Domingo passado (27.06.21), o Parlatório SA (grupo com empresários, comunicadores, militares, acadêmicos, juízes, políticos, embaixadores…) promoveu uma live sobre o tema O FUTURO DE UMA NAÇÃO! Por um Brasil mais justo e próspero ( https://youtu.be/D8oTK-buZwc ).Sob a curadoria do ex-presidente Michel Temer, foi convidado o comunicador Luciano Huck que se dispôs a responder perguntas sobre vários temas da agenda mundial, com foco no nosso país.
Meio ambiente, economia, educação, defesa, relações internacionais, política foram alguns dos assuntos iluminados na troca de ideias.
Chamou atenção o conhecimento diversificado do Luciano, que caminhou nos vários pontos de reflexão com uma postura equilibrada e inovadora.
Destaco a sua crença na “defesa de ideias e não de homens”, quando inquirido sobre a possibilidade de apoiar um nome para se posicionar no bloco de partida, como uma opção nessa corrida eleitoral, com potencial para competir contra os extremos já em aquecimento.
A concepção é animadora. É natural que muitos estejam irmanados nessa postura em defesa de propostas, ao sonhar com uma avançada Ágora contemporânea.
Sofre-se com a política patrimonialista e arcaica – recordemos José Lins do Rego em sua obra MENINO DE ENGENHO – levada adiante na base do relho por velhos e até novos “senhores de engenho” que se acreditam detentores do pátrio poder de vida ou de morte de seus eleitores.
Ocorre, a meu juízo, que ambientes políticos nos quais a sociedade discute propostas, ao revés de apaixonar-se por homens, exige educação acadêmica que permita ao indivíduo discernir entre uma promessa fútil e passageira, daquela com vigor conceitual e possibilidade efetiva de concretizar-se.
Esse atributo não o possuímos. Somos mal-educados!
Eis uma das razões para continuarmos nos deparando nas eleições com projetos antípodas, fora de moda, que têm por base o culto narcotizado a um líder – salvador da pátria -, característica indissociável de regimes autoritários.
Com a experiência de comunicador exitoso, demonstrou a importância de transformar propostas complexas em ideias simples, que se ajeitem ao nível cognitivo da maior parcela do eleitorado.
Luciano Huck recordou o ex-governador Franco Montoro que, mesmo formulando conceitos bem estruturados de política partidária, se dirigia ao público repetindo o mantra de campanha baseado em poucas ideias.
O complexo ficava guardado para os gabinetes.
O fácil subia nos palanques.
Quando se discute o caminho para uma opção a esses mundos que se apresentam como candidatos, a lição de comunicação do Franco Montoro pode servir de exemplo.
Construir uma proposta de governança moderna, cujo objetivo é uma mudança radical no “país do futuro”, mas comunicá-la como se estivesse sentado em uma mesa de bar assistindo a uma partida de futebol do seu time preferido.
Que se reconheça, os extremos são hábeis em fazer uso dessa comunicação de mesa de bar, mas falta-lhes projeto de nação. Resta projeto pessoal e do et caterva.
A imprensa tem pressa em divulgar um nome como furo jornalístico. Os partidos receiam antecipar-se na corrida e queimar o seu camisa dez escolhido.
A massa, nem aí para esse mundão obscuro de interesses, está focada na sobrevivência econômica e sanitária.
Um fio de esperança é capaz de capturá-la. A se mostrar compreensível e alcançável, ela o abraçará com entusiasmo e marchará em bloco para a mudança.
Está estafada da mesmice, mas sozinha não encontrará o caminho para fugir deste labirinto. É nossa responsabilidade lançarmos o barbante que a ampare no retorno à sanidade.
Homens ou ideias? Melhor homens com ideias!
Paz e bem!
Otávio Santana do Rêgo Barros. General de Divisão R1