27 de Janeiro de 2013 - 07:00
Moradores e comerciantes reclamam da medida, mas PM explica que o patrulhamento móvel tem se mostrado mais eficiente
Por Guilherme Arêas
Os Postos de Observação e Vigilância (POVs) da Polícia Militar estão sendo desocupados aos poucos. A estrutura que ficava no Parque Halfeld, no Centro, foi retirada no final de 2012. Já as que ainda se mantêm de pé no Alto dos Passos, Zona Sul, e no Manoel Honório, Zona Leste, não são ocupadas por policiais o tempo todo. A situação tem causado insatisfação em comerciantes e moradores do entorno, mas a polícia explica que o patrulhamento móvel tem se mostrado mais eficiente, embora os POVs que ainda existem sirvam como ponto de policiamento eventual. Entre 2005 e 2006, eles foram implantados como uma das principais estratégias para garantir segurança à população. Havia expectativa, inclusive, de ampliação do projeto, totalizando nove postos. Um ano depois, no entanto, começaram a ser subutilizados, até culminar na remoção da base do Parque Halfeld, que, pelo projeto original, deveria funcionar 24 horas por dia.
No Alto dos Passos há certo sentimento de frustração. "Os próprios empresários locais ajudaram a custear esse posto quando ele foi lançado. A comunidade achou que poderia contar com ele para sempre. Não esperávamos esse abandono tão rápido", diz um comerciante que acompanha o POV desde a instalação. Na época, as estruturas foram instaladas ao custo médio de R$ 16 mil cada.
Na tarde do dia 2 de janeiro, quando a reportagem esteve no bairro da Zona Sul, não havia policial dentro do posto, mas um PM fazia o patrulhamento em uma viatura, logo ao lado. O comandante da 32ª Companhia da PM, responsável pela Zona Sul, capitão Ricardo França, disse que, quando não há policial no posto, é possível que o militar de serviço esteja realizando o patrulhamento em outras ruas do bairro. "O morador não tem condições de acompanhar todo esse trabalho. Quando ele olha, vê que o posto está vazio, mas o policial está ali, fazendo o policiamento nas imediações", explica o comandante. Ele reconhece que os POVs deixaram de ser prioridade, mas isso ocorreu em detrimento de outras estratégias, que se mostraram mais eficientes. Ainda assim, não há previsão para que a estrutura do Alto dos Passos seja retirada.
"A todo momento, fazemos análise daquilo que pode ser mais viável para cada caso. Os estudos hoje mostram que o policiamento fixo não traz para a comunidade a segurança que ela espera. Não que seja totalmente ineficiente, mas novas modalidades de policiamento vão surgindo e se mostrando mais exitosas." Por essa razão, segundo França, os POVs continuam sendo usados como um dos pontos-base dos patrulhamentos de rotina.
PM aposta em base comunitária móvel
No Parque Halfeld, onde o POV foi retirado, a reação não foi das melhores. "Pelo menos oito meses antes de ser retirado, a gente já quase não via policiais lá. Mas pelo menos dava alguma segurança", disse um comerciante. "Seria bom ter o posto para as pessoas terem uma referência física de onde encontrar a polícia, caso aconteça alguma ocorrência no Centro, que é um lugar de muito movimento. Às vezes, depender só do 190 não dá", opina uma vendedora que trabalha nas imediações. No dia 2 de janeiro, quando a reportagem esteve na praça, uma equipe da PM estava de prontidão ao lado de onde antes funcionava o POV.
Conforme o assessor de comunicação do 2º Batalhão da PM, tenente Marcelo Alves, após a retirada do POV do Parque Halfeld, foi feito o lançamento da Base Comunitária Móvel no local, bem como da Patrulha da Praça, uma iniciativa do batalhão com o objetivo de realizar policiamento preventivo e com repressão qualificada nas praças públicas da região central. "Vale ressaltar que, além da região central, outros bairros da área do 2º BPM também serão contemplados por este tipo de policiamento, onde a Base Comunitária Móvel se fará presente, aliada a outros tipos de policiamento que já são feitos em toda área."
Ainda segundo o tenente, o POV do Bairro Manoel Honório, por enquanto, será mantido por ser considerado um ponto estratégico. A aposta da polícia na Base Comunitária Móvel se deve ao fato de que a estratégia "busca realizar um policiamento geral personalizado de acordo com a necessidade de cada comunidade, utilizando-se dos conhecimentos dos próprios militares e do auxílio da comunidade para identificar, analisar, responder e avaliar os problemas policiais contemporâneos de segurança pública, interferindo diretamente na qualidade de vida da comunidade".
Projeto inacabado
Inspirados nos postos utilizados em Belo Horizonte, os POVs em Juiz de Fora estavam previstos para serem instalados ainda nas esquinas das avenidas Itamar Franco e Rio Branco, Brasil e Rio Branco, Rua São Sebastião e Avenida Francisco Bernardino, além da Praça da Estação, Largo Riachuelo e nos bairros São Pedro e Benfica. Os POVs apresentam estrutura blindada e campo de visão de 360 graus. No início, foram disponibilizados rádios transmissores e um binóculos de longo alcance nos três postos instalados.
http://www.tribunademinas.com.br/cidade/povs-s-o-retirados-ou-desocupados-1.1221740
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