domingo, 28 de fevereiro de 2021

VENCER A CORRENTEZA - POR OTÁVIO SANTANA DO RÊGO BARROS

 


As últimas semanas foram recheadas de acontecimentos que afrontaram o desejado equilíbrio entre os Poderes. Nada bom para o País.

Uma marcante característica da nossa República é a hegemonia do poder Executivo, detentor de muitas ferramentas de indução, até de pressão, para fazer valer seus objetivos políticos.

O mais claro desses alvos é a busca e a manutenção do poder. Aceito como natural esse apetite pelo mando (sucesso). Não há originalidade a quem demonstre essa tendência. Ressalto, entretanto, que os sinais dessa postura não devem se inclinar para o benefício de poucos, mas, ao revés, apontar para o amparo de todos.

A anomia moral que prevalece nesta Terra de Santa Cruz vem impactando o “andar da carruagem”, cujo passageiro é a sociedade tão sofrida.

Os cocheiros mostram-se imprudentes e negligentes ao escolherem o caminho mais acidentado e pouco iluminado que nos impede de discernir um futuro de estabilidade política com paz social.

Há poucos dias, um interlocutor, diante de minha aflição, me arguiu: quando se está no mar e somos tomados por uma forte correnteza, que opções podem ser adotadas? Camarada, ele adiantou: enfrentar a correnteza ou deixar-se levar.

 Na primeira opção, as forças podem ser sugadas pelo esforço físico do embate e você perece sem alcançar a praia.

Na segunda, a correnteza pode levá-lo a tão longe que você perderá a referência, ficando incapaz de distinguir o contorno da praia.

A meu ver, nenhuma das alternativas deve ser adotada pelos que desejam sinceramente o bem do País.

Sozinhos não temos força para enfrentar o antagonismo da corrente. E se não tivermos força para enfrentá-la, ficaremos à deriva.

É necessário compreender o que se passa. Aliás, “compreender significa, em suma, encarar a realidade, espontânea e atentamente, e resistir a ela – qualquer que seja, venha a ser ou possa ter sido” (Hannah Arendt).

Resta-nos, como sociedade consciente de nossos anseios, assoprarmos os apitos de sobrevivência (lembram-se do filme Titanic) para que o som chegue a outros impactados do mesmo espírito de preservação.

Os gritos facilitarão a reunião. Juntos, reforçaremos o emocional. Traçaremos estratégias factíveis. Escoimaremos o pânico. Nos manteremos flutuando para enfrentarmos a astuciosa correnteza que teima em nos afastar de nossos anseios.

 Ainda temos força e esperança. A praia está longe, mas à vista. E, sobretudo, percebe-se senso de urgência para a ação.

    Paz e Bem!

    Otávio Santana do Rêgo Barros

    General de Divisão R1

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