com a passagem dele, perdemos de vista lugares, pessoas e referências que marcaram épocas, e com a cidade de Juiz de Fora não é diferente. Com a ajuda de leitores, a Tribuna listou lembranças da cidade, lugares que foram “points” de outras gerações, o canto certo para lanches que até hoje persistem na memória, o lazer de crianças que hoje são adultos saudosos, ou a grande novidade da terrinha em outros tempos.
Como uma espécie de GPS afetivo, a matéria conduz por lugares que já não habitam o mapa atual de Juiz de Fora, mas seguem intactos onde nem o tempo conseguirá apagá-los: nas memórias.
Este é só o começo desta viagem no tempo. Ao longo da semana, a Tribuna relembrará outros locais caros aos juiz-foranos e que não mais existem. E mais importante, convida você, leitor, a participar do processo, dividindo suas histórias e sugerindo mais locais inesquecíveis da cidade. Sempre que recebermos seu texto, foto ou até mesmo vídeo de sua lembrança querida, vamos postar aqui, fazendo desta matéria, um mergulho nas lembranças dos juiz-foranos.
Embarque conosco! Envie seu  material para internet@tribunademinas.com.br, pelo Facebook no jornal ou entre em conosco pelo whatsApp da Tribuna 99975-2627 e esta página será atualizada diariamente com novos fragmentos de memória afetiva, criando o que certamente será uma rolagem infinita de boas recordações e nostalgia.

Del Center

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(Fotos: Arquivo TM)
Fundado em meados dos anos 1980, o Del Center era uma grande loja de departamentos com roupas, brinquedos, eletrônicos e artigos diversos, situado bem no coração da cidade: A Avenida Rio Branco, perto do Parque Halfeld.
Lembro com carinho do Del Center com o elevador panorâmico que permitia observar todos os departamentos (um por andar). Uma imensa variedade de produtos que enchia os olhos de todos que passavam por lá. “
Gilson Salomão Pessôa, 37 anos, funcionário público

Sorveteria Polar

(Foto: Arquivo TM)
(Foto: Arquivo TM)
Também na Avenida Rio Branco, perto da esquina com a Rua Braz Bernardino (apenas um dos endereços que a casa teve, na foto, em 1982), quem não se lembra da sorveteria Polar? O lugar tinha sorvetes deliciosos e também salgados famosos, como o folheado de queijo.
“Eu nunca tinha tomado sundae na minha vida! Minha irmã resolveu fazer a alegria da caçulinha da casa. As duas seguiram para o lugar sensação do momento: a sorveteria Polar. O balcão tinha um “andar” de baixo onde as pessoas apoiavam as bolsas. E foi lá, no lugar destinado aos adultos, que deixei meu sorvete e curti cada colher daquela delícia. Até hoje comentamos isso. A felicidade que tive ao tomar sundae e ainda me sentir acolhida como uma criança jurando ser adulta – nem que fosse durante as colheradas do sorvete! Deu saudade lembrar do sabor!”
Renata Vargas, 43 anos, professora universitária

Front


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Imagens: Arquivo TM/ César Romero
A geração que se aproxima ou já está na casa dos 30 anos certamente se lembra dos agitos no Front, que ficava na Rua São Mateus, no bairro homônimo. Além de festas como o banho de espuma, a casa também promovia shows locais e nacionais, inclusive de bandas que viriam a ser famosas em todo país nos anos subsequentes, como Pato Fu e Skank.
“O Front ficava na Rua São Mateus e era o local mais badalado da cidade. Ponto de encontro dos jovens juiz-foranos. Mas eu tinha menos de 18 anos e tinha que esperar o domingo para entrar lá. Era o dia da matinê, com direito a funk melody – aquele que hoje a gente chama de funk das antigas – e banho de espuma! Era muito legal!”
Mônica Cury, 33 anos, jornalista

Oásis

(Imagens: Arquivo TM/ César Romero)
(Imagens: Arquivo TM/ César Romero)
Na pesquisa dos lugares mais queridos pelos juiz-foranos em sua memória, foi unanimidade algo que não era exatamente um lugar: o cigarrete do Oásis lanchonete e sorveteria, também no Centro, bem pertinho do Del Center. Quem não terminou várias tardes de passeio ou de compras pelas lojas do Centro ali?
Juiz de Fora é um paraíso das guloseimas e dos lanches vespertinos. Qual juiz-forano não fala com entusiasmo sobre a arte de comer um cigarrete? Brincadeiras a parte, é impossível falar em salgado e não lembrar da Oásis. A lanchonete, com aspecto muitas vezes duvidoso, era garantia de uma tarde maravilhosa. Lembro-me de que no início da adolescência, adorava ir ao centro da cidade, fazer pequenas tarefas para meu pai ou minha mãe, e claro, fazia uma parada estratégica por lá. Curtia meu lanche como um trabalhador aprecia um chopp depois de um longo dia de trabalho. Sem dúvida, é um lugar que está na minha memória emocional, e claro, no paladar.”
Juan Salomão, 27 anos, pesquisador

