Talvez o leitor já tenha enfrentado a irritante tarefa de acompanhar uma obra para reforma de seu imóvel. Um sofrer constante com a incapacidade técnica ou conto do vigário se o mestre de obra escolhido não é um técnico responsável.
Aquele sujeito que foge do firmado em contrato, que escolhe auxiliares bisonhos, que admite paredes desalinhadas, que não se incomoda com vazamentos no banheiro ou portas empenadas que não fecham.
Tem até aquele que contesta o projeto de engenharia e arquitetura não obedecendo o rigor técnico da planta cuidadosamente desenhada.
Chega o dia da entrega da obra, você não sabe se chora de alegria quando a recebe inacabada, ou se ri por se livrar das dores de cabeça que o péssimo mestre de obras te impôs.
O ambiente político brasileiro se assemelha a uma obra contratada pela sociedade e assinada em ato público formal ao depositarmos o voto de confiança na urna eletrônica.
No pacto exigimos que o escolhido se comprometa a colimar seu trabalho de aperfeiçoar o país, o estado ou o município para o bem da comunidade.
Lastimosamente, esses mestres de obra e auxiliares escolhidos vêm demonstrando serem irresponsáveis profissionais. Sabe aquela conversa mole para fechar logo o contrato e depois vir com um rosário de desculpas para não entregar a obra nas condições previstas, pelo preço ajustado e no prazo contratual? É bem assim.
Nossos políticos se acostumaram a construir muros com argamassa de péssima qualidade. Ninguém os cobra mesmo! Ademais esses obstáculos impedem a comunicação entre o eleitor e o eleito. Uma proteção covarde usada para não dar conta de suas ações.
Melhor seria edificarem pontes que unissem margens, antes inalcançáveis, para permitir a procura de solução para as arestas políticas. Mas isso lhes põe medo. Não se acostumaram a dialogar, apenas a mandar.
É inacreditável que esses agentes políticos se encastelem em seus palácios sem pontes e se fechem em salões sem portas. Que administrem com base nos sussurros venais e nas fofocas escutadas nos cafezinhos de corredor.
Diante da incapacidade de compreenderem a arte de governar (verdadeira ciência), não custa relembrar-lhes a história dos três porquinhos.
As casas do bonachão e do preguiçoso não resistiram ao sopro do lobo astuto, hoje representado pela opinião pública.
Somente o porquinho diligente que erigiu a sua casa em terreno firme, com fundações profundas e material confiável dominará a narrativa positiva.
A opinião pública não verá razão para derribá-lo. Reconhece que esse gestor público trabalha desinteressado de ganhos pessoais e busca abrigar a sociedade contra as tempestades do ambiente político, psicossocial e econômico.
Isso se espera de um político decente. Respeito a toda sociedade, a que lhe concedeu o voto e a que lhe negou o voto.
Não se trata de sonhar com o inalcançável. Trata-se de exigir ética, respeito e retidão de caráter a esses mestres de obra.
De exigir que se comprometam a entregar o que foi firmado no contrato. O que foi defendido em seus projetos de governo, em suas plataformas políticas.
Analisemos as últimas eleições e avaliemos os mestres de obra a quem conferimos poder pelo voto. Eles foram coerentes com o defendido em suas propagandas, honestos em propósitos, atentos aos problemas da sociedade?
Os meus não foram.
Paz e bem!
Otávio Santana do Rêgo Barros
General de Divisão R1
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