11 de Novembro de 2013 - 19:55
Reunião entre Liga das Escolas de Samba e Prefeitura espera apontar soluções para que agremiações entrem na avenida mesmo com suas quadras interditadas
Por Mauro Morais
"A gente enverga mas não quebra", brinca Luiz Carlos Masson, presidente da escola de samba Real Grandeza, para logo completar: "Para pôr o carnaval na rua, a gente coloca até dinheiro do próprio bolso". Interditada pelo Corpo de Bombeiros, a quadra da agremiação é uma das fontes de renda dos desfiles que leva para a passarela. Segundo ele, a impossibilidade de alugar e ensaiar no local prejudica o andamento da escola, que aguarda o campeonato após duas vice lideranças. Assim como a escola do Bairro Costa Carvalho, outras seis enfrentam interdições (Acadêmicos do Manoel Honório, Juventude Imperial, Mocidade Independente do Bairro Progresso, Rivais da Primavera, Turunas do Riachuelo e Vale do Paraibuna), colocando em xeque os desfiles de 2014. "A situação está complicada, já que, no final do ano, nós alugamos a quadra com muita frequência. Deixamos de receber uma quantia, mas continuamos pagando funcionários, conta de luz e outras despesas", relata, dizendo já ter entregue os documentos há duas semanas.
"Tem escolas que estão com problemas desde 2005. Já tentamos negociar com a promotoria e com o Corpo de Bombeiros", comenta Paulo Mancini, presidente da Liga das Escolas de Samba de Juiz de Fora, a Liesjuf, que nesta quarta-feira (13), às 19h, se reunirá com a comissão do carnaval, formada por membros da Prefeitura, a fim de discutir os impasses. De acordo com a 5ª Companhia de Prevenção e Vistoria do Corpo de Bombeiros, não há mais negociações, as escolas precisam elaborar um projeto de prevenção contra incêndio e pânico e executá-lo, com a finalidade de obterem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). Atualmente, apenas as escolas Turunas do Riachuelo e Unidos do Ladeira possuem o documento na cidade. Apesar de liberada pelo Corpo de Bombeiros, a Turunas ainda segue impossibilitada de utilizar a quadra para grandes apresentações pela Secretaria de Atividades Urbanas, a pedido do Ministério Público, que se mostra atento às irregularidades, acompanhando o caso de perto. Procurada pela Tribuna, a Promotoria de Justiça de Urbanismo informou que analisa cada escola detidamente para a elaboração de ações específicas contra elas, já que todas apresentam, em alguma medida, desacordos com a lei.
"Acho muito difícil regularizarmos agora. Não existe condição financeira para fazer tudo o que é preciso. O tempo é curto, e as escolas não têm dinheiro", pontua Mancini, destacando os custos altos para os ajustes exigidos. Apontada pelas agremiações como um problema constante, a escassez de verbas justifica as inadequações e também compromete os desfiles do próximo ano. "Nosso orçamento chega a quase R$ 150 mil. Dá para desfilarmos sem a quadra aberta, mas perde o brilho. Esse espaço é que faz a finança", explica David Chaves, presidente da Juventude Imperial. Para ele, o ideal seria que todos se documentassem, mas não é uma ação simples. "Quando a Juventude construiu sua quadra, não havia essa lei. Para se adequar, agora, fica muito custoso", conta, citando as multas que já recebeu.
Ensaio na praça
Segundo o presidente da Liesjuf, Paulo Mancini, uma das alternativas para colocar o bloco na rua é realizar ensaios abertos semanais, aos sábados, na Praça da Estação. "Estamos preocupados com a imagem do carnaval da cidade", diz, referindo-se à grande responsabilidade que enfrentarão no próximo ano, já que os desfiles foram antecipados em uma semana, na expectativa de que o público aumente. "O trabalho já está todo adiantado. Começaríamos a trabalhar nas alegorias agora. Vamos tentar de tudo para colocar na rua", afirma em tom otimista David Chaves, da Juventude Imperial. "Os carros já estão sendo feitos, as fantasias já estão quase prontas. Algumas alas já foram finalizadas. Tem muita gente trabalhando nisso", engrossa o coro, otimista, Luiz Carlos Masson, da Real Grandeza.
Da mesma forma, a Funalfa trabalha normalmente organizando os desfiles e outros eventos do carnaval de 2014. "A Funalfa vai trabalhar contando que os desfiles irão acontecer. Não temos um plano B. A Prefeitura vai ouvir, ajudar e apoiar a Liga e decidir em conjunto", enfatiza Toninho Dutra, superintendente da Funalfa, afirmando que as licitações estão sendo feitas e destacando a importância da reunião de quarta. "Para a Prefeitura, não existe a possibilidade de ampliação dos recursos. O limite máximo a ser gasto no carnaval do próximo ano é de R$ 1.450 milhões", completa.
Momento de superação
Com os CDs saindo do forno, a Liesjuf espera reverter a situação que, segundo Paulo Mancini, pode ser ainda mais dramática caso não ocorram os desfiles. "Quase 50% das escolas já usaram sua carta de crédito. Atualmente, cerca de 40% das agremiações apresentam dívidas referentes ao carnaval passado. Além disso, quem forneceu matéria-prima para o carnaval do ano que vem também pode ser prejudicado", observa, certo de que entrar na avenida é necessário. "Esse é o momento de superação, de dizer que se tem muita gente que não gosta de carnaval, nós gostamos e trabalhamos para quem é apaixonado por esse espetáculo", finaliza Luiz Carlos Masson, defendendo a grandeza do real carnaval.
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