quarta-feira, 19 de julho de 2023

Forças Armadas não são gangorra em disputas ideológicas - Por Otávio Santana do Rêgo Barros

 


“Senhor, umas casas existem no vosso reino, onde homens vivem em comum, comendo do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais […]”

(Carta ao Rei de Portugal, por Moniz Barreto)

Esta semana fui convidado para a cerimônia de passagem para reserva de um antigo comandado. Evento simples, realizado em um auditório do Quartel-General do Exército, com a presença de civis, militares, antigos chefes e familiares do homenageado, cobriu-se de simbolismos e reavivou, mais uma vez, a chama dos valores e tradições que ornam a profissão das armas.

Em suas palavras de agradecimento, o militar sobrevoou a apaixonada carreira, iniciada há quase 40 anos, quando ingressou na Escola Preparatória de Cadetes do Exército com apenas 14 anos de idade. Falou emocionado dos desafios profissionais, das conquistas, das frustrações, das amizades construídas, da família constituída, das experiências múltiplas vividas e deixou uma mensagem aos ouvintes atentos: “Afasto-me consciente do dever cumprido, devedor inconteste da instituição e esperançoso que o país se supere e prossiga no caminho da paz e do bem-estar sociais”. Suas palavras lembraram o general Osório, um dos mais importantes líderes militares na história do Exército brasileiro que afirmou: “A farda não abafa o cidadão no peito do soldado”.

O militar referendou o sentimento de cidadão soldado reinante nos profissionais das armas — de ontem, de hoje e de sempre —, que é forjado desde as escolas de formação e amalgamado ao longo da carreira militar. Uma carreira, tão nobre quanto tantas outras, que difere das demais pelas características que impõe ao profissional e aos seus familiares.

O militar rodou o Brasil de ponta a ponta, morou em outro país de cultura diametralmente distinta, teve uma filha em uma cidade, o filho em outra, a esposa não conseguiu se fixar no mercado de trabalho, mas, a despeito do turbilhão, reconheceu-se um devedor da sociedade a quem se curva em sinal pronto de respeito.

Foi guerreiro e administrador, foi aluno e instrutor, liderou e foi liderado, uma mistura simbólica das atividades castrenses das quais se incubem os homens e mulheres das armas nos tempos modernos. Como ele, a cada ano, centenas de outros militares ao deixarem a farda física que os veste sentem as mesmas alegrias de um objetivo conquistado e as mesmas tristezas de um adeus sem volta.

É mesmo difícil compreender as servidões e as grandezas militares àqueles que nunca romperam a marcha, ao toque de clarim, tão logo o sol desponta no horizonte. E não vai aqui nenhuma crítica, nenhum apontar de dedos, nenhuma soberba, apenas constatação das diferenças dos mundos e da forma como encará-las. Contudo, o desconhecer pela incompreensão não legitima as críticas difusas que o estamento militar está a sofrer fruto do ambiente de chafurdo em que se meteu a sociedade brasileira nos últimos anos.

No momento em que a santidade das instituições antes imaculadas é questionada, que lideranças civis e militares são atacadas à luz do dia ou à sorrelfa das mídias digitais, que os parâmetros de comportamento social são postos à prova, é hora de questionar a quem interessa a desordem.

Lembrando Spinoza: “Não rir, não chorar, apenas entender”. Certamente a desordem não interessa aos esclarecidos, aos que têm expectativas ordeiras e aos que pensam o futuro como bem a ser construído a muitas mãos, em benefício de muitas mãos. É necessário combater a emoção exacerbada e a razão rasteira dos que conhecem o mundo pela sombra bruxuleante do pensar de outros que nunca encontraram a luz.

Em alusão ao Mito da Caverna, alegoria escrita por Platão na obra A República, será preciso que destemidos tenham coragem e abandonem a escuridão das bolhas maniqueístas para serem aquecidos pela luz desinfetante do sol. Que pensem sem o corrimão das ideias extremadas e duvidem de suas certezas absolutas. Por fim, na montagem do grande quebra-cabeça cuja imagem mostrará uma sociedade brasileira integrada, assegurarem que as Forças armadas não poderão ser gangorra para disputas ou reconstruções ideológicas.

