Próximo de completar 38 anos, o deputado estadual e candidato à Prefeitura de Juiz de Fora, Bruno Siqueira (PMDB), já se sente um autêntico "quarentão". "Chegando aos 40, tenho noção e experiência para fazer uma grande administração." O salto de dois anos não é em vão. Concorrente mais novo na sucessão municipal, ele tem na pouca idade e na falta de vivência executiva suas principais pedras no sapato, mesmo ostentando a bandeira da renovação. Por isso, além da chegada antecipada aos 40, o peemedebista tem pronta uma lista de ilustres políticos que estrearam em executivos ainda jovens e poucos experimentados. "Minha experiência é a mesma do (senador) Aécio Neves (PSDB) quando assumiu o Governo de Minas. Ele também havia exercido quatro mandatos legislativos, com passagem pela presidência da Casa, e depois foi eleito governador."
Afiado, mas sem conseguir disfarçar a tensão comum às sabatinas, Bruno foi entrevistado durante um almoço na última quarta-feira. O peemedebista chegou ao restaurante dez minutos depois do horário combinado, às 12h10, acompanhado por assessores. Já à mesa, disse a que veio: "Podem perguntar".
Como fazer para transformar promessas em realidade? A indagação de um leitor lida para o candidato soou como um bom cartão de boas-vindas. "Hoje temos mandatos curtos. Quatro anos passam rápido. Precisamos de administração profissional, acabar com o amadorismo de promessas em período eleitoral. (ver arte)" No mesmo tom, ele prossegue e faz a primeira das muitas referências ao Governo Custódio Mattos (PSDB). "Temos observado administrações que não conseguem cumprir com quase nada do que foi prometido e depois inicia tudo, mas sem nenhuma perspectiva de conclusão. Mesmo quando tiveram oportunidade de cumprir com as promessas, não cumpriram." A menção direta à atual gestão não tarda e vem na resposta dada à questão da saúde pública municipal. "O hospital prometido na última eleição está com as obras praticamente paradas. E pensar que, depois da infraestrutura pronta, ainda faltará equipá-lo."
A salada como entrada é servida. Enquanto aguarda pelo azeite, Bruno tem tempo para entrar na polêmica questão da saúde pública: financiamento versus gerenciamento. "Faltam as duas coisas", pontua de bate-pronto. No discorrer da resposta, com muito jeito, faz sua única crítica à União durante toda conversa. "Os repasses para saúde por parte do Governo federal deveriam ser maiores." Terminada a ressalva, retoma o foco na administração municipal. "No caso específico de Juiz de Fora, existe um problema sério de gestão. Prova disso é que tivemos quatro secretários desde o início do atual Governo. São muitas mudanças." Dos problemas de saúde pública a conversa passa para a saturação do trânsito na área central da cidade. "Precisamos entrar de cabeça na questão do transporte público coletivo." Mais uma vez as promessas da última campanha tomam à pauta pelas mãos do candidato e só saem com a volta do garçom.
Bruno pede risoto de tomate seco com filé grelhado ao ponto. Desde o início da conversa, toma suco de abacaxi. Agora é a repórter quem recoloca o prefeito na pauta. "No segundo turno de 2008, o PMDB caminhou com a candidatura da Margarida (Salomão, PT), mas o senhor (vereador à época) se afastou disso e, da tribuna da Câmara, sinalizou apoio ao prefeito Custódio. O senhor se arrepende disso?" O candidato se lembra da presença da repórter na fatídica sessão legislativa. "Naquele dia foi feito um discurso quando foi pronunciada uma frase que foi pinçada. É preciso entender o contexto daquele momento. Havia acabado de participar de uma CPI que apurou irregularidades naquela administração que acabou levando à prisão e à cassação do prefeito (Alberto Bejani). Esse prefeito havia sido eleito com o apoio forte, inclusive financeiro, do PT da Margarida. Então, tinha dificuldades para apoiar esse PT."
Ele aproveita a pergunta e justifica também seu apoio ao tucano em 2004. "Entre Bejani e Custódio, em 2004, votei no Custódio por conta da boa aprovação da sua primeira administração (1993-1996)." "Arrependeu-se?", insiste a repórter. "A questão não é de arrependimento, mas de descontentamento, de decepção com a atual administração. Hoje percebo que, na década de 90 (1993-1996), havia um presidente (da República) que era de Juiz de Fora (Itamar Franco) e isso fez com que aquela administração fosse bem-sucedida. Mas, insisto, hoje não se trata de arrependimento, mas de decepção, como a maioria dos cidadãos juiz-foranos." Sobre o risco de essa proximidade com Custódio nas últimas eleições ser usada por outros adversários, Bruno não vê problemas. "Acho complicado por termos uma eleição em dois turnos. Se vierem com isso, podem facilitar as coisas lá na frente."
Nenhum comentário:
Postar um comentário