Uma residência em São Mateus, Norte do Espírito Santo, que pertence à médica Ana Maria Barbosa, presa na manhã desta terça-feira (14), no Rio de Janeiro, por suspeita de envolvimento com uma quadrilha que praticava abortos, foi revistada pela Polícia Civil do Rio durante este primeiro dia da chamada Operação Herodes. Ela foi detida em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste carioca. Segundo um dos delegados responsáveis pelas investigações, Glaudiston Galeno, apenas essa médica já havia sido denunciada em 2001 pela prática de 6.352 abortos. De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, o material apreendido na casa dela em São Mateus será analisado.
Ao todo, na Operação Herodes, há 75 mandados de prisão e 118 mandados de busca e apreensão contra integrantes da organização apontada como a principal responsável pela prática de abortos no estado. Até as 19h, 57 pessoas que atuavam no esquema foram presas. Entre elas, seis médicos, seis policiais civis, três policiais militares, um bombeiro, dois advogados e um sargento do Exército. Segundo a Corregedoria da Polícia Civil no Rio de Janeiro, há registros de que a quadrilha realizava abortos em meninas de 13 anos de idade.
O condomínio de luxo onde Ana Maria Barbosa tem uma casa possui campo de golfe e heliponto. Na residência da suspeita, os policiais apreenderam R$ 3 mil em espécie e quatro carros de passeio. Durante toda a operação, foram apreendidas máquinas de sucção (utilizadas na prática do aborto), cerca de R$ 555 mil, quatro carros, além de documentos e medicamentos.
Organização criminosa
Segundo a polícia, a organização criminosa era dividida em sete núcleos - Campo Grande, Copacabana, Botafogo, Bonsucesso, Rocha, Tijuca, Guadalupe - com área de atuação na capital e na Região Metropolitana. Ao longo das últimas décadas, a quadrilha realizava manobras abortivas em mulheres nas mais variadas fases de gestação, incluindo as avançadas, pelas quais eram cobradas quantias mais elevadas.
Um dos responsáveis pelas investigações, o delegado Glaudiston Galeano, da Coinpol, disse que os médicos presos não podem ser considerados profissionais da Medicina. "Os locais, as clínicas de aborto, eram verdadeiros açougues. Os médicos não são médicos, são açougueiros. Eles matam como se estivessem matando um bezerro”, disse.
Ainda de acordo com o delgado, era cobrado valor de até R$ 7.500 para realizar o aborto.
Ainda de acordo com o delgado, era cobrado valor de até R$ 7.500 para realizar o aborto.
saiba mais
Operação
A investigação, que durou 15 meses, é a maior já realizada para combater esse tipo de prática criminosa no Brasil, em um inquérito policial com 56 volumes e 14.108 páginas. O levantamento mostrou que duas mil mulheres teriam se submetido a alguma intervenção em clínicas clandestinas e 80 delas já foram ouvidas pela polícia.
A investigação, que durou 15 meses, é a maior já realizada para combater esse tipo de prática criminosa no Brasil, em um inquérito policial com 56 volumes e 14.108 páginas. O levantamento mostrou que duas mil mulheres teriam se submetido a alguma intervenção em clínicas clandestinas e 80 delas já foram ouvidas pela polícia.
De acordo com as investigações, o público alvo da quadrilha eram mulheres, inclusive menores de idade, nas mais variadas etapas de gestação, até o sétimo mês de gravidez. Os valores cobrados pelo grupo por procedimento abortivo é de até R$ 7.500. Por mês, cada núcleo chegava a lucrar até R$ 300 mil.
Com base em documentos apreendidos pela Coinpol em uma clínica em Bonsucesso, no Subúrbio do Rio, foi possível identificar cerca de dois mil procedimentos realizados, com receita provável acumulada de R$ 2.771.150.
A organização criminosa, além de atender gestantes do Rio de Janeiro, prestava serviços para mulheres grávidas de outros estados, atendendo sempre em locais sem quaisquer condições de higiene e salubridade, expondo a risco a integridade física e a saúde das pacientes.
A Operação Herodes conta com a participação de 70 delegados e 430 agentes da Polícia Civil, com o uso de 150 viaturas e apoio da Corregedoria Geral Unificada (CGU), da Corregedoria Interna da Polícia Militar e do Exército Brasileiro. Havia equipes de policiais civis também em São Paulo e Espírito Santo para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão.
http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/10/medica-investigada-em-quadrilha-de-aborto-tem-casa-no-es-diz-policia.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário