segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Empatia, vamos ao dicionário - Por Otávio Santana do Rêgo Barros


“Nolite te bastardes carborundorum” 

Na página 740 do prestigiado Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa aparece essa palavrinha: Empatia [...] capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de aprender do modo como ela aprende etc.

Relutei muito até decidir tratar desse assunto, por acreditar que características inatas ao ser humano - ser ou não ser - somente com muito trabalho se podem modificar.

Empatia é uma delas.

Como alguém se identifica com outras pessoas? Segundo Houaiss é uma das características da empatia.

Pelo olhar, pela conversa que revela uma história de vida, por sentir a alegria ou o sofrimento que invadem as pessoas. 

De tantas maneiras.

Vivemos o maior desassossego espiritual que me recordo nos últimos anos, enquanto somos empurrados ao fosso dos agoniados no corredor da morte por comportamento nefastos de parte de nossos gestores políticos.

Não deixe que os bastardos enganem vocês. É uma tradução livre da citação ao início do texto que tomei da obra O CONTO DA AIA, de Margaret Atwood. Mencionando Miguel de Cervantes: “rir sem causa grave denuncia sandice”. Há muitos bastardos rindo sem causa grave e devemos perguntar, de que? 

Não tem sido uma semana fácil na luta contra a Covid-19. Atingimos, sim somos todos nós com nossas responsabilidades e atitudes, a dolorosa marca de cento e oitenta mil vidas ceifadas pela pandemia. Seis milhões e oitocentos mil casos de infectados.

Amigos que se foram. Amigos ainda entubados. Amigos ainda lutando em hospitais. Amigos ainda em quarentena. Amigos ...

Minha dor é igualzinha à dor de outras famílias. Aquelas afetadas ou aquelas que ainda virão a ser. O cerco está se fechando. Não permita o que não é costumeiro se tornar, pela repetição, trajeiro.

Não é mais admissível tanta desorganização e amadorismo para encontrar-se um meio de humanizar mitigar esse flagelo da pandemia. Diminutivos não vencerão o vírus!

Basta!

Cabe ao governo federal se pôr em marcha para o combate, já que o inimigo ainda nos levará muitas vidas. 

Cabe ao governo federal comprar qualquer vacina que seja segura e eficaz. 

Cabe ao governo federal adequada a logística desta complexa operação de vacinação. 

Cabe ao governo federal promover uma campanha de informação profissional. 

O governo federal é o único responsável por este chafurdeiro? NÃO, em letras garrafais.

Cabe aos governos estaduais aceitarem a liderança do ministério da saúde, com acertos e erros, para juntos enfrentarem o problema que é de todos. 

Cabe aos governos estaduais entenderem que a nossa federação tem toques latinos e o poder central é quem dita fortemente uma agenda. 

Cabe aos governos estaduais evitarem competir entre si ou mesmo com o governo federal pela primazia de oferecer por primeiro o maná da vacina.

Os governos estaduais são os responsáveis ​​pelo chafurdeiro? NÃO, em letras garrafais.

De quem então é uma responsabilidade? De todos NÓS, em letras garrafais. 

Senhores governantes parem de se digladiar. Mantenham o foco. Se houver um vencedor neste embate egoísta, ele terá uma vitória de Pirro. Os custos em vida e em recursos financeiros serão exorbitantes, inviabilizando enfrentar em curto prazo os reflexos desta maldita pandemia: o caos econômico, social e político.

Fica claro, até aos mais parvos, que essa fricção entre diversas lideranças políticas são preparações para futuros embates eleitorais. A população, e daí? Fica o alerta! A persistir a intolerância e o egoísmo, nós temos o poder do voto. 

Paz e bem!

Otávio Santana do Rêgo Barros

General da reserva do Exército e ex-porta-voz da Presidência da República


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