Filipe MatosoDo G1, em Brasília
Aldo Rebelo e Jaques Wagner participam de cerimônia de transmissão de cargo do Ministério da Defesa (Foto: Filipe Matoso/G1)
O novo ministro da Defesa, Aldo Rebelo (PC do B), recebeu nesta quinta-feira (8) o cargo das mãos da Jaques Wagner e, em cerimônia no Clube Naval, em Brasília, citou a “crise de valores” que atinge o país e pediu respeito à disciplina e a hierarquia.
Este é o quarto ministério que o comunista comandará nos governos Lula e Dilma. Até a semana passada, ele chefiou a pasta da Ciência e Tecnologia, mas, diante do anúncio da reforma ministerial, foi deslocado para a Defesa – o então ministro Jaques Wagner assumiu o comando da Casa Civil no lugar de Aloizio Mercadante, que foi para o Ministério da Educação.
“O Brasil e o mundo se deparam hoje, e todos nós percebemos isso, com uma crise de valores, a exacerbação do individualismo da sociedade de consumo e o desconhecimento da autoridade, da disciplina e da hierarquia”, disse o ministro.
“Quando o mundo marcha em extremismos de individualismo, a sociedade precisa procurar e recuperar os valores mais profundos da sua construção. Não se constrói uma sociedade sem disciplina, hierarquia, sem solidariedade e sem o espírito de camaradagem, comum nas instituições militares”, acrescentou Aldo nesta quinta.
Enquanto o ministro discursava, um dos oficiais presentes no evento, responsável por portar uma bandeira, passou mal e precisou ser retirado por funcionários do cerimonial.
Em um dos trechos de seu discurso, Aldo afirmou aos comandantes e representantes das Forças Armadas que Marinha, Exército e Aeronáutica precisam responder aos “desafios geopolíticos” e, ao defender a hierarquia e a disciplina, disse que isso não pode significar a “negação” da democracia.
“A sociedade precisa de coesão, disciplina e hierarquia. Precisa ser forte, sem que isso signifique a negação da democracia, das disputas naturais entre os partidos, entre grupos políticos. Essas disputas não podem sufocar o interesse nacional”, declarou.
Ao dirigir-se aos presentes, o novo ministro da Defesa disse que as Forças Armadas precisam preservar os valores democráticos e, sem mencionar a crise política enfrentada pelo governo – com setores da oposição defendendo o impeachment da presidente Dilma Rousseff –, pediu às Forças Armadas a “preservação das instituições”.
“O que nós precisamos é que o Brasil tenha Forças Armadas que tenham esses valores [democráticos], mas é necessário que as Forças Armadas pertençam ao país e também preservem esses valores nas demais instituições. Este é o nosso desafio”, completou.
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Relação civil-militar
Ao entregar o cargo para Aldo Rebelo, Jaques Wagner ressaltou que em todas as grandes democracias do mundo a política de defesa é executada por civis e militares “de maneira conjunta”. A uma plateia formada em sua maioria por militares, o novo chefe da Casa Civil disse que o Ministério da Defesa tem passado por “progressivas etapas de amadurecimento”.
Ao entregar o cargo para Aldo Rebelo, Jaques Wagner ressaltou que em todas as grandes democracias do mundo a política de defesa é executada por civis e militares “de maneira conjunta”. A uma plateia formada em sua maioria por militares, o novo chefe da Casa Civil disse que o Ministério da Defesa tem passado por “progressivas etapas de amadurecimento”.
“Estou certo que a síntese do relacionamento civil-militar trata progressivamente de contribuições, cada vez melhores, para o Brasil e a modernização normativa do ministério guarda a maior interface com os mecanismos da democracia participativa em nosso país”, afirmou.
Wagner iniciou seu discurso afirmando que deixa a pasta com a sensação de “serviço não completo”. Ele enfatizou que o momento “não é efetivamente de alegria” e que “todos” sabiam do desejo dele de assumir o ministério por “entender a importância da pasta para o desenvolvimento do país”.
“Mas deixo o Ministério da Defesa como um bom soldado, daqueles que não se negam a cumprir uma missão”, acrescentou, ao falar sobre sua ida para o núcleo palaciano do governo.
“[Ir para a Casa Civil] trata-se de uma missão importante em meio ao delicado momento que nosso país precisa superar rapidamente para retomar o crescimento econômico e para que as condições de governabilidade se restabeleçam por meio da articulação política. Não será uma missão fácil, mas sempre acreditei no poder do diálogo como único caminho capaz de beneficiar o Brasil”, concluiu.
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