27 de Dezembro de 2013 - 10:58
Por Tribuna
Mais de 20 pessoas aguardavam no saguão de espera da Regional Leste, na manhã desta sexta-feira (27), enquanto os que conseguiam sair do setor de triagem recebiam a informação de que não havia médico para atendimento e que deveriam voltar depois das 19h ou procurar outra unidade de saúde. A situação, que tem sido recorrente no local, deixou os usuários revoltados. A jovem Carla Cristina da Silva, de 23 anos, moradora da Vila Ideal, na Zona Sudeste, deixou a sala de triagem indignada e chorando. "Estou com dores abdominais. Minha urina está apresentando sangue e me mandaram voltar às sete horas da noite. Vou sair daqui sem atendimento, tenho que ir trabalhar. Meu Deus, é um total descaso com os mais pobres", desabafou a moça, que disse se sentir desrespeitada enquanto cidadã.
Assim como ela, a maioria das pessoas que esperavam pelo médico haviam chegado à Reginal Leste, por volta das 7h, e, às 9h, quando a Tribuna foi até a unidade, poucos haviam sido atendidos pelo setor de triagem. Uma funcionária relatou à reportagem, sem se identificar, que não havia médico e que esse problema era constante, uma vez que a Secretaria de Saúde não mandava profissionais para lá. Outro funcionário também disse que, na sexta-feira, normalmente, há três médicos na Regional e que, nesta sexta, o profissional responsável pelo atendimento de consultas não estava no local. Por isso, depois de passarem pela triagem, os usuários estavam sendo orientados a voltar depois das 19h ou procurar outra unidade de saúde.
Morador do Bairro Esplanada, na região Norte, Luiz Carlos Sifronho, 63 anos, sentia tremedeira e alegava que sofria de pressão alta e problema na próstata. Ele contou que chegou ao local antes das 7h e esperava há mais de duas horas. "É um absurdo estar aqui e não conseguir ser atendido. Isso é uma falta de respeito com a população", esbravejou. Rosinei Vieira Gregório, 52, mora no Costa Carvalho, mesmo bairro onde se encontra a Regional Leste, e ficou inconformada, quando mandaram ela procurar a Unidade de Pronto Atendimento (Upa) de Santa Luzia. "Eu levei um tombo e estou com muita dor na região das costas. Eu moro aqui no bairro e eles me mandaram ir procurar médico do outro lado da cidade. Me disseram que estou com um traumatismo e que tenho que ir para lá. Mas, como vou para lá sentindo dor?", questionou a mulher.
O estudante Douglas Washington da Silva, 18, do Granjas Bethel, Zona Sudeste, também se sentia desrespeitado. "Cheguei às 7h30 e já são 9h e não fui atendido. Estou com muita dor no ouvido e nada até agora. Tinha uma senhora aqui que foi embora, ela estava sentindo muita dor e disse que estava urinando sangue. Ela se foi sem passar pelo médico." Morador do Morro da Glória, na região central, Alário de Almeida Nascimento, 48, disse que ia desistir de esperar. "Estou no horário de serviço, tive febre e vou ter de ir embora. Estou com uma gripe muito forte e tenho medo de virar pneumonia", afirmou o trabalhador, acrescentando que reside no Morro da Glória e que, naquela região, não há unidade pública de saúde. "Eles acham que lá só mora gente rica e tem dinheiro para pagar médico privado. Aí a gente sai de lá e vem até aqui e não consegue ser atendido. É uma vergonha."
A Secretaria de Saúde foi procurada para falar a respeito da situação, mas ainda não se manifestou.
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