sexta-feira, 30 de março de 2012

MEMÓRIAS DO PREFEITO ITAMAR FRANCO


"Se eu já fosse o comandante da Região em 1967, o senhor não teria tomado posse", disse o general Itiberê Gouvêa do Amaral ao então prefeito Itamar Franco ao assumir a 4ª Região Militar em 1969. Na mesma época, o político foi chamado de "filho desnaturado" por um jornal alternativo da cidade, por ter deixado a mãe, Dona Itália, viajar de ônibus até o Rio de Janeiro, enquanto ele ia no carro da Prefeitura, por não aceitar que as "coisas" do Executivo fossem usadas por pessoas da família. Essas e outras passagens integram o livro "Itamar e o bando de sonhadores", do sociólogo, professor e jornalista, Ismair Zaghetto, que será lançado hoje, às 19h, no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm).
Publicada sob a chancela do Instituto Itamar Franco - fundado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) -, a obra literária homenageia o político e também os principais nomes que atuaram ao lado do ex-presidente Itamar Franco e que integraram o "bando de sonhadores", no qual o autor também se enquadra.
O livro se concentra no primeiro mandato de Itamar como prefeito (1967-1970) e, além de recordar os principais marcos da gestão, conta os bastidores do Governo. "Quem consegue imaginar a cidade sem as avenidas Brasil e antiga Independência, que, hoje, justamente, recebe o nome de Itamar Franco? E o prolongamento da Rua Santo Antônio, entre a Espírito Santo e esta mesma avenida? Muita gente não sabe, mas foram obras do Itamar, assim como o prolongamento da Garganta do Dilermando", explica Ismair.
Inspiração
O escritor, que também foi colunista da Tribuna, explica que a ideia de escrever o livro surgiu há dez anos, quando ele leu a biografia de Juscelino Kubitschek "JK: o Artista do Impossível", de Claudio Bojunga. "Fui descobrindo pontos comuns entre os dois (Itamar e JK). Além disso, parte da obra passa pelo JK que foi prefeito de Belo Horizonte. E uma coisa que sempre me intrigou foi o fato de a população de BH não se lembrar dele como prefeito. O mesmo ocorre aqui em Juiz de Fora. Muito se fala do Itamar como senador, governador e presidente, mas pouco se lembra dele na Prefeitura. Tentei fazer esse resgate."
Ismair, que foi assessor de imprensa e de gabinete de Itamar Franco, conheceu bem o político e, depois de sua morte, resolveu agilizar a publicação. "Conheci muitas pessoas boas e Itamar foi uma delas. Gostaria de compartilhar com todos esse lado, de homem íntegro e pioneiro. Queria ter lançado este livro com a presença dele, mas não foi possível. Agora, serve como uma homenagem póstuma, não só a ele, mas a muitos dos sonhadores que hoje não estão mais aqui."

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