18 de Maio de 2014 - 06:00
Além dos danos nos equipamentos, população reclama de falta de orientação para uso correto que traga benefícios
Por CÍNTIA CHARLENE
Mato alto no entorno, equipamentos
enferrujados, danificados e sem manutenção. Esta é a realidade de
algumas das academias de ginástica ao ar livre instaladas pela cidade.
Além disso, a população reclama que não utiliza os aparelhos por falta
de uma política de orientação. O que era para servir como estímulo à
promoção da saúde acaba, em alguns casos, oferecendo riscos. Alguns dos
dispositivos parecem nunca ter passado por serviços de conservação.
As estruturas fazem parte de um projeto lançado em junho de 2012, na administração anterior, contemplando sete lugares às margens do Rio Paraibuna na Avenida Brasil, além de pontos nos bairros Bom Pastor e Santa Luzia, na Zona Sul, e Monte Castelo, na Zona Norte. Na época, foram investidos R$ 230 mil no programa, incluindo aquisição e instalação do material. Na atual gestão, também foram contemplados os bairros Benfica, na Zona Norte, Filgueiras, na Zona Nordeste, e Nossa Senhora Aparecida, na Leste, além de mais um ponto às margens do rio próximo ao Bairro de Lourdes.
No início, profissionais de educação física foram destinados a orientar a comunidade sobre o uso correto. No entanto, segundo relato dos frequentadores, a ação não teve continuidade. Além disso, não existe instrução afixada nos aparelhos, somente um selo com o nome do equipamento e os músculos trabalhados.
A Tribuna percorreu dez dos 13 pontos das academias ao ar livre. A situação que mais chama atenção é a da instalada às margens do Rio Paraibuna, em frente ao Terminal Rodoviário Miguel Mansur, na Zona Norte. Dos quatro equipamentos, dois destinados à prática de abdominais estão com as grades danificadas e enferrujadas. O mato cresce em meio às estruturas. Dos dois bancos existentes, um foi alvo de vandalismo. Um militar aposentado, 63 anos, que prefere não se identificar, lamenta. "Devido à falta de manutenção, tive que parar de usar os aparelhos, assim como outras pessoas. Tinha gente que estava trazendo papelão para tampar o buraco e fazer abdominal. A situação é lamentável."
Ferrugem
Às margens do rio, próximo ao Bairro Industrial, na Zona Norte, a situação não é muito diferente. O aparelho de abdominal também não pode ser usado. É possível notar a ferrugem em todas as estruturas. Um dos bancos também foi alvo de vandalismo. Ainda próximo ao leito do Paraibuna, em frente ao Parque de Exposições, na Zona Norte, o cenário se repete. Um dos bancos está com a lateral quebrada e as vigas de aço expostas.
A costureira Edilene Xavier de Amorim, 45 anos, prefere caminhar pela região a usar os equipamentos. "Tem muito mato, e não quero ficar perto, tenho medo de pegar alguma coisa devido à presença das capivaras."
Outra estrutura que requer manutenção está localizada próximo à ponte de Santa Terezinha, região Nordeste. Dos quatro aparelhos, em dois é possível notar o avanço da ferrugem que já compromete o uso. O mato batido e não recolhido, juntamente com a sujeira, pode ser visto debaixo de algumas estruturas. "Faço caminhada e uso o espaço para fazer alongamento. Quando estraga, demoram para arrumar", afirma o comerciante Márcio Angelo de Assis, 50.
A professora de educação física Rogéria Patrícia Francischini de Assis, 40, ainda acrescenta: "Essa academia é uma promoção à saúde, o que implicaria em menos gastos com remédios. Deveria ter um investimento maior na prevenção. Se tivesse mais opções de aparelhos que pudessem trabalhar vários grupos musculares seria um incentivo maior para as pessoas usarem."
Ainda na Avenida Brasil, próximo à sede do Corpo de Bombeiros, existe outro espaço destinado à prática de atividades. Apesar da presença de ferrugem, chama a atenção o banco que está com parte da lateral quebrada. O vigia Fernando Morais, 49, frequenta a área todos os dias. "Os parafusos de um dos equipamentos precisam ser apertados." Já próximo ao Bairro de Lourdes, na região Sudeste, a academia tem bom estado de conservação geral se comparada às demais.
A escriturária Regina Peixoto, 50, ainda acrescenta: "A academia, além de fazer a diferença na saúde das pessoas, ajuda a ocupar nosso lugar na praça, o que acaba inibindo a ação de vândalos." A assessoria da Empav informou que um funcionário vai até o local fazer a vistoria e providenciar os reparos. Sobre o piso, não existe a previsão para troca.