Murilândia

(Imagens: Arquivo TM/ César Romero)
(Imagens: Arquivo TM/ César Romero)
A Murilândia ainda habita a memória de boa parte das crianças e adolescentes juiz-foranos dos anos 1980, com games, parquinhos e o programa cool da daquele tempo: jogar boliche, em uma época em que as pistas eram novidade por aqui. Nos anos em que reinava o “bolinho-com-guaraná” em casa, a Murilândia era precursora das festinhas de aniversário em salões, hoje moda nas comemorações infantis.
“A Murilândia parecia aquelas lanchonetes de filme americano, tinha parquinho e um lago com peixinhos onde as pessoas jogavam moedas! Era genial!”
Thiago Salomão, 31 anos, músico

Billbox


( Imagens: Arquivo TM)
( Imagens: Arquivo TM)
Point certo para quem curtia música nos anos 1980, a Billbox ficava em um dos endereços mais tradicionais da cidade, a Galeria Pio X. Além da decoração descolada, com o clássico globo de espelhos e paredes pretas, a loja era endereço certo para ouvir um som “vênas” antes de escolher qual bolachão levar para casa.
“De todas as antigas lojas de Juiz de fora que já não existem mais, a loja de discos Billbox é a que me desperta mais saudade – com certeza devido à minha eterna paixão por música. O aspecto mais marcante da loja na minha memória é o seu visual, com o revestimento preto das paredes, uma belíssima vitrine com os lançamentos expostos e, naturalmente, o som que rolava lá dentro durante todo o tempo. Juiz de Fora, nessa época, tinha inúmeras lojas de discos, e a Billbox era das mais centrais e descoladas. Eram tempos mais simples em que se dava mais importância à obra do artista, aos movimentos culturais e até à arte da capa, coisa que a era do CD enterrou e, hoje, o MP3 colocou a última pá de cal. Era uma época em que as músicas, artistas e discos eram bem mais relevantes, todos conheciam e compartilhavam entre si. Não tendo vergonha de ser saudosista e romântico, acho que cada tempo tem sua magia e importância, e que a tecnologia nos trouxe inúmeras vantagens, mas também matou muitas tradições que nenhuma modernidade substitui.”
Vinícius Paiva, 37 anos, professor

Balcão Drinks

(Foto: Arquivo pessoal João Carlos de Souza Lima Figueiredo)
(Foto: Arquivo pessoal João Carlos de Souza Lima Figueiredo)
Situado no início da Rua São Mateus, perto da esquina com a Oswaldo Aranha, o Balcão Drinks era o ponto de encontro para uma cervejinha gelada, um bom papo e, de tempos em tempos, uma viola descompromissada, além do local certo para ver o movimento e, quem sabe, encontrar um possível paquera- que hoje a juventude chama de crush. O bar lotava o trecho do bairro, com pessoas nas ruas e calçadas batendo papo fora do bar, algo bem parecido com o que acontece hoje no mesmo local, com bares como o São Bartolomeu.
“O Balcão se tornou um mito da década de 80. Em 1983, iniciou suas atividades naquela casa azul e branco e durou até o ano de 1991, em dois endereços. O primeiro endereço foi na Rua São Matheus, onde hoje funciona atualmente o  Bendito.  O segundo foi na Moraes e Castro, numa casa mais moderna , onde funcionou por dois anos. Os proprietários Ivan Godoy  e sua irmã Maria Godoy, assim como sua filha Bianca Godoy, conseguiam controlar uma turma enorme de jovens e que mantinham até contas mensais, porque frequentavam todos os dias e passaram a fazer parte de uma grande família, junto com os garçons Bilac e Tadeu, dentre outros.  O bar mantinha até jornal, feito pelo Knorr, que juntamente com outros amigos, coletavam dados e relatavam sobre o que acontecia lá. Era o local de encontro de jovens universitários, professores, políticos, escritores,  músicos, poetas, artistas e de violeiros que revezavam-se no violão. Havia um que ficava lá no próprio bar, rodando de mão em mão e que ainda existe e está bem guardado.  Uma relíquia que guarda a alma do local.  O bar abrigava, no fundo, apresentações de Pedro Bis e TQ, entre outros. As ruas ficavam lotadas de gente, o que dificultava muito o trânsito de carros naquele pedaço entre a Rua Oswaldo Aranha até a Rua Carlos Chagas: era muita gente, literalmente na rua, tomando cerveja em copos de plástico e o famoso meladinho ( pinga com  mel ). Muitos artistas e músicos nacionais passaram pelo bar e acabavam se enturmando com as galeras de todos os locais da cidade. Lugar de harmonia e música. Local de conversas e de amizade e que dá muita saudade.”
João Carlos de Souza Lima Figueiredo, 53 anos, advogado

