sábado, 27 de maio de 2023

BRIGADA DE MONTANHA - DIA DA VITÓRIA


Juiz de Fora (MG) – No dia 26 de maio, foi realizada, no Comando da 4ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha, a formatura alusiva ao Dia da Vitória e ao Dia Nacional do Ex-combatente.

Conduzida pelo General de Brigada Júlio César Belaguarda Nagy de Oliveira, Comandante da 4ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha, a solenidade contou com a presença de autoridades civis e militares de Juiz de Fora e foi abrilhantada pela participação do Cap Nelson de Paula Reis, hoje com 101 anos de idade, que integrou a Força Expedicionária Brasileira.

O evento teve por finalidade reverenciar a memória e os feitos heróicos dos que lutaram e venceram, em 8 de maio de 1945, os que defendiam ideais de totalitarismo e tirania.

A democracia venceu!

Felizes os povos que cultuam seus heróis!

NOSSO GRITO DE GUERRA É MONTANHA!

Fonte: Com Soc 4ª Bda Inf L Mth

O véu da intolerância foi resgado - Por Otávio Santana do Rêgo Barros

 


sexta-feira, 26 de maio de 2023

Já estamos em guerra - Por Otávio Santana do Rêgo Barros

 


"Os fortes exercem o poder, os fracos se submetem." (Tucídides)


Em 1999, o Exército Popular da China compilou diversos estudos sobre técnicas de fazer a guerra do futuro, publicando-os no livro A GUERRA ALÉM DOS LIMITES, antecipando-se ao ambiente de conflito que observamos no mundo moderno.

Os autores, coronéis Qiao Liang e Wang Xiangsui, tomaram como referência a Guerra do Golfo, acontecida em 1991. Reconheciam-na desbalanceada no poder de combate, mas, independentemente dos resultados, seus reflexos mudariam a natureza da guerra contemporânea.

Em 2010, o professor americano Richard Clark publicou o livro CYBER WAR, no qual descreve as possibilidades de uma nova forma de guerra, baseada nas tecnologias da internet. Tratou sobre sistemas, alcances, desafios e oportunidades do emprego de ações militares no espectro cibernético.

Inaugurou-se um novo princípio para as guerras que permite a utilização de todos os meios, militares e não-militares, letais e não-letais, para compelir um inimigo a submeter-se aos interesses do adversário.

É da natureza humana, a guerra nunca deixará de existir. Doravante, irá permear a sociedade humana, de uma forma mais complexa, mais penetrante, encoberta e sutil. 

Tudo é guerra, nada é guerra.

O inimigo tornou-se invisível e confunde-se no tumulto das massas impactadas pelo embate e no choque de civilizações. 

As armas mais sofisticadas são operadas de grandes centros de comando ou até de minúsculas salas enfumaçadas em porões imundos.

A inteligência artificial ganha espaço nas decisões sobre a batalha. 

Os drones poupam vidas amigas e ceifam inimigas.

Satélites oferecem imagens de altíssima resolução para auxiliar na linha de ação. 

Um simples smartphone pode se tornar arma de guerra para difusão de narrativas.

Os combates à baioneta ficaram para as telas de cinema. 

Assim, as fronteiras tornaram-se permeáveis e devassadas. O sentido de proteção da soberania de um país precisará ser reajustado para fugir do estereótipo tridimensional. A ambiência do conflito será multidimensional.

A guerra nuclear, como instrumento de pressão, há tempos foi reavaliada. Não por acreditar-se na impossibilidade de seu emprego, ele existe sempre - na guerra da Ucrânia, vez por outra a Rússia sinaliza a possibilidade de seu emprego tático.

Entretanto, os últimos conflitos mostram que mais eficaz que uma destruição incontrolada pelas ogivas atômicas, assume protagonismo a guerra informacional, híbrida, cognitiva e “entre o povo”.

Diante deste cenário, algumas pessoas começaram a aceitar e regozijar-se com a redução do uso da força militar para resolução de conflitos. 

Tolos, a guerra persistirá sob outro formato, em outro cenário, sob regras que não protegerão os menos poderosos. 

A esses recomendo a leitura do diálogo meliano, na guerra do Peloponeso, histórico debate no qual enviados gregos deixaram claro aos melianos que possuíam armada e falange mais poderosas e por isso a discussão era mera retórica.

No mundo vulnerável, incerto, complexo e ambíguo (VUCA), a soberania estatal passa a ser relativa. 

Porquanto, será imperativo ressignificar os conceitos de segurança e defesa, deixando de observá-los apenas do ponto de vista físico, para adentrar-se no eletromagnético, espacial e cibernético.

O Brasil, por suas imensas potencialidades, é alvo constante de cobiça difusa. Deixar a porteira de nosso território aberta, sem guardas habilitados a defendê-la, seria irresponsabilidade criminosa das lideranças políticas. 

Todavia, há néscios que, a título midiático, ideológico e reacionário, propõem soluções simplórias, como cortar orçamento, alterar missões e inviabilizar projetos, olvidando o efetivo papel das Forças Armadas e suas demandas para cumpri-los.

Ao finalizar, transcrevo pensamento do General Golbery do Couto e Silva, emitido em 1952 e publicado na obra CARACTERÍSTICAS GEOPOLÍTICAS DO BRASIL: “Vivemos dias de transmutação radical e repentina de todos os valores e conceitos tradicionais. A vida vegetativa e relacional das sociedades, dos povos e dos estados, [...] se desarticula toda e desmorona ao embate incessante de novas forças incontroláveis”.

Nada mais atual. Olhe para o lado, caro leitor, o inimigo pode estar a prescrutá-lo. Já estamos em guerra.



*General de Divisão da Reserva