segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Abaixo-assinado para retirada de monumento da praça de São Mateus

20 de Outubro de 2013 - 07:00


Por Cíntia Charlene

Um monumento localizado na Praça Jarbas de Lery Santos, no Bairro São Mateus, região Sul, tem tirado o sono de moradores da região. Trata-se de mais uma área de lazer que sofre as consequências da má utilização do espaço público, tornando-se alvo constante de problemas envolvendo a violência. Preocupados com a situação, moradores do entorno organizaram um abaixo-assinado, que já tem cerca de 500 adesões, reivindicando a demolição do monumento, instalado na Administração Mello Reis (1975 a 1981). "Fomos na Divisão de Patrimônio Cultural (Dipac), e nos informaram que não é uma obra tombada pelo município. O lugar está sendo usado como lixeira, esconderijo para drogas, dormitório para moradores de rua e local para prática de sexo", desabafa um morador do entorno. Ele conta que chegou a ir à Empav para pedir providências, mas nada foi feito. A comunidade foi orientada a fazer um abaixo-assinado. "Ao documento, anexamos fotos do local e uma declaração da Dipac. Algo precisa ser feito."
A Tribuna esteve na praça e comprovou o uso inadequado do monumento. Um homem que passava nas imediações, usou o equipamento urbano como banheiro em plena luz do dia. A reportagem também constatou sujeira e odor desagradável. A moradora de um apartamento que fica em frente à área de lazer conta que presencia situações constrangedoras. "À noite, acordamos com as pessoas mexendo no local. Durante o dia, a movimentação continua. No fim de semana é ainda pior, as crianças ficam expostas ao frequentarem a área, já que eles não respeitam ninguém. Não podemos nem chegar na janela."
Na avaliação de outro morador, a situação é preocupante já que usuários de drogas utilizam o espaço. "Moro aqui há quatro anos, e, à noite, a praça fica ainda mais perigosa. Uma das razões de uma vizinha do primeiro andar, que tinha um apartamento de frente, ter se mudado, é que não aguentava mais o cheiro ruim. O imóvel está disponível para aluguel há mais de três meses."
Iluminação e policiamento
Além das queixas referentes ao monumento, os moradores reclamam da falta de iluminação e policiamento na praça, o que agrava a sensação de insegurança. "Às vezes, um policial passa, mas é só", afirma um vizinho do espaço. A síndica de um dos prédios localizados na praça conta que, à noite, alguns moradores entram pela garagem, com medo de sofrerem abordagem ou retaliação. "Meu filho foi abordado por um dos elementos, só depois que ele mostrou que não tinha nada nos bolsos é que foi liberado."
A Empav informa, por meio da assessoria de comunicação, que a praça foi revitalizada em maio passado. Na ocasião, a área foi pintada e os passeios recompostos. Rampas de acesso foram implantadas, e também foram realizadas a capina e a poda das árvores. Em relação à iluminação, a empresa antecipa que a troca das lâmpadas deve ser feita nos próximos meses, sem precisar uma data. Já quanto à solicitação de demolição do monumento, o órgão informa que a decisão é de competência da Secretaria de Governo. A pasta espera a entregue do abaixo- assinado para avaliar as providências a serem tomadas.
Em relação ao policiamento na região, o comandante da 32ª Companhia da PM, capitão Ricardo Schafer, afirma que a Polícia Militar trabalha "de maneira pró-ativa", mantendo policiamento constante na praça e nos arredores. "A partir do momento que somos acionados, vamos ao local para fazer uma averiguação. O policiamento nos bairros São Mateus e Alto dos Passos já foi reforçado. Não existe demanda para aumentarmos o efetivo no local. Inclusive, os crimes na região diminuíram."
Ponto de encontro
Moradores do bairro avaliam que a praça tornou-se mal vista pela população da cidade, em virtude de acontecimentos negativos, como assaltos e tráfico de drogas, contribuindo para que as pessoas se afastem do local. "Queremos que a nossa praça seja usada como espaço de lazer, queremos que haja mais atrações culturais, e que as pessoas frequentem o espaço sem receio," defende um morador. "Os espaços públicos existem para serem ocupados. Eles permitem o encontro do diferente, do diverso. Permitem que as pessoas se encontrem, dialoguem. As ruas, as praças, os espaços de lazer são essenciais para a cidade. A própria cidade é pública, vai além da lógica do privado," defende a coordenadora no Núcleo de Geografia, Espaço e Ação da UFJF, Clarice Cassab.
Para o professor de Filosofia da UFJF Joares Gomes Sofiste, retirar o monumento não irá resolver os problemas enfrentados pela população. "Em um contexto geral, a solução é mobilizar o Poder Público para que o problema seja resolvido e não retirar o monumento. Trata-se de um problema social. Retirar a pessoa que está dormindo ali, por exemplo, não resolve. Ela vai sair dali e vai para outro lugar. Uma alternativa seria cercar o monumento e não demoli-lo."

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