terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

PM considera cancelamento do CarnaBenfica como 'decisão radical'

“Temos condições de oferecer um policiamento maior aos foliões”, diz PM.
Este ano 24 pessoas foram mortas em Juiz de Fora; Zona Norte lidera.

Roberta OliveiraDo G1 Zona da Mata

Passeata pela paz Bairro Benfica em Juiz de Fora (Foto: Reprodução/TV Integração)Moradores realizaram passeata pedindo paz no
Bairro Benfica (Foto: Reprodução/TV Integração)
A Polícia Militar (PM) considerou “radical” a decisão de cancelar o CarnaBenfica, tomada pela Associação dos Moradores do Bairro Benfica (AMBB) e confirmada no último sábado (15). A PM destacou que teria policiamento reforçado porque não haveria outros eventos concorrendo. De acordo com a associação, a decisão pretende acalmar a tensão na região e o objetivo é buscar uma solução conjunta para a situação. Nesta segunda-feira (17) foi enterrado o corpo de um homem de 40 anos, baleado no Bairro São Judas Tadeu, que morreu no domingo (16) após oito dias internado no Hospital de Pronto Socorro (HPS).
A Fundação Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), responsável pela programação oficial da cidade, lamentou o cancelamento do evento promovido há mais de 50 anos na zona Norte de Juiz de Fora. Procurado pelo G1, o superintendente Toninho Dutra enviou pela assessoria o posicionamento de que a Funalfa considera que o cancelamento do CarnaBenfica empobrece a folia de momo na cidade, por ser um evento tradicional. A Funalfa lembrou que era apoiadora do evento, que é organizado pela Associação dos Moradores.
Decisão radical

Já a PM considerou radical e unilateral a decisão de cancelar o evento. De acordo com o assessor de comunicação do 27º Batalhão, capitão Jean Michel do Amaral, a PM estava preparada para oferecer segurança ao evento. “Inclusive neste ano temos condições de oferecer um policiamento maior aos foliões porque a maioria dos eventos carnavalescos será realizado antes, como a Banda Daki e a Passarela do Samba. O CarnaBenfica seria um evento quase isolado, com a possibilidade de ter um efetivo muito maior alocado no Bairro, garantindo mais segurança que nos anos anteriores”, explicou. 
Ainda segundo capitão Jean Michel Amaral, mesmo com uma situação específica, houve segurança em 2013. “No ano passado nós tínhamos um problema muito sério nos bairros Vila Esperança I e II pouco antes do carnaval. E mesmo com nossos efetivos lá, a festa transcorreu com normalidade e nós não tivemos ocorrência de destaque no CarnaBenfica”, destacou. Ele ressaltou, também, que a PM estará presente onde houver evento carnavalesco nos 165 bairros das regiões Oeste, Sul e Norte, pertencentes à área do 27º Batalhão em Juiz de Fora.
Problema de todos

Na tarde desta segunda-feira (17), moradores da zona norte acompanharam o enterro de um homem de 40 anos, no Cemitério Parque da Saudade. Ele foi baleado no Bairro São Judas Tadeu no dia 8 de fevereiro e morreu na noite de domingo (16), no Hospital de Pronto Socorro, onde estava internado. De acordo com o boletim de ocorrência, ele estava em um bar, na Rua Otávio Pereira Torres, quando cinco jovens do bairro Santa Cruz chegaram atirando e fugiram de bicicleta. Ninguém foi preso ainda.
Pelos números da PM, 24 pessoas foram assassinadas em Juiz de Fora neste ano. Por região, foram registradas uma morte na Região sul e outra na Nordeste, duas no Centro e também na região Oeste, cinco nas zonas Leste e Sudeste, cada uma. E a região Norte lidera o ranking com oito mortes em 2014. O assassinato do morador do São Judas Tadeu não entrou no levantamento da PM, que só computa as mortes no local do acidente ou à caminho do hospital.
A presidente da Associação dos Moradores de Benfica, Aline Junqueira, reforçou ao G1 que a decisão do cancelamento foi um ato de responsabilidade social. “É uma decisão necessária diante de um contexto que nós estamos vivendo, um período de ânimos acirrados. Não só na praça, mas nos bairros do entornos. A gente faria uma festa no coração da Zona Norte e não estamos em clima”, comentou.
Aline Junqueira disse ainda que conta com a PM e o poder público para discutir uma solução para os casos de violência na Zona Norte. “Não é problema com a PM ou com o poder público, com o qual a gente se relacionou até então para organizar o evento. Nas últimas semanas esta questão da violência se acirrou e a gente quer fazer a discussão desses casos e chamar a atenção no sentido de trazer a paz”, disse.
http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2014/02/pm-considera-cancelamento-do-carnabenfica-como-decisao-radical.html

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