sábado, 8 de maio de 2021

UM MINUTO DE SILÊNCIO - POR OTÁVIO SANTANA DO RÊGO BARROS

 


Diálogo entre dois repositores e um cliente no supermercado:

- Rapaz acho que vai demorar pra vacina chegar lá no posto de saúde. Não vejo a hora para tomar a minha dose 

- Você tá maluco cara. O homem que é o homem disse que não vai tomar. Eu não vou tomar. Dizem que pode matar. Sabia?

- Será?

O cliente, ouvindo a conversa, se intromete:

- Olha senhor, se o homem pegar a doença, ele tem os melhores médicos, o melhor remédio, o melhor equipamento e, se piorar, tem até um avião pronto para levá-lo imediatamente aos melhores hospitais de São Paulo. 

- O senhor, se pegar a doença, corre o risco de ir para uma fila espera, aguardar o atendimento em uma cadeira desconfortável, sentir falta de ar sem oxigénio disponível, descobrir que não há leito para se internar e, caso se interne e tenha que ir para a UTI, ser intubado sem as drogas para a sedação. Sabia?  

- Preste bem atenção. O cemitério está cheio de gente sabida como senhor. A propósito, ponha a sua máscara.

Esse inusitado diálogo não é uma ficção. Ocorreu em Brasília, presenciado por pessoa de minha relação pessoal. 

O exemplo arrasta, para o bem ou para o mal. Dá uma tristeza profunda. É inacreditável. É surrealista o que está acontecendo! A esperança por dias melhores vem acompanhada da vacinação em massa.

Ocorre que atitudes semelhantes vêm sendo adotadas, não apenas por pessoas humildes e pouco esclarecidas, que precisam dolorosamente se expor para sobreviver, mas também por gente com conhecimento suficiente para entender a importância da cobertura vacinal. 

Infelizmente, deu-se nessas pessoas um curto-circuito cognitivo, um verdadeiro apagão, provocado por questões pseudoideológicas.

Por mais que se busque entender as decisões de caráter pessoal que possam impactar no jogo da ambição política, há limites éticos e morais que governantes precisam aceitar. E já foram extrapolados de muito.

Etéreo é o poder. Para Santo Agostinho existem duas realidades: uma temporária e outra eterna. Uma que trata do fato, outra da moral. Os que vivem em realidade amoral deviam reler Dom Helder Câmara: “Eles pensam que o povo não pensa. Mas o povo pensa”.  E como pensa!

No livro Novas Utopias (Carlos Pereira - Luminus,2007), o autor reflexiona sobre Dom Helder e, em dado momento, expõe o pensamento do pastor sobre as verdades inadiáveis: “não é fácil admitir um erro, muito difícil, porém, é sair dele depois que se sustenta, de toda forma, uma mentira ou engano.”

Diante de tamanha tragédia, essa máxima precisa ser afrontada. Será preciso coragem moral para que os mandatários admitam mentiras e enganos. Talvez isso os salve no juízo final! 

Na quinta-feira (29.abr.21) ultrapassamos a mórbida marca de 400.000 mortes provocadas pela COVID-19. Ressalte-se, com a pandemia ainda fogosa suficiente para novos recordes. 

Continuamos tratando o tsunami sanitário como um show mambembe, com falácias improvisadas e artistas despreparados. Evito de propósito apontar o dedo em casos concretos. O leitor tem seus exemplos pessoais e saberá identificá-los.

Alguns gestores querem transformar o sacrifico imposto à população em palanque eleitoral, sem medir se a cota do rio de perdas já ultrapassou o limite de segurança social. O povo pensa, viu...

A propósito, na CPI da COVID-19 instaurada na semana passada pelo Senado Federal para avaliar o combate à pandemia, não há santos, há pecadores capitais. Em ambos os lados.

Cuidem-se, vacinem-se e protejam-se, afinal, nós queremos viver e chegar aos 100 anos.

Pelas vítimas ceifadas na pandemia, um minuto de silencio!

Paz e Bem! 

Otávio Santana do Rêgo Barros 

General de Divisão do Exército Brasileiro

sexta-feira, 7 de maio de 2021

4º GAC L Mth realiza acampamento do NPOR


No período de 26 a 30 de abril, o 4º Grupo de Artilharia de Campanha Leve de Montanha (4º GAC L Mth), “Grupo Marquês de Barbacena”, realizou o Acampamento da Instrução Individual Básica (IIB) para os alunos do Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva (NPOR) e soldados incorporados no corrente no ano.


