Por Guilherme Arêas
Treze famílias foram orientadas ontem (9) pela Defesa Civil a deixar suas casas na Rua Sebastião Andrade, no Bairro Eldorado, região Nordeste. Há risco de que um barranco desmorone sobre as residências, após ser constatada uma rachadura medindo entre 70 e cem metros de extensão no morro que fica atrás dos imóveis. A situação no local é comparada, pelo subsecretário da Defesa Civil, major José Mendes, à da Rua Rosa Sfeir, no Grajaú, onde parte do barranco desabou e atingiu quatro moradias, em 2011, resultando na interdição dos imóveis. "Se descer o que realmente está previsto, vai ser pior do que ocorreu na Rosa Sfeir. A situação vai ficar muito crítica", preocupa-se Mendes. No entanto, nenhuma casa foi interditada. Os moradores foram apenas orientados a sair, pelo menos até março do ano que vem. "Não parece que (um possível desmoronamento) vai acontecer muito rápido, mas o processo está evoluindo paulatinamente e pode se intensificar nesse período chuvoso. Como há possibilidade de chuvas mais intensas amanhã (hoje), pedimos que os moradores providenciem outro local o mais rápido possível." Grupos com renda familiar menor do que dois salários mínimos podem requerer auxílio-moradia da Prefeitura.
Nem todas as famílias haviam conseguido sair até a noite de ontem. A do aposentado Sérgio Roberto da Silva, 50 anos, diz não ter como se mudar do imóvel alugado por R$ 350 por mês. "Hoje procurei outro lugar, mas não acho aluguel menor do que R$ 600. Estou perdido dentro da minha própria casa", diz o aposentado, que mora com a esposa e duas filhas. A Tribuna visitou ontem algumas residências, e o cenário constatado nos fundos dos imóveis é assustador. O morro, muito alto, íngreme e sem vegetação para segurar a terra, está todo recortado. Pequenos deslizamentos já ocorreram outras vezes, o que levou algumas famílias a se mudarem ao longo dos últimos anos.
Há quase 40 anos morando no local, a professora Rosana da Silva Santos, 50, já viu parte do barranco desmoronar diversas vezes no quintal de casa. Mas a situação, segundo ela, nunca chegou ao ponto de a Defesa Civil recomendar a saída dos moradores. "Fomos pegos de surpresa. Não sei se vamos para a casa de parentes ou alugamos um imóvel", disse, enquanto retirava parte da terra que normalmente já desce pela lateral da casa em dias de chuva. Por enquanto, a medida adotada por ela, que mora com a filha e os pais idosos, é dormir nos cômodos mais afastados da encosta. A mesma precaução tomou o aposentado Afonso Gabriel da Silva, 79. Ele, no entanto, não tem ideia de quando poderá sair de casa. "Não tenho para onde ir, mas não fico com medo."
Já a dona de casa Maria das Graças Andrade, 58, providenciou a saída ontem mesmo. "Hoje (ontem) já vamos para uma granja da família em Igrejinha, e, na semana que vem, começamos a fazer a mudança." Nos próximos dias, a Defesa Civil deve continuar monitorando a rachadura, cujo diâmetro ontem variava entre 10 e 15 centímetros.
http://www.tribunademinas.com.br/cidade/13-familias-s-o-orientadas-a-deixar-casas-no-eldorado-1.1184493