24 de Julho de 2013 - 07:00
Jovem, detido durante operação conjunta das polícias Civil e Militar, é apontado como a ponte com os militares que teriam participado do extravio
Por Michele Meireles e Sandra Zanella
Um jovem, 23 anos, suspeito de ser receptador de armamentos possivelmente desviados do 4º Depósito de Suprimentos do Exército Brasileiro (4º DSup), foi preso nesta terça-feira (23) durante operação conjunta desencadeada pelas polícias Civil e Militar, batizada de "Impacto seguro". De acordo com a delegada regional interina, Sheila Oliveira, a investigação feita pela Polícia Civil durou oito meses, e o homem preso é apontado como a ponte com os militares que participaram do desvio. "Ele era o responsável por derramar estes armamentos na cidade," afirmou.
O jovem foi detido em casa, no Bairro Jardim Natal, Zona Norte da cidade. No interior de um carro Fox, que seria de propriedade do suspeito, os policiais encontraram uma pistola calibre 635, com carregador e nove munições, escondida no encosto do banco do carona. O homem é suspeito ainda de fornecer armas usadas em confrontos de gangues do Jardim Natal e Jóquei Clube, e muitos desses conflitos resultaram em mortos e feridos.
Segundo a delegada, em outra manobra, que aconteceu em abril deste ano, o suspeito também era alvo, mas teria conseguido fugir. Na ocasião, em uma residência usada por ele, no Bairro Bandeirantes, região Nordeste, os policiais apreenderam uma arma que teria sido desviada do Hospital Geral do Exército, no Rio de Janeiro."Foi feita a perícia metalográfica que apontou que ela saiu do Hospital. Isto mostra que ele tinha braços em outros locais", ressaltou a delegada.
Apesar do inquérito instaurado pelo Exército não ter apontado o montante de armas desviadas, Sheila Oliveira afirmou que o "número é grande e contribuiu para o aumento da criminalidade na cidade". O inquérito foi enviado para a 4ª Circunscrição da Justiça Militar, que informou que irá remeter ainda hoje o procedimento para o Ministério Público Militar (MPM).
Desde novembro passado, o 4º DSup, onde ocorreu o desvio de armas oriundas da campanha do desarmamento ou enviadas pela Justiça, investiga a subtração dos materiais. O processo corre em segredo de justiça no Ministério Público Militar e, desde abril, foi remetido ao Depósito de Suprimentos para novas diligências. Segundo o comandante da unidade, coronel Sylvio Pessoa da Silva, as diligências devem ser concluídas esta semana. Ele afirmou que, até o momento, as investigações apontam que são poucas as armas extraviadas. "Houve o desvio. Porém, trabalhamos com fatos, e o que posso assegurar é que as armas apreendidas estão passando por perícia metalográfica, e retifico a informação de que é pequeno o número de armas desviadas daqui." O comandante esclareceu que outras informações só serão repassadas depois que o caso estiver concluído. Já o Ministério Público Militar informou que "ainda não há resultados sobre o caso e que ele está em fase investigatória".
Até agora, três militares e um civil foram indiciados no inquérito policial militar. Mas as investigações apontam que pelo menos outras dez pessoas estariam envolvidas. Os militares suspeitos de cometerem o delito trabalhavam no setor de armas do quartel e já foram desligados. Segundo o comandante do 4º DSup, a unidade trabalha fazendo auditorias, revisões processuais e realiza um trabalho de inteligência.
Operação mobiliza 200 policiais
Durante a operação "Impacto seguro" realizada terça na cidade, foram cumpridos 23 mandados. Além do homem apontado de integrar o esquema de desvio de armas, outras 14 pessoas, suspeitas de envolvimento com tráfico de drogas, homicídios e tentativas de homicídio, também foram detidas. A manobra aconteceu em diversos bairros da cidade, mas a maioria das prisões ocorreu na Zona Norte. Cerca de 200 policiais e mais de 30 viaturas foram mobilizados na manobra, que foi realizada ainda em outros 13 municípios mineiros com altos índices de criminalidade.
Em Juiz de Fora foram apreendidos 1kg de crack e 130 pedras da mesma substância, um tablete e 36 buchas de maconha, e 36 papelotes de cocaína. Os policiais apreenderam ainda um revólver, 14 munições, sendo duas de calibre restrito, veículos, balanças de precisão, celulares e cerca de R$ 5 mil em dinheiro. Durante a tarde e a noite dessa terça, a "Impacto seguro" continuou com ações preventivas, como abordagens a pessoas e veículos suspeitos e blitze em vários pontos da cidade.
"A operação representa um grande avanço no combate à criminalidade, em especial aos crimes de homicídio e tráfico de armas", enfatizou a delegada Sheila Oliveira. Para o comandante do 27º Batalhão da PM, tenente-coronel Moisés Ricardo Pinto, a retirada de circulação de suspeitos de cometerem de delitos aumenta a segurança. "Essas operações integradas não permitem o recrudescimento de crimes. Com as prisões, eliminamos a possibilidade de eclosão de delitos e tiramos das ruas essas pessoas que também se envolvem em guerra de gangues." Até o fechamento desta edição, os presos prestavam depoimento na delegacia.
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