domingo, 6 de janeiro de 2013

Entrevista/Francisco Canalli, secretário de Esporte e Lazer


Por WALLACE MATTOS

Com a troca de Governo realizada no dia 1º de janeiro, o novo prefeito, Bruno Siqueira (PMDB), também mudou o comando da Secretaria de Esporte e Lazer (SEL). O radialista Francisco Carlos Canalli, 40 anos, assume uma pasta no Executivo municipal pela primeira vez. Eleito vereador na legislatura 2005 a 2008, ano no qual, nos seis últimos meses, foi presidente da Câmara de Vereadores, ele também ocupou uma cadeira no Palácio Barbosa Lima entre janeiro de 2011 e junho de 2012, como suplente do próprio Bruno Siqueira, eleito deputado estadual em 2010.
Há apenas quatro dias no cargo, o novo secretário falou com exclusividade à Tribuna. Já carregando a experiência de ter participado da SEL na administração anterior como subsecretário de Esporte e Lazer por dois anos (entre janeiro de 2009 e janeiro de 2011), Canalli anunciou uma reformulação geral, desde a estrutura física da sede da pasta até a forma de ajudar equipes e atletas locais na busca por patrocínio, passando pelos quadros da secretaria e a maneira de contato com a população.
Correndo contra o tempo, Canalli deseja a conclusão e inauguração mais breve possível do Ginásio Municipal e coloca como prioridade reformulações no Estádio Radialista Mário Helênio, para adequar a arena às exigências da Federação Mineira de Futebol (FMF) para a disputa do Campeonato Estadual. Canalli também acena com alternativas para torná-la atrativa a possíveis seleções interessadas em vir à cidade para se aclimatar para a Copa do Mundo de 2014.
Tribuna - Como se deu seu envolvimento com o meio esportivo?
Canalli - Sempre tive um desejo muito grande de atuar no esporte já quando trabalhava no rádio. Tinha quadros de esporte no meu programa, mas trabalhar especificamente no setor não cheguei a trabalhar. A minha primeira grande experiência no meio foi em 2009, quando fui convidado para assumir a subsecretaria de esporte da SEL. Assim, acabei podendo ter essa visão de executivo, de realizar algo dentro do setor.
- Em que essa experiência será útil para sua gestão?
- Naquele primeiro momento, a pergunta que não queria calar era essa: 'Por quê o Canalli de subsecretário de esporte?'. Realmente não tinha tanto envolvimento com o esporte para ser subsecretário naquele momento. Mas parecia que já era uma preparação de Deus para a função que a gente assume hoje. Adquiri uma experiência de conhecer o setor, de gerenciar. Sempre tive essa quedinha para o gerenciamento, digamos assim. Fui presidente da Câmara de Vereadores e confesso que gostei muito. Não tinha tanta autonomia (na SEL), até porque era subsecretário. Era mais um 'ajudador' nas coisas que podia colaborar. Mas procurei conhecer os principais problemas que afetavam a cidade no setor esportivo naquele momento.
- Qual será a principal diretriz de sua gestão?
- A gente precisa falar em reestruturação, a começar pelo espaço físico. Hoje a situação da sede da SEL (o antigo Cesporte, em Santa Terezinha) é bastante precária. É uma construção espaçosa, mas que sofreu um desgaste natural. Queremos também promover reuniões setoriais para ouvir a sociedade. Sobre todas as atividades de projetos, programas que formos desenvolver, queremos essa discussão: 'é isso que o povo quer?'. Nada melhor do que consultar os conselhos, que são representativos, como o próprio Conselho Municipal de Desportos (CMD), que será um grande parceiro da SEL. Não sou o dono da secretaria, sou apenas a pessoa escolhida pelo prefeito para estar à frente dela, que é do povo de Juiz de Fora. Então, queremos atender os anseios dele.
- Um dos grandes desafios da SEL é não contar com um orçamento próprio. Como garantir uma verba especificamente destinada para o desenvolvimento esportivo da cidade?
- Avaliamos que é muito importante que o trabalho de rendimento seja valorizado para que consigamos formar bons atletas, mas é primordial que a gente tenha um trabalho de inserção. Quando falamos nisso, começamos a mexer com o social. Temos problemas sérios nesse aspecto, de crianças e adolescente que iniciam muito cedo no mundo das drogas e do crime. Essa inserção, com acompanhamento, pode ser feita através de uma grande parceria com a Secretaria de Educação. Mostrando preocupação com atividades físicas para a população em geral, falamos de esporte e saúde. Enfim, pretendo mostrar que, com essas iniciativas, podemos evitar problemas no social, na educação, na saúde, na segurança pública. Consequentemente, gastaremos menos nesses setores, mostrando que investir no esporte é formar, sim, bons atletas, mas sobretudo bons cidadãos, saudáveis e com boas condutas.
- E o apoio a atletas e equipes, como será conduzido?
- Temos atletas fantásticos, nas mais diversas modalidades, que acabam limitados pela questão financeira. Enxergando essa realidade, através de emenda parlamentar, consegui (como vereador) destinar verba para o Fundo Municipal de Desportos, o que ajudou vários atletas. Compreendo que não dá para resolver o problema de todo mundo. Mas se não podemos financiar atletas e equipes, poderemos ajudar na elaboração de projetos para eles. Pretendemos ter uma equipe especializada na elaboração desses projetos e uma outra especializada na busca de recursos. Nós, enquanto Governo, podemos conversar com a iniciativa privada de uma forma diferenciada, olhar no olho do empresário e buscar seu comprometimento. Acho que podemos ser a ponte que muitas vezes os esportistas não encontram até a iniciativa privada.