Na Praça Francisco Assis Lopes, no Monte Castelo, na Zona Norte, a academia tem como maior problema a falta de manutenção dos aparelhos. Um deles não pode ser utilizado, já que os parafusos precisam ser apertados. A dona de casa Aparecida do Carmo de Almeida Silva, 55 anos, também questiona a falta de instruções sobre o funcionamento. "Algumas pessoas deixam de aproveitar o espaço por não saberem usar os aparelhos. É fundamental ter algum tipo de instrução." Também há problemas com o mato no local. Neste caso, a assessoria da Empav informou que a capina e limpeza da área estão na programação da pasta para esta semana.
No Bairro Santa Luzia, Zona Sul, na Praça Padre Geraldo Felzers, um dos aparelhos que já foi consertado necessita novamente de reparos. "A estrutura é boa, e a comunidade usa. Mas quando quebra, a Prefeitura demora muito tempo para arrumar", afirma a zeladora Conceição Aparecida Batista Furtado, 45.
Para o professor de educação física e preparador físico Gilbert Santos, a oferta dos equipamentos é só uma das partes de um processo voltado para a prática de atividade física. "A intenção do projeto é boa, mas, se formos analisar o processo inteiro, ele é maior. Tinha que se pensar em envolver na estrutura uma equipe com médicos, fisioterapeutas e profissionais de educação física."
O ortopedista Elmano Loures afirma que a prática de atividade física sem orientação de um especialista pode trazer danos à saúde. "Qualquer pessoa que vai iniciar um programa de exercícios deve ser avaliada pelo médico, um ortopedista ou profissional ligado à área de medicina esportiva, e depois por um educador físico, além de passar também por uma avaliação do cardiologista. A partir daí, o paciente vai aprender a selecionar os exercício e a fazer corretamente." Ele ainda completa: "O exercício malfeito pode levar não só a lesões novas, mas ao agravamento de problemas já existentes."
Uso equivocado
O preparador físico Gilbert Santos observa que os equipamentos têm sido usados para recreação. "O que vejo é a população utilizando estes meios mais para o lazer. Geralmente as pessoas não sabem como utilizar, qual a intensidade dos exercícios, a duração, o intervalo entre os sets. E a proposta não é essa. A gente sabe muito bem que, para que se tenha benefícios duradouros com os exercícios e para que os cofres públicos possam sentir este impacto na economia de pessoas encostadas por problemas de saúde, é preciso a prática de exercícios de forma orientada, controlada e sistematizada."
Providências
Sobre a demanda envolvendo os bancos danificados ou depredados, a assessoria da Secretaria de Obras informou que um engenheiro vai aos locais nos próximos dias verificar a situação e providenciar os reparos. Por meio de nota, a Secretaria de Esporte e Lazer informou que está realizando, desde o início da última semana, um levantamento sobre a situação de cada uma das 13 academias ao ar livre. A expectativa é que o relatório seja finalizado no início desta semana, quando será encaminhado para a Secretaria de Governo. O órgão vai designar qual setor da Prefeitura será responsável pela intervenção em cada um dos espaços, de acordo com as necessidades levantadas no relatório, que também determinará a necessidade das placas indicativas contendo informações de uso e horário de atendimento dos professores.
Ainda segundo a nota, a pasta "coloca à disposição da população professores em diversas academias, inclusive complementando atividades dos núcleos de caminhada do programa 'JF esporte e cidadania'. A expectativa é que, no segundo semestre, sejam disponibilizados mais professores para atender à crescente demanda das academias". As pessoas que quiserem consultar os horários e onde os profissionais atuam ou ainda informar algum tipo de problema podem procurar a secretaria, localizada na Avenida Rui Barbosa 530 ou entrar em contato pelo telefone 3690-7853.
http://www.tribunademinas.com.br/cidade/falta-de-manutenc-o-prejudica-uso-de-academia-ao-ar-1.1458515
As estruturas fazem parte de um projeto lançado em junho de 2012, na administração anterior, contemplando sete lugares às margens do Rio Paraibuna na Avenida Brasil, além de pontos nos bairros Bom Pastor e Santa Luzia, na Zona Sul, e Monte Castelo, na Zona Norte. Na época, foram investidos R$ 230 mil no programa, incluindo aquisição e instalação do material. Na atual gestão, também foram contemplados os bairros Benfica, na Zona Norte, Filgueiras, na Zona Nordeste, e Nossa Senhora Aparecida, na Leste, além de mais um ponto às margens do rio próximo ao Bairro de Lourdes.