Gen Div do Exército

NOTA DE FALECIMENTO - JULIO CAMARGO

 


O professor, empresário e ex-vereador  de Juiz de Fora, Júlio César da Mata Camargo morreu na manhã dessa terça-feira (18), aos 75 anos. Ele cumpriu dois mandatos, de seis anos cada, na Câmara Municipal, entre 1977 e 1988. 


Júlio era formado em Geografia e Planejamento Urbano, tornou-se professor no Instituto Granbery. Júlio Camargo destacou-se como um dos pioneiros nas causas ambientais, tendo sido o fundador do Condema (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente).

O sepultamento será nesta quarta-feira no Cemitério Parque da Saudade, onde o corpo está sendo velado. Júlio deixa viúva, Niúcia Camargo, dois filhos, sete netos e quatro bisnetos.

Vá em paz meu mestre e amigo, foi uma dadiva de Deus ter convivido com o amigo desde a década de 70.

Missão cumprida.

domingo, 16 de julho de 2023

Tolices em tempos de paz - Por Otávio Santana do Rêgo Barros

 


Forças Armadas … pra quê?

Com argumentação de viés ideológico, justificou o fim das Forças Armadas pela suposta participação nas disputas políticas recentes, sem, contudo, oferecer sustentação histórica aos seus argumentos.

Cometeu, ainda, o equívoco de confundir o papel maior da instituição com ações isoladas de alguns de seus integrantes.

É compreensível diante do ambiente maniqueísta que se formou nos últimos anos, que cidadãos discordem, concordem, ou simplesmente não considerem enxergar o dia a dia segundo uma lógica sustentada em fatos.

Inegável, a instituição sofreu abalos em sua imagem.

Todavia, como chegou a defender o articulista, abdicar de proteção à nossa soberania, oferecendo em troca apenas a boa vontade dos antagonistas, certamente é ingenuidade dos que desconhecem a dinâmica de poder que veste as nações mundo afora.

Não sendo vozes solitárias, esses pensadores, ao tomarem como exemplo a Costa Rica e Islândia, países que não possuem forças armadas constituídas formalmente e defenderem essa decisão como cabível ao nosso país, precisam debruçar-se com afinco sobre a história do mundo.

Há poucos anos não se imaginaria a Alemanha, que desde a Segunda Guerra mundial assumiu atitude não belicista na busca de cicatrizar as feridas do nazismo, pudesse dar uma guinada em sua política externa e decidisse fortalecer suas forças armadas, estimando um gasto médio de cerca de 2% do PIB para a área de defesa já a partir de 2024.

Não se imaginaria que o Japão, único país a sofrer um ataque ao seu território com bombas atômicas e conviver com as sequelas dessa catástrofe, avaliasse reformular sua constituição para transformar suas forças de defesa, capacitando-as a projetar poder, em consórcio com outros países, sobre a região do Indo-Pacífico.

Não se imaginaria que um conflito com características de guerra entre tribos, ainda que insertado de novas e avançadas tecnologias, pudesse eclodir mais uma vez na Europa, envolvendo diretamente a Rússia e a Ucrânia, e levasse outros países a se digladiarem à semelhança da guerra fria.

Não se imaginaria que a República Popular da China, por meio de seu crescimento econômico incomparável, se alçasse à qualificação de potência mundial capaz de rivalizar-se com a águia americana em todos os campos do poder e disputar hegemonia nos quatro cantos do planeta.

Que a Índia, a Turquia, o Irã se fortalecessem ao nível de potências regionais capazes de influir no equilíbrio de forças nos seus entornos geopolíticos.

Que a Finlândia e Suécia, países tradicionalmente neutros diante dos polos de poder aglutinadores que se formaram após a Segunda Guerra mundial, buscassem agora alinhamento à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em postura desafiadora ao urso russo.

