sábado, 8 de setembro de 2012

BEM-VINDO À RESERVA, MEU GENERAL!


Foto Sangue Verde Oliva

       Nos últimos vinte anos, com a minha atuação na Associação dos Ex-Alunos do CPOR do Rio de Janeiro - hoje AORE/RJ - e posteriormente, a partir de 1997, com a criação e presidência do Conselho Nacional de Oficiais R/2 do Brasil, tive a oportunidade de, gradativamente, aprofundar meus laços - já antigos - com o Exército Brasileiro. Convivi com chefes militares de muitas gerações. Aprendi, sobretudo, que a sua formação e aperfeiçoamento profissional é um processo em constante evolução.

        Durante todo esse tempo conheci inúmeros Oficiais-Generais e me tornei amigo de muitos deles. Constatei, inequivocamente, o elevado grau intelectual e profissional de todos eles. Comprovei, de forma inquestionável, o alto espírito cívico que predomina em suas atitudes e norteia suas ações.

        De outro lado aprendi no decurso de uma vida que já vai longa, entre inúmeras lições e ensinamentos, que há pessoas que podem e devem ser reconhecidas como especiais. Em tudo elas se destacam por fazer melhor. Na busca dos ideais e no desejo de realizar sonhos e anseios existenciais, tais pessoas, frequentemente, vão aos seus limites, para até mesmo, num esforço supremo, superá-los. Obstáculos e adversidades são apenas gatilhos que irão disparar sua imensa capacidade de lutar e vencer. A persistência no cumprimento da missão é um traço característico de seu perfil. A nobreza de propósitos é uma constante em suas ações. É fácil reconhecer de imediato essas pessoas. São comandantes. E são líderes.  

        Creio, portanto, que posso, ao saudar o General de Exército Américo Salvador de Oliveira, uma dessas pessoas muito especiais, render as mais efusivas homenagens da Oficialidade R/2 do Brasil - que como presidente do CNOR honrosamente represento - ao ilustre soldado que acaba de deixar a Ativa do nosso Exército.

        A Reserva, entre orgulhosa, renovada, acalentada, esperançosa no futuro, confiante e fortalecida, perfila-se para receber um grande cidadão e General da melhor estirpe. Caxias certamente não hesitaria em incluí-lo entre seus herdeiros.

      Princípios, valores e atributos inerentes à profissão militar foram por ele praticados e vivenciados exemplar e exaustivamente. Sua brilhante carreira, desde o início, teve a marca indelével de um grande personagem: um irmão muito querido, Oficial R/2, foi o grande incentivador da sua escolha pela vida militar. 

      Como chefe, soube ser enérgico quando necessário e na dose certa; foi justo e incentivador dos seus bons subordinados; atento à importância da formação da Reserva, preocupou-se em ampliar os NPOR, tanto em quantidade como em eficácia na preparação dos Aspirantes.

      Ao longo de toda a sua jornada vitoriosa, fez muitos amigos entre os Oficiais da Reserva. Comandante Militar do Planalto, deu um apoio fundamental para o sucesso do 11º ENOREx, realizado em Brasília em 2009; Comandante Militar do Nordeste, apoiou os preparativos para a realização do 13º ENOREx, em Maceió (2011) e convenceu a AORE/RECIFE a sediar o ENOREx deste ano. A seu convite, realizei palestras motivacionais a alunos, ex-alunos e convidados no CPOR do Recife e nos NPOR de Natal, João Pessoa, Maceió, Salvador e Curitiba.

      Foi ele o primeiro comandante a incluir os uniformes do Oficial R/2 (3º A e 3º D), instituídos pelo CNOR, em convites para cerimônias. Ainda agora, disponibilizou vagas numa aeronave da FAB que conduzia autoridades militares à sua passagem de comando do COTER, para que pudéssemos estar presentes ao evento. Em várias oportunidades ouvi, orgulhosamente, suas referências elogiosas aos Oficiais R/2 e ao trabalho do CNOR e suas filiadas, inclusive no seu recente discurso de despedida.

      Um Regulamento implacável colocou o General Salvador na Reserva. Tenho defendido a tese de que as Reservas das Forças Armadas são um importantíssimo mecanismo para a penetração profunda na sociedade do chamado “pensamento militar”. Mas para isso é necessário que tenham voz audível em vários diapasões. Não basta que, passivamente, sejam reconhecidas como heróicas garantidoras da Amazônia e das fronteiras, nem que ocupem algumas favelas. Elas precisam ter um papel ideológico no contexto social.  Os princípios e valores cívico-culturais praticados na caserna são vetores que direcionados e bem conduzidos pela Reserva - tendo como fulcro o exercício da inteligência e da capacidade de mobilizar, agregar e expandir - teriam grande aceitação no meio civil, carente de instituições sérias e condutas ilibadas. Num país como o Brasil, ao qual hoje falta um elemento institucional de integração, de formação cívica e nacional, de instilação de valores básicos, a Reserva é o mecanismo de articulação ideal para fundir, no povo, a idéia da inseparável união das Forças Armadas com o mais sadio espírito nacional.

    Falta-nos, evidentemente, organização e, sobretudo, o afloramento de lideranças entre os integrantes da Reserva. Num contexto onde se destacam tantos antigos chefes militares no auge de sua capacidade intelectual - verdadeiras reservas morais da nação - soldados como o General Salvador ainda têm muito a dar ao Exército e ao Brasil. Mais do que uma esperança, resta-me a convicção que o ilustre General, ao lado de seus pares, conduza a Reserva Ativa como a continuidade de uma importantíssima missão que precisa ser cumprida.

    Seja bem-vindo à Reserva, meu General. E fique certo que, onde estiver, haverá sempre um Oficial R/2 amigo a seu lado.

Fraternal e respeitosamente

Sérgio Pinto Monteiro - 2º Ten R/2 Art
Presidente do CNOR

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