“Voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço, quero ver novamente "Vassoura" na rua abafando, tomar umas e outras e cair no passo”. Grande Luiz Bandeira!
Fosse um sábado natural, desfrutaríamos do carnaval, brincado na Avenida Guararapes com o Galo da Madrugada, subindo as ladeiras de Olinda acompanhando alguma troça ou nos preparando para o baile do Clube Português. Eita carnaval bom!
O período momesco marcaria o encerramento do ano e, ao vestirmos a fantasia, daríamos partida a 2021. Afinal, o ano no Brasil começa após o carnaval.
Não foi assim. Infelizmente! Esse é o carnaval da Covid-19. Passada a ressaca do retiro pandêmico, vamos nos preparar para retomarmos a rotina de nossas fainas.
Conhecendo a índole do nosso povo, lastimo que ainda veremos neste feriado as pessoas, incluindo autoridades, burlando o dever da proteção sanitária.
Como Sísifo, juntos empurremos a nossa pedra da sensatez montanha acima. Seguro de que ela, desta feita, não rolará ladeira abaixo.
As vacinas estão chegando e com elas a esperança de dias melhores. Muitos analistas advogam que criada a defesa imunizante – o efeito rebanho -, teremos empuxo para aquecer a economia.
Custou entenderem as autoridades a importância da variável sanitária nessa equação do progresso. Recursos humanos com higidez física e emocional.
As galés, impulsionadas por remadores, por vezes ficavam à deriva na medida em que seus braços tratores eram chicoteados por inescrupulosos feitores, adoeciam, morriam e, como carga imprestável, descartados ao mar.
Muitos países sofreram com as perdas irrecuperáveis de suas produções, as quedas substanciais de seus PIB e o desemprego galopante em razão de se ajustarem ao princípio científico de primeiro proteger seus remadores.
No entanto, os que logo entenderam o dilema, logo se farão ao mar com sua potencialidade renovada e seus braços produtivos em plena forma.
Ainda que estejamos atrasados, por razões sobejamente conhecidas de tantos de vocês, tenho expectativa de que se possa, em ação integrada do governo e da sociedade, voltarmos a cadenciar as batidas dos remos rumo ao porto do desenvolvimento. Basta de crescimentos pífios que afetem o bem-estar e a paz social.
E, vencido este ano, com os confetes e as serpentinas da esperança restaurada cantar: “ei pessoal, ei moçada, carnaval começa no Galo da Madrugada”.
Paz e bem!
Otávio Santana do Rêgo Barros - General do Exército e ex-porta-voz da Presidência da República
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