Que a Austrália, o Reino Unido e os Estados Unidos (AUKUS) conformassem um pacto militar para deter a expansão da China ao Sul do Pacífico, incluindo pacotes de compras e cessão de equipamentos militares da última geração.

Que a África, no passado alvo de interesses colonialistas das potências hegemônicas, se tornasse outra vez ringue para disputas em um neocolonialismo do século 21 e, diante de suas fragilidades, alguns países entregassem sua segurança a milícias armadas, apoiadas ou não por estados consolidados.

Que a América do Sul, ainda que perifericamente, se transformasse em palco das disputas globais.

Que a Região Amazônica, com suas imensas riquezas sustentadas na biodiversidade de seu bioma, muitas ainda desconhecidas, continuasse a ser alvo de interesses externos difusos e paradoxalmente pouco conhecida internamente.

Atlântico Sul, Antártida, espaço sideral, espaço eletromagnético, espaço cibernético, os ambientes de incerteza se multiplicam.

Portanto, esse sobrevoo sobre a geopolítica do mundo moderno já nos habilita a responder à provocação: Forças Armadas … pra quê?

Para dissuadir antagonistas. Para preservar nossos valores. Para sustentar nossas tradições. Para sermos respeitado em mundo fricativo. Para defender, enfim, nossas riquezas, nossos interesses, nossa gente, nossa soberania.

Robert de Saint-Jean afirmou que “a paz é o tempo em que se dizem tolices; a guerra, o tempo em que as tolices são pagas.”

Antes que tolices ditas nos façam ir à guerra, vamos tratar de nos preparar com resiliência e profissionalismo.

*General de divisão da Reserva

ARMAS EM FUNERAL - CEL BEZERRIL

 





sexta-feira, 30 de junho de 2023

GRUPO DE MONTANHA - DESPEDIDA DE MILITAR

 

Cap Fernandes e Cap Elói Júnior

No dia 30 de junho, foi realizada a despedida do Cap PTTC Eloi Junior. Na oportunidade, foi lida a referência elogiosa e entregue uma lembrança, materializando os agradecimentos pelos excelentes serviços prestados ao 4º GAC L Mth, como coordenador do PROFESP. 

O Grupo de Montanha agradece a dedicação, o profissionalismo e o exemplo demonstrados e deseja continuado sucesso junto a sua digníssima família.

domingo, 25 de junho de 2023

ARMAS EM FUNERAL - CEL VETERANO ANDRÉ LUIZ SOUZA EIRA

 

Informamos que amanhã (25 de junho) será realizado o velório do Cel Eira no Crematório Candelária Regional da Zona da Mata, das 07h às 15h.
E na segunda-feira (26 de junho) haverá uma cerimônia de despedida, de 13h às 15h, acompanhada da cremação, que ocorrerá às 15h.




Luiz Ayrão - Nossa Oração - Emocione-se

 Luiz Ayrão é o autor da famosa música A Nossa Canção, cantada e difundida por Roberto Carlos, porém quando Deus nos inspira, Ele consegue melhorar o que já era muito bom. Ouça como ficou linda, principalmente a 2ª parte. É de arrepiar



terça-feira, 20 de junho de 2023

ENCONTRO DOS VETERANOS DA 2ª BATERIA DE OBUSES/1984 DO 4º GAC

 


Na última sexta-feira, 16 de junho, o 4º Grupo de Campanha Leve de Montanha, Grupo Marquês de Barbacena, sediou o 1º Encontro dos Veteranos da 2ª Bateria de Obuses do ano de 1984.


Os participantes foram recepcionados pelo Ten Cel Carlos Coutinho, comandante do Grupo de Montanha, com um café da manhã servido no Salão de Honra do Grupo.


Logo após todos se dirigiram para solenidade militar que foi presidida pelo Ten Cel Guedes, chefe da Comunicação Social da 4ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha, Brigada 31 de Março, que representava o Gen Nagy comandante da Brigada de Montanha.