Supermercado Disco Gigante

(Foto: Arquivo Maria do Resguardo)
(Foto: Arquivo Maria do Resguardo)
O Disco chegou a ser a maior rede de supermercados do Rio de Janeiro na década de 1980, possuindo também lojas no estado de Minas Gerais, inclusive a de Juiz de Fora. Além de alimentos, a loja seguia o formato de hipermercado,com eletrodomésticos, artigos de vestuário, livraria e papelaria,  tornando cada visita um atrativo em potencial para as crianças da época.  Os pontos em Minas Gerais foram vendidos para o grupo Bretas, e no local onde funcionava o Disco, há hoje o Hiper Bretas, na Rua Roberto de Barros, no Centro.
“Tenho uma única lembrança que marca como era a inflação da época: certo dia fui lá e vi um bonequinho – me lembro, era um ninja branco daqueles meio de borracha grande. Isso devia ser uma sexta, e meus pais pois só puderam me levar lá na segunda pra comprar, depois de um final de semana comigo enchendo o saco deles. Quando cheguei lá na segunda de manhã, a loja que ficava dentro do supermercado estava fechada pra balanço dos preços. Foi a primeira vez que o sistema me derrotou. Fiquei sem o boneco.”
Tiago Sarmento, 31 anos, publicitário

Cine Festival

(Imagens: Arquivo TM)
(Imagens: Arquivo TM)
O Cine Festival foi fundado nos anos 1960, era anexo ao Cine-Theatro Central (que também já funcionou como cinema) e conhecido pela exibição de obras fora do circuito comercial durante alguns anos das décadas de 1980 e 1990. Entre 1983 e 1985, o cinema ficou fechado para reformas, e houve o receio de que ele não fosse reaberto. No entanto, a sala voltou a funcionar em 1985 indo até meados da década de 1990, quando o Central foi reformulado. Ainda assim, em seus anos de existência, o Festival contribuiu em grande parte para as memórias afetivas e cinematográficas de diferentes gerações.
“O Cine Festival era um cinema ‘menor’. Não apenas em tamanho mas em qualidade de projeção e programação também. Se pensarmos que na época as referências eram o Cine Central, Cine Veneza, Cine Excelsior e até o Cine Star, ele acabava ficando de escanteio. Hoje seria uma linda sala de cinema independente com um belo café no foyer (risos). O Cine Festival era, na verdade, uma parte do Cine-Theatro Central. Especificamente, a região que hoje é a bilheteria e balcão nobre, no lado direito do prédio. Eram poucos lugares, que frequentemente se esgotavam e a programação de filmes era cheia de reprises e um último fôlego para filmes que já deram o que tinham que dar nas salas maiores. Lembro-me de ter visto lá vários clássicos da Disney e outra pérola, “Super Xuxa Contra o Baixo Astral”. Saindo de lá, era obrigatória uma parada na Oásis, uma lanchonete/rotisserie que ficava na Avenida Rio Branco onde hoje fica uma filial das Casas Bahia pra tomar um sorvete de manga, o último da grande vitrine de doces.”
Teo Pasquini, 30 anos, ator

Shows no Tupynambás


(Imagens: Arquivo TM)
Os shows no campo ou no ginásio do Tupynambás certamente marcaram época para quem viveu os anos 1980 e 1990 na cidade e também na região. Muitos dos adolescentes da época viram o seu primeiro grande show no gramado do estádio, que trouxe grandes atrações nacionais e internacionais, de Padre Zezinho a Steel Pulse; de Os Trapalhões a Mamonas Assassinas , passando por apresentações históricas do Rei Roberto Carlos e de Chico Science.
“Pra mim o mais marcante de todos os shows do Tupynambás foi o do Steel Pulse. Eu já estava São Paulo com o Mumaba fazendo sucesso, e vim de lá só para ir no show deles. Vi no gargarejo, ali bem perto do David Hinds (vocalista)! Jamais esqueci.”
Eminho Dias Caetano, 43 anos, músico

