O piloto Rogério Almeida Antunes, preso no último fim de semana acusado pela Polícia Federal de tráfico de drogas, é lotado na 3ª Secretaria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no cargo de agente de serviço de gabinete, com salário de R$ 829,67.
Antunes era quem, segundo a polícia, pilotava um helicóptero no qual foram apreendidos 450 quilos de cocaína, em Afonso Cláudio, cidade do interior do Espírito Santo. O aparelho é da Limeira Agropecuária, empresa do deputado estadual Gustavo Perrella (Solidariedade), filho do senador Zezé Perrella (PDT-MG). Além do piloto, que é funcionário da agropecuária, mais três pessoas foram presas durante a operação da Polícia Federal.
Nesta segunda-feira (25), em entrevista coletiva concedida em Belo Horizonte, o deputado Gustavo Perrella disse ter tido ciência da apreensão do helicóptero pela imprensa e que não tinha autorizado o uso do helicóptero para o funcionário. Ele afirmou desconhecer se o empregado teria sido coagido para transportar a droga. O parlamentar revelou ainda que um boletim de ocorrência foi feito pela família dele retratando o roubo da aeronave.
Já nesta terça-feira (26), a assessoria do parlamentar disse que ele estava em Brasília-DF e somente poderia falar sobre o caso do piloto lotado na assembleia quando retornasse a Belo Horizonte.
A 3ª Secretaria tem como titular o deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT). De acordo com a assessoria do político, as nomeações para os cargos da estrutura da secretaria são de responsabilidade dos presidentes de comissões da Assembleia. No caso, Gustavo Perrella é presidente da Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo. Ainda conforme o setor, não há influência do secretário titular nas nomeações.
O UOL não conseguiu contato com advogado do piloto. De acordo com a assessoria da Assembleia, Antunes foi nomeado em 12 de março deste ano e ainda tinha mensalmente auxílio alimentação (R$ 400) e auxílio transporte (R$ 200). A exoneração do cargo, a pedido de Gustavo Perrella, será publicada no Minas Gerais, diário oficial do Estado, com data retroativa a partir de hoje.
Sem autorização
Segundo o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro – também conhecido como Kakay e quem representa os interesses de Gustavo Perrella, o piloto utilizou o helicóptero sem autorização da família ou de representantes da empresa. "Ele usou fora do ambiente de trabalho, sem autorização, e ainda para fim absolutamente ilegal", afirmou ontem ao UOL.
De acordo com Almeida Castro, Gustavo Perrella estava em Brasília no momento da operação. Kakay disse ainda que o helicóptero costuma ficar estacionado em um restaurante em Belo Horizonte.
O advogado afirmou que a família procurou a Polícia Civil para registrar uma ocorrência por apropriação indébita. O defensor disse que o responsável pela operação lhe afirmou que o piloto não foi coagido a transportar a droga e agiu intencionalmente. Almeida Castro já atua como defensor do Cruzeiro e de Zezé Perrella, e esta é a primeira vez que trabalha diretamente para o filho de Zezé.
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