DO RIO
O procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmitt, assistiu ao amistoso da seleção brasileira em Boston, contra Portugal, na última terça, com tudo pago pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Como procurador-geral, Schmitt é o responsável por denunciar clubes, atletas, juízes e até os cartolas da própria entidade.
No pacote, o advogado paranaense teve direito a ir e voltar para Boston em voo na classe executiva, ficou hospedado em hotel de luxo e assistiu ao time de Felipão vencer os portugueses por 3 a 1 em um dos confortáveis camarotes do Gillette Stadium.
A rigor, não há ilegalidade em aceitar o convite. Entretanto, impõe-se a questão ética: com essas atribuições, o trabalho do procurador não ficaria comprometido?
Para Schmitt, não existe conflito de interesse.
Em junho, a CBF já havia cedido ingressos para Schmitt assistir aos jogos da Copa das Confederações.
Outros procuradores do tribunal desportivo também foram agraciados com entradas para o torneio.
O STJD é um órgão independente da confederação e conta com representantes dos atletas, clubes, árbitros e federações. A procuradoria também é independente, mas a escolha do chefe tem a participação da CBF.
Na eleição do procurador-geral, a confederação indica três nomes e os auditores do STJD escolhem um deles.
Paulo Schmitt atua na procuradoria do tribunal há cerca de dez anos.
Recentemente, ele denunciou o Corinthians e o Vasco por causa da briga entre torcedores dos dois times no estádio Mané Garrincha, em Brasília, no mês passado.
Os dois clubes foram punidos com perda de mando de campo e punição de, no mínimo, R$ 50 mil.
Responsável por fiscalizar a atuação da procuradoria, o presidente do STJD, Flávio Zveiter, disse que não vai abrir inquérito para investigar o caso. "Ele [Schmitt] é uma pessoa séria e entendo que esse convite não vai atrapalhar o seu trabalho", afirmou o presidente do órgão.
A CBF não se pronunciou sobre a viagem. O presidente da entidade, José Maria Marin, está fora do Brasil.
OUTRO LADO
O procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, disse que aceitou o convite da CBF para ver o jogo do Brasil em Boston por acreditar que não há conflito de interesse.
"Os interesses da CBF e da Procuradoria são os mesmos. Eles querem um campeonato melhor. Isso só é possível por causa das denúncias feitas no STJD. Eu já denunciei várias vezes a CBF. Os árbitros, por exemplo, vão parar no tribunal com frequência."
Ele disse que aceitou o convite por achar "importante ir a outros países para conhecer o funcionamento de suas instituições". "Esse convite jamais servirá para a CBF fazer qualquer pressão. Trabalho dentro da legalidade."
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