A tropa formada, veteranos e familiares entoaram a canção do 4º GAC e Exército e puderam ouvir, pela primeira vez, a oração do Combatente de Montanha.


O Ten Cel Carlos Coutinho fez a saudação inicial aos veteranos e familiares e logo após o Ten Cel Guedes leu uma mensagem do Gen Nagy, comandante da Brigada de Montanha.


Os veteranos, comandados pelo então 1º Ten Jeffer Bedran, antigo comandante da 2ª Bateria de Obuses/84, desfilaram, emocionados, em continência ao Ten Cel Guedes. Depois retornaram ao palanque oficial, a convite do Ten Cel Carlos Coutinho, para assistirem ao desfile da tropa.



Logo após a solenidade militar, foi feita a foto oficial do encontro e visita às instalações do Grupo de Montanha, em especial ao prédio da  2ª Bateria de Obuses que hoje sedia a Bateria de Comando.



Como encerramento todos participaram de um churrasco de confraternização promovido com recursos próprios dos veteranos e realizado pelo Buffet Henrique Palhares.


Foi, para todos, um dia memorável em suas vidas.

Informativo O Veterano, do Exército Brasileiro

 



https://mailchi.mp/ccomsex/informativo063-439307


Um Brasil sobressaltado com o futuro - Por Otávio Santana do Rêgo Barros

 


domingo, 18 de junho de 2023

Exército adotará novos coturnos a partir de 2027

 O Exército vai aposentar os atuais coturnos, confeccionados em lona e couro. Os tradicionais ‘boots’ serão substituídos por calçados mais modernos, de couro hidrofugado (nobuck).


Os modelos serão nas cores marrom, para as tropas paraquedistas e de forças especiais; verde para os militares que servem na Amazônia; e coyote para os demais.

Portaria publicada nesta sexta-feira determina que o uso dos novos modelos será obrigatório a partir de janeiro de 2027.

https://www.montedo.com.br/2023/06/16/exercito-adotara-novos-coturnos-a-partir-de-2027/

quinta-feira, 15 de junho de 2023

General Luciano Lima recebe o título de ‘cidadão acreano’

 

O general de Brigada do Exército Brasileiro (EB), Luciano Batista de Lima, recebeu o Título de Cidadão Acreano, em ato solene realizado na manhã desta quarta-feira (14), na Assembleia Legislativa do Acre. A proposita foi requerida pelo presidente da Mesa Diretora, o deputado Luiz Gonzaga (PSDB), que considerou as contribuições ao estado durante o período em que o General foi comandante da 17a Brigada de Infantaria de Selva (17a Br Inf Sl).

Após receber a titulação, o General Lima agradeceu o reconhecimento e destacou a ampla responsabilidade diante da homenagem. "Hoje tive a alegria de vir aqui para obter a honraria e minha visão desse Estado e tudo que vivi aqui, como o drama das queimadas e o pesadelo da Covid-19, me faz ter ainda mais orgulho por ser agora um cidadão acreano. O Exército Brasileiro, junto ao governo e o povo do Acre, combateu esses problemas com muita energia. Fomos o local que mais distribuiu cestas básicas. Não foi uma missão fácil, mas o Acre tem alma e um povo que possui orgulho da sua bandeira", pontuou.

O General Lima ainda destacou que o Acre, mesmo sendo um estado jovem, possui grande potencial sendo um lugar com enormes possibilidades de desenvolvimento. "Me coloco como verdadeiro cidadão acreano mesmo antes de receber essa honraria, pois tenho sonhos e projetos a serem desenvolvidos aqui. Me sinto honrado por tudo", afirmou.

Perfil do General Lima

Luciano Batista concluiu doutorado em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e Mestrado em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército Brasileiro.

Na área de Relações Internacionais dedica-se ao estudo sobre: Política Externa Brasileira, Teoria das Relações Internacionais, Política Externa dos EUA e Comércio Internacional, com experiência durante dois anos como Chefe da Comissão do Exército Brasileiro em Washington (CEBW) e responsável pelas aquisições internacionais do Exército Brasileiro.