Trenzinho da Alegria (do Parque Halfeld)

(Imagens:Arquivo TM)
(Imagens:Arquivo TM)

Quem viveu a infância entre o fim dos anos 1980 e o início dos 1990 certamente já embarcou no Trenzinho da Alegria, que saía aos fins de semana e feriados do Parque Halfeld, com meninos, meninas e animadores fantasiados de personagens marcantes da época, como Mickey, Fofão, Popeye, entre outros. O veículo era uma referência tão importante à cidade que o trenzinho foi personagem de diversas matérias da Tribuna fora das páginas de lazer, como a que questionava o salário dos funcionários que encarnavam os personagens, a que mostrava a insatisfação com o aumento da passagem e a insegurança do vagão e os problemas que o embarque e o desembarque no Parque Halfeld causavam ao trânsito central. Apesar dos transtornos, a memória dos passeios ao som de músicas infantis e ao lado das “estrelas” de desenho da época ainda faz muitos marmanjos e marmanjas sorrirem.
“O trenzinho do Parque Halfeld era pintado com a logo da Coca-Cola, que tinha sempre o Mickey , a Cuca (que eu morria de medo!), e outros personagens ‘animando’ as crianças. Era programa de sábado para as famílias com criança pequena. Eu morava no Bairu, e os pais combinavam de cada semana um levar, ia uma galerona! Eles mudavam os trenzinhos, tinha da Fanta, da Fanta Uva, era massa!”
Liliane Turolla, 30 anos, empresária

Atrás das bananeiras

(Imagens: Arquivo TM)
(Imagens: Arquivo TM)

Mais que um barzinho da moda, o Atrás das bananeiras foi um marco dos anos 1980 por buscar uma programação cultural que ia além da música de barzinho ao vivo, e ajudando a fortalecer a cultura local, sobretudo a música independente. Grandes nomes da cena nacional, como Jorge Mautner, também chegaram a se apresentar na casa, inaugurada em 1983 com sarau de poesia, shows e apresentação do já existente TQ. Em 1984, o bar foi fechado por alegadamente não estar de acordo com o Código de Posturas do município, e entre as razões para tal, estava oficialmente listada a causa “questões relativas à moral e os bons costumes”. O fechamento causou revolta à juventude e à classe artística da cidade, que foi para as ruas protestar pela reabertura do bar, conquistada ainda em 1984.  Mesmo assim, o bar não chegou a ver os anos 1990, mas as memórias (e as amnésias) do que ele representou na cidade e nas vidas de seus frequentadores permanecem vivas.
 “Ele ficava na Itamar Franco, então ainda Avenida independência. Visto pela avenida era somente um muro de placas, mas era um bar alternativo e que marcou época. Ia pra lá usando T-shirt da Company e um Redley amarelo com cinza que não saía do meu pé nunca!”
Alexandre Silva, 42 anos, protético

Dream’s Club

(Imagens: Arquivo TM)
(Imagens: Arquivo TM)
Meio restaurante e meio boate, o Dream’s Club foi uma das primeiras casas noturnas de Juiz de Fora, sendo inaugurada em 1959, na Galeria Bruno Barbosa, no Centro. Em 1965, a casa foi fechada, sendo reaberta em 1975, na Avenida Rio Branco, perto do Alto dos Passos, onde funcionou até o final dos anos 1980.  Grandiosa, como as construções da época, a boate tinha dois andares, espaço para mesas e recebia shows ao vivo, além de ter disc-jockey lançando os embalos da pista de dança. Em todos os seus anos de funcionamento, o Dream’s faz parte das lembranças dançantes de diferentes gerações.
“Eu tinha menos de 18 anos e fui poucas vezes, já que nem sempre podia pagar a conta, mas a minha lembrança marcante era do fervor mesmo, era uma casa onde muitos jovens frequentavam, Minha prima me levava, ela era amiga do porteiro. Lembro-me de chegar na Rio Branco, olhar para cima, e ver aqueles vidros todos iluminados, e subia na direção deles.  Não era exatamente a minha turma, na época, havia muito mais preconceito que hoje, mas eu era abusada, e ia assim mesmo.”
Sandra Portella, 40 anos, cantora
 http://www.tribunademinas.com.br/juiz-de-fora-gps-afetivo/

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