“Confiar, delegar e presumir a boa fé” são princípios de comando e liderança com os quais tive contato ao ouvi-los defendidos por um antigo e considerado chefe militar.
Identifiquei-me com eles, apropriando-me com entusiasmo para aplicá-los no Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEX), ao longo de cinco anos, última organização militar que comandei em minha carreira.
Esses princípios se encaixam com perfeição aos pilares mestres da carreira militar. Ajudam a fortalecer os homens e as mulheres das armas na dedicação integral ao sacerdócio de oferecer a vida em servidão à sociedade da qual são pinçados por vocação.
A confiança, em dupla mão, se caracteriza pela segurança de que as decisões de ordem institucional e pessoal terão como alicerce análises amparadas em estudos acadêmicos e militares, discussões serenas, discordância leal e disciplina intelectual, quando proferida a decisão.
O delegar, como apêndice da confiança, se apresenta na medida em que uma formação cultural semelhante, com experiências semelhantes, em geral indica decisões similares. Sejam elas promovidas pelo chefe, sejam pelos subordinados.
Desafoga o topo da cadeia de comando, ao permitir escalonar as ações em níveis de responsabilidade, evitando a antiquada centralização do poder. Fragilidade emocional que não se admite em tempos modernos.
O presumir a boa fé aparece no relacionamento do superior para com o subordinado quase sem percebermos. Intui-se, por meio dele, a certeza de que os atos e omissões presentes no processo de planejar, decidir e executar foram realizados com total apreço aos princípios mais caros da lealdade, hierarquia e disciplina.
Acrescentei a esse pensamento, herdado do velho general, o conceito: aceitar o erro! Pois, como dito por Benjamin Disraeli, “não há aprendizagem como a que dá a adversidade.”
Assumindo que a ocorrência do erro não se produziu em afronta àqueles princípios iniciais, mas por transparente e liberta intenção de concorrer para o acerto e conquista do objetivo proposto.
Não obstante, é pressuposto inarredável qualificar os agentes por seu amadurecimento na vida pessoal e profissional, ademais de sua condição hierárquica nas engrenagens da instituição.
Quanto mais engelhado pelas pelejas da vida castrense, mais o profissional das armas incorpora a responsabilidade institucional às suas decisões. Afinal, “a capacidade de aceitar responsabilidades indica a medida de um homem” (Roy L. Smith).
Essas decisões trazem, ao seu costado, o princípio bíblico do livre arbítrio que, a meu julgamento e em tradução rasa, significa escolher suas ações em função de sua vontade, assumindo a responsabilidade por essas deliberações.
Revela-se, portanto, a importância da autoconsciência do militar para ponderar sobriamente o seu encargo funcional e a energia que a sua ação provocou, para o bem ou para o mal, com reflexos na organização que lhe exige respeito, fidelidade e obediência.
Porquanto as instituições militares sofram a ação saudável ou eventualmente depreciativa de seus integrantes, elas serão tanto mais firmes e coesas quanto mais incorporem as boas práticas de gestão e reforcem os seus atributos motivacionais basilares juntos aos seus obreiros incansáveis: os soldados em sua grandeza militar!
Que assim seja!
Paz e bem!
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