Em 2019 e 2020 foi Comandante da 17° Brigada de Infantaria de Selva em Porto Velho, sendo responsável pelo comando das unidades do Exército Brasileiro nos Estados de Rondônia, Acre e Sul do Amazonas.

Comandou também a Artilharia Divisionária da 5° Divisão de Exército em Curitiba e foi Diretor de Civis, Inativos, Pensionistas e Assistência Social do Exército Brasileiro em Brasília.

https://sgc.com.br/noticia/1/373216/general-luciano-lima-recebe-o-titulo-de-cidadao-acreano

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Arraiá do Abrigo Santa Helena - Convite


Ainda que á distância, estamos nos empenhando em convidar os amigos para Ajudar o Arraiá do Abrigo Santa Helena conforme o Convite formulado acima.

Você pode fazê-lo, a seu critério e juízo, de duas formas:

- adquirindo o Convite Individual ou a Mesa para comparecer e prestigiar o evento, nos locais indicados no Convite, ou

- fazendo uma doação, no valor também ao seu critério e juízo, a ser depositado na Conta do Abrigo pelo PIX 21609045/0001-38. Essa sua generosa doação será revertida nas aquisições de gêneros e materiais necessários, reduzindo assim os custos e ampliando os recursos e lucros auferidos com o evento. Para fins de controle, solicita-se que o amigo nos informe sobre sua contribuição.


Desde já e em nome de nossos Idosos Assistidos, Deus lhes Pague!

Atenciosamente,

José Mauro Cupertino

Diretor Voluntário.

sábado, 10 de junho de 2023

Porta arrombada, fortuna levada - Por Otávio Santana do Rêgo Barros

 


Tanques, submarinos, mísseis, caças supersônicos, porta-aviões não se compram a cliques nessas grandes lojas de comércio digital.

Empresas de consultoria não oferecem orientações para hipóteses de guerras ou projeção de poder a países preocupados com sua soberania.

A resposta ao questionamento inaugurado no início deste artigo é óbvia: construindo-as resilientemente e reavaliando-as constantemente.

O processo é desgastante, acadêmico, custoso, gerencial, técnico e envolve atores diversos com visão de futuro e experiência pretérita certificada.

A linha mestre que baliza essa construção começa em uma grande estratégia de Estado, que abarque todos os campos do poder dessa nação.

No Brasil, nos falta um documento balizador com essas características, o que dificulta alinhar soluções aos muitos desafios que a sociedade precisa enfrentar.

Todavia, o Governo brasileiro, desde a década de 1990, já elabora documentos no campo da defesa nacional, para suprir a deficiência da falta de um planejamento em mais alto nível.

A Política Nacional de Defesa, a Estratégia Nacional de Defesa e o Livro Branco de Defesa são documentos consolidados e revisados periodicamente, embora não recebam a devida atenção do Congresso Nacional, responsável, a nome da sociedade, por avaliar os textos.

"Defesa não dá voto", afirma com frequência, o ex-Ministro de Estado da Defesa, Raul Jungmann.

Subordinadas a esses documentos basilares, foram publicadas a Política Militar de Defesa e a Estratégia Militar de Defesa, sementes para incubação de um pensamento gerador de ações consistentes, dissuasórias e desenvolvimentistas, que colaborem com o resguardo da soberania nacional.

No âmbito da Força Terrestre, o Estado-Maior do Exército (EME) está envolvido, neste momento, na certificação de um novo ciclo de planejamento, a ser aprovado pela alta administração, que abarca o quadriênio 2024-2027.

Alinhadas com diretivas do Ministério da Defesa, as fases constituintes são claramente observadas, com ações definidas, atribuição de responsabilidade e indicação de recursos.

Como parte desse denso esboço, o Centro de Estudos Estratégicos do Exército, think tank ligado ao EME, cooperou na elaboração do cenário prospectivo para 2040, indo além do ciclo temporal de quatro anos, gerando uma concepção operacional para o Exército Brasileiro.

