quinta-feira, 8 de novembro de 2012

AGLOMERAÇÃO NA OSWALDO ARANHA



Por Eduardo Valente
O movimento intenso de pessoas que frequentam bares na Rua Oswaldo Aranha, entre a Avenida Rio Branco e a Rua São Mateus, tem provocado reclamações de pedestres e motoristas. A Tribuna esteve no local em uma sexta-feira e presenciou situações de desrespeito. Como muitas pessoas se aglomeram nas calçadas e no asfalto, pedestres encontram dificuldades para transitar, sendo obrigados a dividir espaço com os carros. Os proprietários dos bares creditam o transtorno à falta de fiscalização eficiente no trânsito na região, embora a Settra afirme ter emitido 354 autuações por estacionamento irregular apenas entre janeiro e setembro deste ano na via, sendo 153 em frente aos estabelecimentos. A Secretaria de Atividades Urbanas (SAU) informou que tenta dialogar com os responsáveis para chegar a uma solução. No entanto, ações mais enérgicas, como multas, não estão descartadas. Hoje está prevista uma reunião entre os órgãos competentes na busca de uma solução.
O jornalista Eduardo Reis, 25 anos, é morador da rua e disse que a situação está cada vez pior. "Ouço muito barulho do prédio onde moro. Não apenas vindo dos bares, como também dos clientes que descem a rua gritando, com som alto nos carros." De acordo com ele, outro problema é transitar na calçada. "Os usuários utilizam engradados de cerveja como mesas, e isso obstrui nossa passagem. Outro dia quase fui atropelado por um ônibus." Outra leitora, que pediu para não ser identificada, informou que, ao tentar circular de carro na rua, quase foi linchada por pessoas que ocupavam a via.
Um dos proprietários do Bar do Bigode, João Bosco Pacheco, 69, argumenta que os transtornos são causados por frequentadores que estacionam os carros em área proibida e que não há como impedir as pessoas de ficarem na rua. "Não temos culpa. Se o cliente chega ao balcão para comprar uma lata de cerveja, não há como impedi-lo de beber fora do bar. Os fiscais da Prefeitura já vieram conversar conosco e explicamos isso. Pediram para não atender mais quem está do lado de fora, e estamos respeitando esta decisão." Sobre o fornecimento de engradados de cerveja (que são utilizados como suporte para garrafas), Bosco afirmou que a prática está banida. "Estamos aqui há 30 anos. Isso é uma vida. O problema todo é que as autoridades não têm controle do trânsito."
Sem música
A proprietária do Confraria, Claudia Gonçalves, 41, afirmou que há 60 dias não há música ao vivo no estabelecimento. A decisão foi tomada após multa aplicada pela SAU. "Paramos com a música, mas o problema continua o mesmo. A discussão é de trânsito. São os veículos estacionados irregularmente que atrapalham o movimento. O tráfego precisa fluir e, muitas vezes, isso não ocorre." Claudia também disse que não fornece bebidas alcoólicas para quem está na rua, embora não possa impedir a venda caso o cliente vá ao balcão do bar.
Segundo o gerente do Victory Suítes, José Carlos Branco, 45, os clientes não reclamam de um estabelecimento em específico, e sim do transtorno na via. "O hotel acaba ficando invisível. E o barulho incomoda alguns hóspedes."

Tráfego interrompido com frequência

No momento em que a reportagem esteve no local, além da aglomeração de pessoas, foi observado que muitos condutores paravam o automóvel para conversar com clientes, interrompendo o tráfego. Com isso, a Avenida Rio Branco, que tem um trânsito intenso, fica ainda mais lenta, principalmente na faixa da direita no sentido Centro/Bom Pastor, utilizada para quem quer seguir em direção à Rua Oswaldo Aranha. Os transtornos também existem no cruzamento da Rio Branco com a Rua Antônio Carlos, onde a concentração de automóveis provoca engarrafamentos.
Presente na área, o sargento Aparecido Silva, do Pelotão de Trânsito da Polícia Militar (PPTran), explicou que carros estacionados na Rua Oswaldo Aranha são notificados. Durante a entrevista, um automóvel acelerou próximo aos policiais, cantando os pneus. A placa foi anotada. "Isso acontece com frequência. Esse ato de exibicionismo é falta gravíssima, até mesmo porque coloca a vida de outras pessoas em risco."
Segundo o comandante do pelotão, tenente Jean Michel Amaral, a polícia vai ao local várias vezes nas noites entre quinta-feira e domingo. Ele informou que a corporação não tem como impedir as pessoas de estarem no local, apenas conscientizá-las. "O que fazemos é proibir o estacionamento irregular. Sobre as outras questões, cabe intervenção em respeito ao Código de Postura do município. Se a SAU planejar alguma ação, certamente poderemos atuar como parceiros dos fiscais."
Já a Settra garantiu realizar fiscalizações na via, tanto que as 354 autuações por estacionamento irregular foram registradas apenas nos nove primeiros meses do ano. Conforme a assessoria de comunicação da pasta, além do trabalho rotineiro, os agentes atuam a partir de denúncias de moradores.

Reunião vai debater a situação hoje

Hoje representantes da Secretaria de Atividades Urbanas (SAU), Settra e Polícia Militar devem se reunir para conversar sobre o assunto com o objetivo de identificar ações para resolver a situação. Conforme a secretária de Atividades Urbanas, Sueli Reis, o problema maior é a venda de bebidas alcoólicas para quem está em via pública, fato negado pelos proprietários dos bares. "Fiscais à paisana já estiveram no local e constataram que garçons entregam garrafas de cerveja para quem está na rua, o que é proibido e passível de multa. Importante frisar que, quando não há um excesso demasiadamente grande, nós toleramos, mas não é o caso. Aquilo virou problema porque as pessoas estão impedindo o trânsito de motoristas e pedestres."
Conforme Sueli, os responsáveis foram notificados e serão chamados para conversar com o objetivo de chegar a um consenso. No entanto, caso haja a necessidade de multá-los, o valor pode chegar a R$ 1.821,82, sendo R$ 1.301,30 por obstrução da via pública e R$ 520,52 relacionados à perturbação do sossego. Em caso de reincidência, a cobrança será em dobro. "A multa pode ser até diária em situações extremas. Acredito que não será o caso porque nossa intenção é agir por meio do diálogo para que os usuários compreendam e colaborem."

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