O Brasil sempre teve vários jornais. Mas um jornal era conhecido como “o jornal”. Qual? O “Jornal do Brasil”. A cobertura política era de primeira linha. Assim como a análise dos fatos políticos. O “JB”, como era chamado por todos, tinha, entre outros, o Castelinho, Carlos Castelo Branco, e o Villas-Boas Corrêa.
Na área social, reinventando o jornalismo social, estava Zózimo Barroso do Amaral. Na cultura, havia o “Caderno B” e o “Ideias”. Reynaldo Jardim, o poeta e jornalista, e Janio de Freitas, jornalista que sabe tudo sobre design gráfico (diagramação, falava-se). Na crítica de poesia, que incluía tradução dos melhores globais, havia Mário Faustino (poeta, crítico literário e tradutor). Ferreira Gullar escrevia lá. Os concretistas ganharam espaço para suas diatribes poéticas gráfico-conceituais.
Vários outros pontificaram por lá — como Elio Gaspari, Roberto Pompeu de Toledo, Marcos Sá Corrêa, Wilson Figueiredo, Dora Kramer, Ancelmo Gois, Mario Sergio Conti, Wilson Figueiredo, Mário Pontes, Zuenir Ventura. O “JB” era, para os leitores, um jornal e quase uma religião — tinha seguidores. O jornal era quase a “Voz do Brasil”.
O que era bom durou muito, mas não durou para sempre, que é o que se espera de um grande jornal. Com (Manoel Francisco do) Nascimento Brito, o jornal estava em crise, mas permanecia um jornal, quase “o jornal”.
Depois que empresários de outros ramos “ocuparam-no”, dando-lhe nova feição, e, por fim, acabando com a edição impressa, o “JB” piorou e deixou de ser considerado um grande jornal. É mais um jornal, agora só na internet. Tornou-se tão-somente motivo de curiosidade pública. Ninguém que se preze o consulta mais ou o consulta apenas eventualmente.
Agora, anuncia o repórter Maurício Lima, editor da coluna “Radar”, da revista “Veja”, Nelson Tanure vendeu a marca “Jornal do Brasil” para o empresário Omar Catito Peres, do ramo gastronômico. Não se sabe se entende de jornalismo, mas ao menos o jornal saiu do controle de Nelson Tanure. Catito Peres “pretende retornar com a edição impressa da publicação”.
Curiosamente, as edições impressas dos jornais brasileiros ainda dão mais dinheiro do que as edições tão-somente digitais. Há um processo, que um marxista chamaria de dialético, curioso: as edições impressas são fortalecidas pela internet, porque aumentam o número de leitores, e em vários lugares do mundo, e, ao mesmo tempo, fortalecem o jornalismo on line dos jornais.
http://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/imprensa/jornal-do-brasil-muda-de-dono-e-vai-voltar-ter-edicao-impressa-87072/
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