sábado, 2 de janeiro de 2021

Quem desdenha que compre! - Por Otávio Santana do Rêgo Barros


JC PERNAMBUCO
02 Jan 2021


Em mais uma semana perdida no combate à Covid-19, ao qual todos deveríamos, persistentemente, incorporar o espírito de união dessa época do ano, ouvi mais uma de tantas declarações relacionadas ao provimento de vacinas e essa, especialmente, deteve minha atenção.

Alegou-se que os consórcios produtores da vacina contra a Covid-19 deveriam buscar o contato com o órgão regulador da saúde nacional, visto que o Brasil, com sua imensa população, seria mercado de interesse para o “negócio” das empresas.   

Dei uma “googlada” para certificar-me do meu entendimento sobre a tese de Adam Smith, do livro A RIQUEZA DAS NAÇÕES, no qual trata do equilíbrio do mercado a construir-se pela dinâmica da oferta (quantidade de produtos disponíveis) e da demanda (interesse dos consumidores).

Em poucas palavras: se sobra o produto; o preço cai. Se o consumidor demonstra interesse; o preço sobe. Quem precisa, vai pagar mais caro. Inverteu-se, portanto, a lógica do problema. Ao mesmo tempo, afrontou-se a tese de Smith.

Ora! Se o mundo, com um mercado 35 vezes maior que o do Brasil, está demandando pelas vacinas (há países se antecipando e estabelecendo níveis de estoque), os ofertantes se sentem confortáveis para atender primeiro aos clientes que demonstrem maior interesse, ofereçam transparente diálogo e evidenciem organização.

Apontar o dedo para os laboratórios, intuindo que é deles a responsabilidade exclusiva por viabilizar o negócio (que fique claro, para mim negócio é vida), revela-se desconhecimento do funcionamento de uma lei muito propalada na capital federal: “mandam uns, outros obedecem.” 

Neste momento, quem manda são as empresas, quem manda é o mercado, quem manda é o imperativo da proteção à vida.

Essa “coisa” já nos levou cerca de duzentas mil almas, além de infectar sete milhões de cidadãos. Tudo ainda sem controle. #TodasAsVidasImportam! 

Notícia ruim chega a galope. Os indícios de ondas sucessivas de cepas virais com modificações e sobre as quais a ciência ainda busca respostas, nos traz mais aflição.

Sociedade, mobilize-se e imponha uma agenda, sujeitando os detentores do poder a movimentar-se para aparar as arestas e, prontamente, nos trazer boas e legítimas notícias.

Autoridades, ponham o seu melhor time em campo sob pena de sofrermos uma derrota por placar aviltante. Ou pior, ofender a decência da gente verde e amarela, perdendo a partida por W.O.

Paz e bem! 

Otávio Santana do Rêgo Barros, General da reserva e ex-porta-voz da Presidência da República.

Observação: Peço desculpas aos leitores por equivocar-me no último artigo: ...e ponto final! Onde se lê Senador McCarthy, leia-se Senador McCain.

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