No início, profissionais de educação física foram destinados a orientar a comunidade sobre o uso correto. No entanto, segundo relato dos frequentadores, a ação não teve continuidade. Além disso, não existe instrução afixada nos aparelhos, somente um selo com o nome do equipamento e os músculos trabalhados.
A Tribuna percorreu dez dos 13 pontos das academias ao ar livre. A situação que mais chama atenção é a da instalada às margens do Rio Paraibuna, em frente ao Terminal Rodoviário Miguel Mansur, na Zona Norte. Dos quatro equipamentos, dois destinados à prática de abdominais estão com as grades danificadas e enferrujadas. O mato cresce em meio às estruturas. Dos dois bancos existentes, um foi alvo de vandalismo. Um militar aposentado, 63 anos, que prefere não se identificar, lamenta. "Devido à falta de manutenção, tive que parar de usar os aparelhos, assim como outras pessoas. Tinha gente que estava trazendo papelão para tampar o buraco e fazer abdominal. A situação é lamentável."
Ferrugem
Às margens do rio, próximo ao Bairro Industrial, na Zona Norte, a situação não é muito diferente. O aparelho de abdominal também não pode ser usado. É possível notar a ferrugem em todas as estruturas. Um dos bancos também foi alvo de vandalismo. Ainda próximo ao leito do Paraibuna, em frente ao Parque de Exposições, na Zona Norte, o cenário se repete. Um dos bancos está com a lateral quebrada e as vigas de aço expostas.
A costureira Edilene Xavier de Amorim, 45 anos, prefere caminhar pela região a usar os equipamentos. "Tem muito mato, e não quero ficar perto, tenho medo de pegar alguma coisa devido à presença das capivaras."
Outra estrutura que requer manutenção está localizada próximo à ponte de Santa Terezinha, região Nordeste. Dos quatro aparelhos, em dois é possível notar o avanço da ferrugem que já compromete o uso. O mato batido e não recolhido, juntamente com a sujeira, pode ser visto debaixo de algumas estruturas. "Faço caminhada e uso o espaço para fazer alongamento. Quando estraga, demoram para arrumar", afirma o comerciante Márcio Angelo de Assis, 50.
A professora de educação física Rogéria Patrícia Francischini de Assis, 40, ainda acrescenta: "Essa academia é uma promoção à saúde, o que implicaria em menos gastos com remédios. Deveria ter um investimento maior na prevenção. Se tivesse mais opções de aparelhos que pudessem trabalhar vários grupos musculares seria um incentivo maior para as pessoas usarem."
Ainda na Avenida Brasil, próximo à sede do Corpo de Bombeiros, existe outro espaço destinado à prática de atividades. Apesar da presença de ferrugem, chama a atenção o banco que está com parte da lateral quebrada. O vigia Fernando Morais, 49, frequenta a área todos os dias. "Os parafusos de um dos equipamentos precisam ser apertados." Já próximo ao Bairro de Lourdes, na região Sudeste, a academia tem bom estado de conservação geral se comparada às demais.
Grande número de usuários em bairros
Em alguns bairros, as academias ao ar livre recebem grande número de usuários diariamente. É o caso da localizada na Praça Poeta Daltemar Cavalcanti Lima, no Bairro Bom Pastor, na Zona Sul, muito procurada por pessoas de todas as idades. O piso, que antes era de terra, agora é coberto por brita. Alguns equipamentos, porém, precisam de manutenção. "Pela quantidade de pessoas que utilizam a academia, acho que poderia ter mais aparelhos. O pedal está quebrado há alguns dias. Não sabemos como funciona. Se alguém reclama, aí a Prefeitura vem e arruma. Poderia ter um telefone que pudéssemos ligar", opina o aposentado Robson Fratheschi, 74.A escriturária Regina Peixoto, 50, ainda acrescenta: "A academia, além de fazer a diferença na saúde das pessoas, ajuda a ocupar nosso lugar na praça, o que acaba inibindo a ação de vândalos." A assessoria da Empav informou que um funcionário vai até o local fazer a vistoria e providenciar os reparos. Sobre o piso, não existe a previsão para troca.
