Um terremoto se abateu sobre o ambiente político do país. As decisões da Suprema Corte envolvendo o ex-presidente Lula alteram, sobremaneira, o equilíbrio de forças para a corrida eleitoral no próximo ano.
Não pondero os atos exarados pelos ministros, embora avalie a conduta pessoal dos magistrados e do ex-presidente em ambiente reservado da minha consciência.
O presidente Bolsonaro nadava de braçada na disputa pela “faixa presidencial”, com clara vantagem diante de concorrentes.
Poucos estavam dispostos a imolar-se ao identificar-se como seus adversários. Tinham muito a perder. Aguardavam o melhor momento para ocuparem o bloco de partida.
Os nomes são citados pela imprensa e por analistas políticos, e já ensaiavam o texto para subir à ribalta eleitoral. Entretanto, a peça ainda estava em produção.
O ambiente mudou. Agora é a hora! Baixem as cortinas. “Em política, quanto mais impossível melhor” (Aldous Huxley).
Sem adversários, o presidente não demonstrava preocupação em oferecer ações para atender ao todo. Mantinha-se adstrito aos seguidores, suficientes para que ele avançasse ao segundo turno com vantagem.
Um passe de mágica e tudo mudou. A presença de um adversário de peso, disposto a enfrentá-lo, alterou o comportamento do grupo no poder.
No discurso de lançamento da campanha, o ex-presidente, manhoso como sempre, ajustou as peças de artilharia, colimando os pontos mais frágeis do governo Bolsonaro: economia cambaleante, desemprego em alta e, sobretudo, débil combate a pandemia.
Poucas horas após o evento petista, o Palácio do Planalto inseriu intempestivamente uma cerimônia na agenda. Nela, as autoridades do governo participaram – uma novidade - usando máscaras de proteção contra a COVID.
Aliás, postura louvável e esperada como exemplo. No discurso, o presidente defendeu a vacinação e adequou as declarações para demonstrar serenidade.
Talvez com o susto do tiro de partida antecipado, o mandatário resolva enfrentar seus reais desafios e parar de duelar contra o imaterial, sob pena de perder a vantagem obtida no fato de que qualquer governo tem a caneta das verbas, das nomeações e das ações.
Viva a disputa de ideias. Diante do embate de forças, ambos os lados, e quem mais se arriscar, procurarão oferecer o melhor de seus projetos para convencer a sociedade de suas potencialidades. Restará ao vencedor cumpri-los.
Paz e bem!
Otávio Santana do Rêgo Barros
General de Divisão R1
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