09 de Fevereiro de 2013 - 07:00
Sem histórico de envolvimento com brigas, jovem de 18 anos foi vítima de ataque de um grupo de dez adolescentes
Por Daniela Arbex
Seis dias depois de ter sido encontrado caído na Rua Marechal Setembrino de Carvalho, no Bairro Mariano Procópio, próximo à Ponte do Ladeira, o jovem C., 18 anos, continua internado no CTI do HPS após ter sido brutalmente espancado na saída de um baile pré-carnavalesco realizado no dia 2 de fevereiro. Estudante do ensino médio e funcionário de uma corretora de seguros desde os 15 anos, onde iniciou como estagiário, o rapaz teria sido atacado por cerca de dez adolescentes, quando seguia para casa. Sem histórico de envolvimento com brigas ou atos infracionais, C. deu entrada no hospital com traumatismo cranioencefálico e trauma na região da bexiga. Na polícia, o caso foi registrado como lesão corporal, mas os pais da vítima contestam a natureza do crime e lutam para qualificá-lo como tentativa de homicídio. Outro rapaz que também foi agredido quando deixou o evento ao lado da namorada e do sogro afirma que, no momento em que C. percebeu o tumulto na porta do estabelecimento, teria se afastado para se proteger, sendo, porém, surpreendido.
"Nós nos encontramos dentro do baile, mas não fomos e nem saímos juntos. Eu estava com minha namorada, meu sogro e um amigo que também foi cercado por uma gangue na saída. Acabei apanhando também. Mas me levantei e corri. Quando soube o que aconteceu com o C., percebi que não tinha sofrido nada perto do que aconteceu com ele", contou o jovem de 20 anos.
Indignada com o episódio que transformou seu filho em estatística da violência, a comerciante E., 48 anos, não quer que o episódio seja mais um em que os autores ficarão isentos de responsabilização. "Quero justiça", afirmou, em lágrimas, enquanto esperava no hospital por novas notícias do filho. Muito abalada, ela confessa não ter forças para visitar o filho no CTI, em função da gravidade de seu estado. C. está sedado após passar por uma cirurgia de emergência na cabeça. "Sinto como se eu é que tivesse sido espancada, de tanta dor diante do quadro dele, um filho responsável, que foi tão cuidado e amado. Não posso entender tanta violência gratuita", diz, ao mostrar o horário do último contato feito por C., pelo celular, no dia da festa. Três horas antes de ser escolhido como alvo, o rapaz mandou uma mensagem para a mãe, à 1h41 do dia 3 de fevereiro. "Estou no verde e branco, vou demorar para ir embora. Não precisa esperar. Beijos."
Dois dias antes do episódio, C. havia postado no Facebook frases de paz. "Dê mais valor às coisas simples da vida", escreveu em uma delas. Aliás, conhecidos e amigos do rapaz estão usando a rede social para enviar recados para ele e sua família, bem como pedir o fim da violência que tem banalizado a vida. Uma das publicações diz: "Pais e mães, prezem pela vida de seus filhos, pois não há neste momento, pelo menos em Juiz de Fora , planos eficazes e efetivos que coíbam este tipo de ação. Solidário ao C., seus familiares e amigos. Contra a violência urbana gratuita. A favor da vida."
Cátia Moreira, advogada e proprietária da corretora onde C. trabalha, se diz assombrada com o caso. "A cidade está refém dessa violência que nos assombra. Hoje existe o entendimento de que as vítimas de gangue fazem parte delas. C. não é de gangue. Nunca foi. É amigo de infância do meu filho, um garoto que sempre lutou para alcançar o melhor e entrar para a universidade. O que aconteceu com ele, definitivamente, não foi lesão corporal, mas tentativa de homicídio."
http://www.tribunademinas.com.br/cidade/espancado-em-saida-de-baile-esta-no-cti-1.1229138
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