Informação é poder. Compreender esse aforismo e aplicá-lo nas diversas situações da vida reforça a influência do indivíduo e, como consequência, lhe abre possibilidades de aquisição de mais poder. Um círculo virtuoso: “Poder – Conhecimento – Poder.”
Na Segunda Guerra Mundial, as agências de inteligência da Alemanha criaram um sistema de criptografia que, em condições normais para a época, era quase inexpugnável. Os aliados – sob a coordenação do matemático inglês Alan Turing – reuniram suas melhores inteligências para vencer o desafio de desvendá-lo.
O ENIGMA – codinome da máquina nazista –, após anos, foi quebrado em 1943 e o acesso ao seu código constituiu-se em um dos mais importantes fatores para a vitória aliada.
Se desejarem aprofundar esse tema tão interessante, recomendo o livro Enigma (BIBLIEX, 1978), de Frederick WilliamWinterbotham.
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Desde então, máquinas ultrassofisticadas são idealizadas em mentes brilhantes, desenhadas em pranchetas digitais do AutoCAD®️, construídas em laboratórios secretos e postas em operação para o resguardo de dados a proteger.Entre profissionais da inteligência não se imagina o trânsito de mensagens sensíveis sem a devida proteção ao conteúdo e aos interlocutores.
Infelizmente, ainda viceja no ambiente de poder (governamental, empresarial, científico etc.) amadorismo no trato de informações sigilosas, sejam elas pessoais ou institucionais.
Esta semana tivemos um exemplo gritante de como não se deve manusear conhecimentos que tragam debilidade à estrutura de poder.
Foi a divulgação de uma lista com 23 itens de assuntos que preocupam o governo na sua defesa diante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID-19. Um caso clássico, a ser estudado à luz de lucerna, sobre falta de cuidado no trato de temas delicados. Erro Crasso!
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Não há, na verdade, grandes novidades no documento vazado (fica, entretanto, uma interrogação para a contra-inteligência do governo: como, quando, por que, por quem e com que finalidade). O seu conhecimento facilitará as ações investigativas por parte dos senadores integrantes do colegiado, particularmente os opositores ao governo.
A preocupação com proteção de dados nunca foi um assunto de mesa de bar em nossa sociedade, de espírito bonachão e despreocupada com o futuro do país. Tampouco a sua efetiva aplicação.
Clicamos no primeiro “aceito” que aparecer na tela, com preguiça de ler os termos de condições de uso em inúmeros aplicativos. Usamos os programas de mensagens instantâneas dos smartphones, achando que estamos protegidos em nossa intimidade. Enviamos e-mails confidenciais em contas públicas (recordem-se da senadora Hillary Clinton que precisou justificar-se por ter enviado mensagens oficiais, valendo-se de um aparelho BlackBerry não criptografado). Falamos ao celular com estardalhaço e muita parolice todo tipo de assunto.
Como profissional de uma área na qual a informação correta, na hora certa, da fonte certa poupa vidas dos meus compatriotas, fico amolado com o nível elementar de utilização de ferramentas protetivas por gestores de alto nível e com as atitudes equivocadas na abordagem com assuntos confidenciais.
A CPI, fato de momento, vai gerar fricção em âmbito político. Que assim o seja. Discutir a pandemia é inquestionável.
Mas, quando se tratar de defesa da soberania nacional (leilão 5G, acordos de comércio, acordos tecnológicos, venda de estatais, planos militares …) e da construção do futuro seguro de paz e prosperidade para o país, não se pode hesitar. Acione-se a sirena de alerta e reconstrua-se o escudo de proteção!
Paz e Bem!
Otávio Santana do Rêgo Barros
General de Divisão do Exército
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