Na Praça Francisco Assis Lopes, no Monte Castelo, na Zona Norte, a academia tem como maior problema a falta de manutenção dos aparelhos. Um deles não pode ser utilizado, já que os parafusos precisam ser apertados. A dona de casa Aparecida do Carmo de Almeida Silva, 55 anos, também questiona a falta de instruções sobre o funcionamento. "Algumas pessoas deixam de aproveitar o espaço por não saberem usar os aparelhos. É fundamental ter algum tipo de instrução." Também há problemas com o mato no local. Neste caso, a assessoria da Empav informou que a capina e limpeza da área estão na programação da pasta para esta semana.
No Bairro Santa Luzia, Zona Sul, na Praça Padre Geraldo Felzers, um dos aparelhos que já foi consertado necessita novamente de reparos. "A estrutura é boa, e a comunidade usa. Mas quando quebra, a Prefeitura demora muito tempo para arrumar", afirma a zeladora Conceição Aparecida Batista Furtado, 45.
Risco na prática sem auxílio profissional
Na Praça Godofredo Baziliço Botelho, no cruzamento da ponte da Rua Halfeld com Avenida Brasil, no Centro, a demanda para usar a academia é grande, mas há aparelhos que precisam passar por reparos. O aposentado Olevi Araújo Martins, 72, vem a pé do Bairro Santo Antônio, região Sudeste, todos os dias para utilizar a academia. "Gosto muito daqui, mas vejo muita depredação. Alguns equipamentos já foram quebrados." A professora Iraci Maia, 62, questiona a falta de orientação para realizar as atividades. "As pessoas fazem alguns exercícios de maneira errada, podendo prejudicar a saúde e danificar o aparelho. Aqui, um vai ensinando para o outro."Para o professor de educação física e preparador físico Gilbert Santos, a oferta dos equipamentos é só uma das partes de um processo voltado para a prática de atividade física. "A intenção do projeto é boa, mas, se formos analisar o processo inteiro, ele é maior. Tinha que se pensar em envolver na estrutura uma equipe com médicos, fisioterapeutas e profissionais de educação física."
O ortopedista Elmano Loures afirma que a prática de atividade física sem orientação de um especialista pode trazer danos à saúde. "Qualquer pessoa que vai iniciar um programa de exercícios deve ser avaliada pelo médico, um ortopedista ou profissional ligado à área de medicina esportiva, e depois por um educador físico, além de passar também por uma avaliação do cardiologista. A partir daí, o paciente vai aprender a selecionar os exercício e a fazer corretamente." Ele ainda completa: "O exercício malfeito pode levar não só a lesões novas, mas ao agravamento de problemas já existentes."
Uso equivocado
O preparador físico Gilbert Santos observa que os equipamentos têm sido usados para recreação. "O que vejo é a população utilizando estes meios mais para o lazer. Geralmente as pessoas não sabem como utilizar, qual a intensidade dos exercícios, a duração, o intervalo entre os sets. E a proposta não é essa. A gente sabe muito bem que, para que se tenha benefícios duradouros com os exercícios e para que os cofres públicos possam sentir este impacto na economia de pessoas encostadas por problemas de saúde, é preciso a prática de exercícios de forma orientada, controlada e sistematizada."
Providências
Sobre a demanda envolvendo os bancos danificados ou depredados, a assessoria da Secretaria de Obras informou que um engenheiro vai aos locais nos próximos dias verificar a situação e providenciar os reparos. Por meio de nota, a Secretaria de Esporte e Lazer informou que está realizando, desde o início da última semana, um levantamento sobre a situação de cada uma das 13 academias ao ar livre. A expectativa é que o relatório seja finalizado no início desta semana, quando será encaminhado para a Secretaria de Governo. O órgão vai designar qual setor da Prefeitura será responsável pela intervenção em cada um dos espaços, de acordo com as necessidades levantadas no relatório, que também determinará a necessidade das placas indicativas contendo informações de uso e horário de atendimento dos professores.
Ainda segundo a nota, a pasta "coloca à disposição da população professores em diversas academias, inclusive complementando atividades dos núcleos de caminhada do programa 'JF esporte e cidadania'. A expectativa é que, no segundo semestre, sejam disponibilizados mais professores para atender à crescente demanda das academias". As pessoas que quiserem consultar os horários e onde os profissionais atuam ou ainda informar algum tipo de problema podem procurar a secretaria, localizada na Avenida Rui Barbosa 530 ou entrar em contato pelo telefone 3690-7853.
http://www.tribunademinas.com.br/cidade/falta-de-manutenc-o-prejudica-uso-de-academia-ao-ar-1.1458515
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