O STF e o TCU humilharam o advogado pré-demitido de Dilma Rousseff, Luís Inácio Adams, na tarde desta quarta-feira.
Primeiro, o ministro Luiz Fux, do Supremo, indeferiu o pedido do governo para que suspendesse o julgamento das contas de 2014, com a seguinte alegação:
“Não verifico a presença de requisitos autorizadores da concessão do pleito cautelar, em particular não vislumbro plausibilidade da tese jurídica articulada na inicial.”
O ministro Raimundo Carreiro, do TCU, tampouco vislumbrou plausibilidade da tese de Adams sobre a suposta antecipação do voto de Augusto Nardes, relator do caso no tribunal.
Carreiro defendeu que não havia motivo de afastamento porque Nardes não manifestou a sua opinião, mas sim a dos auditores de contas que têm absoluta autonomia para emitir seu parecer técnico.
Para acusar Nardes de falta de imparcialidade, Adams chegou ao cúmulo de “argumentar” que o relator recebeu um grupo pró-impeachment em seu gabinete, ao que Carreiro teve de lembrá-lo que o colega também recebeu ministros do governo. Dããã.
Quanto à reclamação de que Nardes defendeu – imagine! – a celeridade do processo, Carreiro disse nunca ter ouvido isso: alguém reclamar de que o órgão quisesse cumprir a sua função.
Mais patético ainda: Carreiro mostrou que Adams nem sequer leu a própria representação, na qual incluiu matérias jornalísticas que nada tinham a ver com o TCU nem com Nardes.
Sabe aquele pessoal da escola que engrossa o trabalho de grupo com páginas ‘nada a ver’, achando que o professor nem vai ler? Então. Luís Inácio Adams.
(Em seu pronunciamento, o advogado de Dilma minimizaria a tentativa escolar de engrossar a defesa, dizendo: “Pode ter tido um errinho de colocar nesse documento algum texto indevido”. Patético.)
Após Carreiro demolir um por um os supostos argumentos do governo, o plenário rejeitou então por unanimidade os dois processos de suspeição de Nardes, que logo entrou aplaudido.
Mas o grande momento anterior ao julgamento das contas foi o aparte do ministro André Luiz de Carvalho sobre a coletiva convocada no domingo pelos três patetas de Dilma: Adams, Nelson Barbosa e José Eduardo Cardozo.
Ele lembrou que o artigo 12 do código de conduta da alta administração pública veda à autoridade opinar publicamente a respeito “da honorabilidade e do desempenho funcional de outra autoridade pública federal”.
Carvalho disse nunca ter visto três ministros de Estado atacando assim a conduta de colegas do STF, do STJ, do TRF ou do TCU, como foi o caso, e pediu providências para a avaliação de infração funcional.
Foi aplaudido – e eu ainda quero o vídeo do discurso para dar replay, câmera lenta, turn down for what e tudo mais.
Com o jeito afetado e teatral de quem sabe que não tem razão, Adams disse que nunca atacou – imagine! – a honorabilidade dos ministros; e depois esboçou sua defesa das manobras contábeis do governo:
“É artificioso, perdoem a palavra, achar que isso se trata de violação da Lei de Responsabilidade. Não se trata. Não se trata.” Só faltou bater o pezinho.
Maior ‘politizador’ do debate (até mesmo por incapacidade argumentativa), Adams ainda acusou os outros daquilo que fez o tempo todo; deu chilique sobre a possibilidade de cassação do mandato de Dilma; e terminou seu pronunciamento vaiado.
Em seguida, a serenidade de Nardes em seus esclarecimentos técnicos formou o contraste perfeito com o histrionismo de Adams em seus faniquitos políticos.
Humilhado, devia ter cavado um buraco e fugido.
Felipe Moura Brasil ⎯ http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário