APL de Defesa do Grande ABC
industriadefesaabc.com.br
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No início deste mês, oficiais das Forças Armadas participaram de uma audiência pública no Senado para falar sobre pesquisa, inovação e investimentos em centros de tecnologia. Entre os convidados estava o chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, o General Sinclair Mayer. "O que fizemos foi passar aos senadores um panorama do que estamos realizando. Todas as Forças estão engajadas em projetos importantes, alinhadas com a política nacional de defesa", comenta. Para o General Mayer, tão relevante quanto essa sintonia é a contribuição da indústria e do conhecimento acadêmico para o avanço da inovação tecnológica no setor.
De acordo com o oficial, a população ganha duas vezes com o desenvolvimento das Forças Armadas no setor tecnológico: primeiro, por contar com uma área de defesa mais bem preparada para qualquer situação; segundo, porque as inovações são estudadas de forma a atenderem também a sociedade civil. "Todas as tecnologias militares têm de ser duais, o que só gera benefícios para a sociedade. Até pelo fato de as inovações serem mais refinadas, devido ao elevado grau de exigência", avalia o General Mayer.
Para os próximos anos, a expectativa em relação aos avanços no segmento de pesquisa e desenvolvimento é ainda maior. No dia 20 de setembro, foi realizado o lançamento da pedra fundamental de criação do Polo de Ciência e Tecnologia do Exército em Guaratiba (PCTEG), na cidade do Rio de Janeiro (RJ). O objetivo é centralizar geograficamente todo o sistema de ciência e tecnologia do Exército, além de abrir mais espaço para a área de ensino. Atualmente, já funciona no local o Centro Tecnológico do Exército (Ctex).
A previsão é de que todo o projeto seja concluído até 2020, o que dependerá de o Exército conseguir os recursos necessários. Para a primeira etapa, que deve terminar em 2015, o orçamento é de R$ 1,5 bilhão. O General Mayer explica que, devido à representatividade do setor acadêmico no projeto, já contam com a participação do Ministério da Educação. É preciso muito mais, e o aporte deve vir de parcerias público privadas (PPP). "Este projeto, que já existe desde a década de 1980, é abrangente e de longo prazo. Tal solidez favorece o interesse de investidores. Para o conjunto da obra, contamos com o apoio do Ministério de Desenvolvimento para buscar as PPPs, e já há interessados, inclusive de grande porte", explica o oficial.
O PCTEG receberá, na primeira etapa, o Instituto Militar de Engenharia (IME), que hoje está na Urca. Também serão construídos no local o Instituto Militar de Tecnologia e o Instituto de Pesquisa Tecnológica Avançada. Todo esse potencial de desenvolvimento atenderá não só o Exército mas também outros órgãos que necessitem de conhecimento e até mesmo a indústria de defesa de maneira geral. Por esse motivo, o General Mayer deixa clara a possibilidade de parcerias com polos industriais de diversas regiões do País, como é o caso do Grande ABC, em São Paulo. "Estamos na fase de levantamento de dados e organização de todos os agentes de centros de pesquisa, mas chegará um momento em que teremos de nos aproximar. São Paulo é um centro de inteligência industrial e acadêmica, e a região do ABC certamente entrará em nosso mapeamento", confirma o oficial.
O General ressalta que essa aproximação é muito valiosa, até porque evita o esforço do Exército em algo que uma determinada empresa já criou ou está desenvolvendo. O mesmo em relação a instituições de ensino. Segundo o oficial, o Exército já tem projetos em andamento por meio de parceria com a Universidade de São Paulo (USP), unidade de São Carlos (SP), e assinou acordo de operações com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A contribuição dos estudantes é uma das motivações: "Quando provocados, desafiados para a pesquisa, os jovens de graduação e pós-graduação respondem muito bem e os resultados logo aparecem".
Para o General Mayer, este é um momento especial. "Estou há 48 anos no Exército e o sentimento que tenho é de que sou um privilegiado por ver essa onda de mudança da era industrial para a do conhecimento. O século XXI já desponta como o século da inovação", destaca.
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