O exercício teve como objetivos coroar a formação do Combatente Básico ao avaliar a conquista dos objetivos individuais da instrução e atuar na área afetiva. Por meio de instruções práticas, os alunos e soldados puderam empregar o conhecimento adquirido, passando pelas oficinas de pista de cordas, transposição de curso d’água, progressão diurna e noturna, fortificação, camuflagem, tiro de ação rápida, orientação diurna e noturna, mensageiro, higiene e primeiros socorros (HPPS), bivaque e silenciamento de sentinela. No decorrer das instruções, foram desenvolvidos conteúdos atitudinais como: autoconfiança, cooperação, coragem, disciplina, entusiasmo profissional, equilíbrio emocional, iniciativa, rusticidade e resistência.



Encerrando o exercício, os militares executaram uma marcha de 12 km e em seguida participaram da formatura em que receberam a boina cinza, símbolo da Brigada de Montanha, materializando a conclusão do Período Básico da formação militar.



Fotos e fonte: Comunicação Social da Brigada de Montanha

segunda-feira, 3 de maio de 2021

NÃO CLIQUE ACEITAR - POR OTÁVIO SANTANA DO RÊGO BARROS

 


Informação é poder. Compreender esse aforismo e aplicá-lo nas diversas situações da vida reforça a influência do indivíduo e, como consequência, lhe abre possibilidades de aquisição de mais poder. Um círculo virtuoso: “Poder – Conhecimento – Poder.”

Na Segunda Guerra Mundial, as agências de inteligência da Alemanha criaram um sistema de criptografia que, em condições normais para a época, era quase inexpugnável. Os aliados – sob a coordenação do matemático inglês Alan Turing – reuniram suas melhores inteligências para vencer o desafio de desvendá-lo.

O ENIGMA – codinome da máquina nazista –, após anos, foi quebrado em 1943 e o acesso ao seu código constituiu-se em um dos mais importantes fatores para a vitória aliada.

Se desejarem aprofundar esse tema tão interessante, recomendo o livro Enigma (BIBLIEX, 1978), de Frederick WilliamWinterbotham.

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Desde então, máquinas ultrassofisticadas são idealizadas em mentes brilhantes, desenhadas em pranchetas digitais do AutoCAD®️, construídas em laboratórios secretos e postas em operação para o resguardo de dados a proteger.Entre profissionais da inteligência não se imagina o trânsito de mensagens sensíveis sem a devida proteção ao conteúdo e aos interlocutores.

Infelizmente, ainda viceja no ambiente de poder (governamental, empresarial, científico etc.) amadorismo no trato de informações sigilosas, sejam elas pessoais ou institucionais.

Esta semana tivemos um exemplo gritante de como não se deve manusear conhecimentos que tragam debilidade à estrutura de poder.

Foi a divulgação de uma lista com 23 itens de assuntos que preocupam o governo na sua defesa diante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID-19. Um caso clássico, a ser estudado à luz de lucerna, sobre falta de cuidado no trato de temas delicados. Erro Crasso!

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Não há, na verdade, grandes novidades no documento vazado (fica, entretanto, uma interrogação para a contra-inteligência do governo: como, quando, por que, por quem e com que finalidade). O seu conhecimento facilitará as ações investigativas por parte dos senadores integrantes do colegiado, particularmente os opositores ao governo.

A preocupação com proteção de dados nunca foi um assunto de mesa de bar em nossa sociedade, de espírito bonachão e despreocupada com o futuro do país. Tampouco a sua efetiva aplicação.

Clicamos no primeiro “aceito” que aparecer na tela, com preguiça de ler os termos de condições de uso em inúmeros aplicativos. Usamos os programas de mensagens instantâneas dos smartphones, achando que estamos protegidos em nossa intimidade. Enviamos e-mails confidenciais em contas públicas (recordem-se da senadora Hillary Clinton que precisou justificar-se por ter enviado mensagens oficiais, valendo-se de um aparelho BlackBerry não criptografado). Falamos ao celular com estardalhaço e muita parolice todo tipo de assunto.

Como profissional de uma área na qual a informação correta, na hora certa, da fonte certa poupa vidas dos meus compatriotas, fico amolado com o nível elementar de utilização de ferramentas protetivas por gestores de alto nível e com as atitudes equivocadas na abordagem com assuntos confidenciais.

A CPI, fato de momento, vai gerar fricção em âmbito político. Que assim o seja. Discutir a pandemia é inquestionável.

Mas, quando se tratar de defesa da soberania nacional (leilão 5G, acordos de comércio, acordos tecnológicos, venda de estatais, planos militares …) e da construção do futuro seguro de paz e prosperidade para o país, não se pode hesitar. Acione-se a sirena de alerta e reconstrua-se o escudo de proteção!

Paz e Bem!

Otávio Santana do Rêgo Barros

General de Divisão do Exército

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Bem vindos ao Instagram Oficial do 4º Grupo de Artilharia de Campanha Leve de Montanha. 

Para frente e para o alto 

ARTILHARIA, MONTANHA!