- Hoje a cidade conta com um único representante no futebol profissional, o Tupi. Qual é a orientação do novo Governo com relação ao patrocínio ao clube?
- O Tupi é nossa pedra preciosa. É o time que todos nós amamos. Ainda não temos condições de falar em termos financeiros, até porque o prefeito acabou de assumir o Governo e busca as informações necessárias sobre as contas e o orçamento da Prefeitura. Mas não tenho dúvidas de que o prefeito tem essa visão de continuar apoiando, ajudando. No que depender de mim, o clube terá um grande parceiro.
- E quanto ao time de vôlei da UFJF e ao de handebol da ADJF/Vianna Júnior?
- Não temos dúvida da importância de apoiar essas equipes que mostram a cidade para o Brasil. Antes de tudo, temos que dar os parabéns às iniciativas. O poder público vai apoiá-los, a SEL vai ser uma grande parceira. E precisamos buscar em conjunto mais iniciativas empresariais para ambos. Conversar com as grandes empresas, sentar com os empresários. Temos grandes empresas em Juiz de Fora que patrocinam times de fora. Por que não abrir esse leque e olhar para a cidade, que anseia esse patrocínio também?
- Em 2013, as cidades que pretendem ser Centro de Treinamento de Seleção (CTS) antes da Copa do Mundo de 2014, caso de Juiz de Fora, terão um ano decisivo, pois a maioria das equipes nacionais define onde fará sua preparação durante o sorteio dos grupos do Mundial, previsto para dezembro. Quais serão os passos a partir e agora para trazer à cidade um dos 32 participantes da Copa de 2014?
- O que tenho observado, e é informação oficial, é que apenas a federação da Austrália esteve aqui na cidade para avaliar Juiz de Fora. Esse ano, a tendência é que essas conversas fervam mais. Para que tenhamos sucesso em atrair uma delegação para a cidade, temos que ter o envolvimento de vários setores. A cidade precisa estar estruturada em termos de turismo também, oferecer novidades. Isso pode ser feito, mas precisa haver projetos de eventos, de encontros, de feiras, enfim, algumas iniciativas que podem se tornar atrações turísticas, além das que já existem. Também a estratégia de conversar com mais seleções. Estamos em um eixo fantástico, apesar de sabermos que isso depende também do sorteio, de onde cada time ficará sediado. Mas se iniciamos conversas com várias seleções agora - principalmente as comissões técnicas, pois quem vai bater o martelo sobre isso é o treinador -, podemos ter vantagem.
- O Estádio Municipal passou recentemente por uma vistoria da FMF, na qual foram apontados pontos de melhoria. Caso a cidade queira atrair uma seleção que disputará a Copa, a reforma do local tem que ser mais ampla. Como viabilizar essas modificações, já que a arena não conta com verba específica?
- Não temos tempo hábil para fazer grandes reformas. Precisamos realizar as reformulações indicadas pela FMF, e a principal delas é o gramado. A situação é lamentável, e o ponto que chegou hoje é fruto da falta de manutenção. Estamos correndo contra o tempo, conversando com a Secretaria de Obras, com a Empav, com todos que podem se envolver, porque estamos dependendo da questão financeira, do que teremos para gastar. Conversei com o prefeito, e ele deixou claro que todas as secretarias vão ajudar.
- Qual sua avaliação da possibilidade, aberta no fim da última gestão municipal, de cessão da administração do Mário Helênio?
- Não enxergo como solução terceirizar o Estádio Municipal. Pretendemos administrar a arena. Consertar algumas falhas administrativas, alguns acordos verbais, compreendendo que serviço público tem que ser documentado. Pretendemos buscar parceiros para reestruturar o local, e há muitos interessados nisso. Além de procurar apoio governamental, tanto na esfera estadual quanto federal, para que consigamos, por exemplo, um novo gramado, tendo em vista já a possibilidade de a cidade ser um CTS, e a colocação de cadeiras nas arquibancadas, entre outras reformulações. É um desafio, mas vamos tentar. Até para ter a tranquilidade depois de dizer: 'tentamos de tudo, realmente é complicado e temos que terceirizar'.
- A construção do Ginásio Poliesportivo Antônio Marcos Nazareth Campos se arrasta há vários anos. Há como garantir que ele será inaugurado durante sua gestão?
- Sei que o prefeito tem desejo enorme de finalizar as principais obras que de alguma forma foram iniciadas. Uma delas é o Ginásio Municipal. A gente tem que ter os pés no chão e saber que os acordos serão importantes, as conversas de parcerias, de repente com a própria UFJF. Me parece que o prefeito abriu uma conversa preliminar, sem nada decidido e definido, com o reitor (Henrique Duque). Não posso garantir que a inauguração vai acontecer imediatamente, mas posso garantir que acontecerá o quanto antes.
http://www.tribunademinas.com.br/esporte/n-o-sou-o-dono-da-secretaria-1.1211818

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