Agora, prepara-se para indicar aos decisores na Força, quais os melhores equipamentos, desdobramentos e doutrinas a serem buscados paulatinamente para o atingimento das capacidades militares requeridas no médio horizonte temporal.

Antes mesmo de fechar o estudo, já se antecipa a necessidade de oferecer ao Estado brasileiro ferramentas que operem eficazmente nos domínios eletromagnético, cibernético, aeroespacial, sincronizadas com os tradicionais ambientes da terra, mar e ar.

Ainda que de forma incipiente, a inteligência artificial, vetor cada dia mais estudado e testado pelas grandes potências, se incorpora também às nossas preocupações com segurança.

A guerra tridimensional está, há muito, obsoleta. Às dimensões humana (homem e suas decisões) e física (material e terreno) somou-se a informacional (inteligência impactada pela avalanche de dados) para atuarem em conjunto, visando a obtenção de vantagens em ambientes operacionais multidomínio.

Os profissionais das armas sabem que a pouca percepção de antagonismos externos, fruto de uma história pacífica, não colabora para reforçar o tema nas discussões do dia a dia na opinião pública.

Por isso, conscientes de sua responsabilidade, apontam o holofote ao problema, insistem na solução e esperam a compreensão pelo mundo político e pela sociedade em geral do enorme desafio que se afigura.

Há muito em jogo para um país, como o Brasil, com tamanha dimensão, potencialidade, riqueza e interesses. Colocar a trava na porta depois que a casa foi arrombada é ingenuidade.

Otávio Santana do Rêgo Barros, general de Divisão da Reserva

quinta-feira, 8 de junho de 2023

GRUPO DE MONTANHA COMEMORA O DIA DA ARTILHARIA


No dia 7 de junho, no 4º Grupo de Artilharia de Campanha Leve de Montanha, foi realizada a formatura em comemoração ao Dia da Arma de Artilharia, que será comemorado no dia 10 de junho.


O Sr Gen Bda Júlio César Belaguarda Nagy de Oliveira, Comandante da 4ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha, presidiu a solenidade, que foi abrilhantada pela presença dos Comandantes de Organizações Militares, dos alunos do Grêmio de Artilharia do Colégio Militar de Juiz de Fora e de Artilheiros de todos os tempos, tanto da ativa quanto veteranos.


Parabéns discípulos de Mallet!





sábado, 27 de maio de 2023

BRIGADA DE MONTANHA - DIA DA VITÓRIA


Juiz de Fora (MG) – No dia 26 de maio, foi realizada, no Comando da 4ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha, a formatura alusiva ao Dia da Vitória e ao Dia Nacional do Ex-combatente.

Conduzida pelo General de Brigada Júlio César Belaguarda Nagy de Oliveira, Comandante da 4ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha, a solenidade contou com a presença de autoridades civis e militares de Juiz de Fora e foi abrilhantada pela participação do Cap Nelson de Paula Reis, hoje com 101 anos de idade, que integrou a Força Expedicionária Brasileira.

O evento teve por finalidade reverenciar a memória e os feitos heróicos dos que lutaram e venceram, em 8 de maio de 1945, os que defendiam ideais de totalitarismo e tirania.

A democracia venceu!

Felizes os povos que cultuam seus heróis!

NOSSO GRITO DE GUERRA É MONTANHA!

Fonte: Com Soc 4ª Bda Inf L Mth

O véu da intolerância foi resgado - Por Otávio Santana do Rêgo Barros

 


sexta-feira, 26 de maio de 2023

Já estamos em guerra - Por Otávio Santana do Rêgo Barros

 


"Os fortes exercem o poder, os fracos se submetem." (Tucídides)


Em 1999, o Exército Popular da China compilou diversos estudos sobre técnicas de fazer a guerra do futuro, publicando-os no livro A GUERRA ALÉM DOS LIMITES, antecipando-se ao ambiente de conflito que observamos no mundo moderno.

