terça-feira, 4 de setembro de 2012

Partidos não recebem apoio financeiro para campanha


Por: Ricardo Miranda
Os candidatos, comitês financeiros e partidos políticos têm até amanhã para enviar a segunda prestação de contas parcial ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). A contar pelo ritmo das movimentações financeiras de campanha, os balancetes serão bem modestos. Sem nenhuma tradição de doações de pessoas físicas, a principal aposta de arrecadação dos concorrentes envolve as contribuições da classe empresarial que, nas eleições deste ano, está ainda mais arredia. Para dirigentes partidários envolvidos na questão, não bastasse a exposição dos doadores, ainda está na ordem do dia o julgamento do mensalão. O problema, segundo eles, não se restringe apenas a Juiz de Fora. Na primeira prestação de contas feita no início de agosto pelos candidatos de todo o país, a maior fatia de recursos - R$ 13,6 milhões - teve como fonte o fundo partidário, que é mantido com dinheiro público.

A situação de algumas candidaturas chegou a tal ponto, segundo um coordenador financeiro, que cada centavo vira motivo para comemorar. O problema, na sua avaliação, é que esse doador, no caso de vitória do candidato, não poderá ter contratos com a Prefeitura ou qualquer outro tipo de vínculo, sob pena de ser linchado pela opinião pública. "Isso é hipocrisia. Se o doador tem uma empresa, participa do processo de licitação e executa as obras, qual é o problema?", questionou. Outro dirigente partidário também ligado a uma campanha local citou como exemplo o caso dos Estados Unidos. "Nas eleições americanas, as indústrias de determinado setor fazem doações para um partido ou candidato. Isso não interfere em nada no seus contratos independentemente dos resultados das eleições."

Um terceiro gestor financeiro de campanha ouvido pela Tribuna também considerou as eleições desde ano como "vacas magras". Para ele, doadores existem, mas não é possível se comprometer com todos. "Tem gente com proposta de ajudar porque acredita no projeto, sabe que com um determinado modelo de gestão, a cidade vai avançar e seu negócio vai prosperar junto. Mas há aqueles que querem doar para gerar comprometimento. É preciso ter cuidado." Uma coisa é certa: em ambos os casos, a exposição do doador acaba sendo estratégica. Nenhuma das pessoas envolvidas com arrecadação de campanha ouvidas pela Tribuna fez qualquer menção à doação não contabilizada, o chamado caixa dois. A prática, que atende os interesses dos doadores contrários à exposição, integra o rol de crimes julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no caso do mensalão. Acontece, conforme alguns arrecadadores de campanhas locais, que o julgamento acabou contaminando todo tipo de doação. "Tem empresário que não quer nem receber gente ligada à campanha eleitoral", contou um dirigente partidário.

Para conter a escassez de recursos, os candidatos pisaram no freio dos gastos. Foram poucos que importaram profissionais e equipamentos. As produções dos programas eleitorais para TV ficaram mais modestas. Ainda assim, a aposta no aumento de arrecadação continua. A estratégia comum é queimar gordura - se houver - na reta final. 


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