Os autores, coronéis Qiao Liang e Wang Xiangsui, tomaram como referência a Guerra do Golfo, acontecida em 1991. Reconheciam-na desbalanceada no poder de combate, mas, independentemente dos resultados, seus reflexos mudariam a natureza da guerra contemporânea.

Em 2010, o professor americano Richard Clark publicou o livro CYBER WAR, no qual descreve as possibilidades de uma nova forma de guerra, baseada nas tecnologias da internet. Tratou sobre sistemas, alcances, desafios e oportunidades do emprego de ações militares no espectro cibernético.

Inaugurou-se um novo princípio para as guerras que permite a utilização de todos os meios, militares e não-militares, letais e não-letais, para compelir um inimigo a submeter-se aos interesses do adversário.

É da natureza humana, a guerra nunca deixará de existir. Doravante, irá permear a sociedade humana, de uma forma mais complexa, mais penetrante, encoberta e sutil. 

Tudo é guerra, nada é guerra.

O inimigo tornou-se invisível e confunde-se no tumulto das massas impactadas pelo embate e no choque de civilizações. 

As armas mais sofisticadas são operadas de grandes centros de comando ou até de minúsculas salas enfumaçadas em porões imundos.

A inteligência artificial ganha espaço nas decisões sobre a batalha. 

Os drones poupam vidas amigas e ceifam inimigas.

Satélites oferecem imagens de altíssima resolução para auxiliar na linha de ação. 

Um simples smartphone pode se tornar arma de guerra para difusão de narrativas.

Os combates à baioneta ficaram para as telas de cinema. 

Assim, as fronteiras tornaram-se permeáveis e devassadas. O sentido de proteção da soberania de um país precisará ser reajustado para fugir do estereótipo tridimensional. A ambiência do conflito será multidimensional.

A guerra nuclear, como instrumento de pressão, há tempos foi reavaliada. Não por acreditar-se na impossibilidade de seu emprego, ele existe sempre - na guerra da Ucrânia, vez por outra a Rússia sinaliza a possibilidade de seu emprego tático.

Entretanto, os últimos conflitos mostram que mais eficaz que uma destruição incontrolada pelas ogivas atômicas, assume protagonismo a guerra informacional, híbrida, cognitiva e “entre o povo”.

Diante deste cenário, algumas pessoas começaram a aceitar e regozijar-se com a redução do uso da força militar para resolução de conflitos. 

Tolos, a guerra persistirá sob outro formato, em outro cenário, sob regras que não protegerão os menos poderosos. 

A esses recomendo a leitura do diálogo meliano, na guerra do Peloponeso, histórico debate no qual enviados gregos deixaram claro aos melianos que possuíam armada e falange mais poderosas e por isso a discussão era mera retórica.

No mundo vulnerável, incerto, complexo e ambíguo (VUCA), a soberania estatal passa a ser relativa. 

Porquanto, será imperativo ressignificar os conceitos de segurança e defesa, deixando de observá-los apenas do ponto de vista físico, para adentrar-se no eletromagnético, espacial e cibernético.

O Brasil, por suas imensas potencialidades, é alvo constante de cobiça difusa. Deixar a porteira de nosso território aberta, sem guardas habilitados a defendê-la, seria irresponsabilidade criminosa das lideranças políticas. 

Todavia, há néscios que, a título midiático, ideológico e reacionário, propõem soluções simplórias, como cortar orçamento, alterar missões e inviabilizar projetos, olvidando o efetivo papel das Forças Armadas e suas demandas para cumpri-los.

Ao finalizar, transcrevo pensamento do General Golbery do Couto e Silva, emitido em 1952 e publicado na obra CARACTERÍSTICAS GEOPOLÍTICAS DO BRASIL: “Vivemos dias de transmutação radical e repentina de todos os valores e conceitos tradicionais. A vida vegetativa e relacional das sociedades, dos povos e dos estados, [...] se desarticula toda e desmorona ao embate incessante de novas forças incontroláveis”.

Nada mais atual. Olhe para o lado, caro leitor, o inimigo pode estar a prescrutá-lo. Já estamos em guerra.



*General de Divisão da Reserva