terça-feira, 24 de julho de 2012

Major do Exército é preso por suspeita no desaparecimento de estudante



A juiza Tânia Mara Granito da vara da Comarca do Município de São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus) decretou na sexta-feira, 20, a prisão preventiva do Major do Exército Brasileiro, Nildo Gonçalves de Souza, Subcomandante do 5º Batalhão de Infantaria de Selva (5º BIS), no mesmo município, por suspeita no desaparecimento da estudante universitária (UEA) Alessandra Silva,28, que encontra-se sumida desde o dia 19 de janeiro.

Em conversa por telefone com o portal acritica.com, no início da tarde desta segunda-feira (23) a juíza disse que o major cumpre a prisão na Segunda Brigada do quartel da cidade, como qualquer preso comum. Não pode sair do recinto, só se consulta com o advogado e a família, toma banho de sol uma vez ao dia e utiliza uma cela.
Em entrevista anterior ao portal uma amiga de Alessandra, que não quis ter o nome revelado, disse que a jovem saiu de casa no dia 19 de janeiro para comemorar o aniversário do major de quem era amante há mais de um ano, e não retornou.

De acordo com a amiga, Alessandra teria passado o “dia inteiro embrulhando o presente que comprou para ele” . Relatou também que o major do Exército pedia sempre que a moça desligasse o celular e não avisasse a ninguém que estava saindo com ele. E que a família de Alessandra já conhecia o major e acobertava o relacionamento da filha com ele, que é casado e tinha outras amantes

Motivo da prisão

De acordo com a Juiza Tânia Mara Granito o pedido da prisão preventiva foi acatado com base na junção de provas que o delegado do caso vinha levantando, incluindo as testemunhais. Entretanto, o mais forte motivo para a decretação da prisão foi o fato dele ter omitido que havia falado com Alessandra no dia do desaparecimento, detalhe que foi descoberto recentemente com a quebra do sigilo do telefone do major. “Ele tinha um chip só para falar com ela”, informa a juíza”, ao acrescentar que “ele mentiu, ele ocultou isso em depoimento”.

Granito explica que o inquérito ainda está em fase de instrução e que o pedido de prisão preventiva se deu com base em uma representação ( e não em uma denúncia) do delegado do município para que fosse feita a prisão preventiva. O pedido foi analisado pelo Ministério Público e acatado por ela. A magistrada a calcula que a conclusão do inquérito vá até o final do ano e que o major seja julgado no início de 2013.

A juiza explica que moça está desaparecida, mas que mediante os indícios apurados até agora, esse desaparecimento pode estar relacionado com a morte dela. ”Mesmo porque, se a gente não tivesse a certeza da morte dela, ele não estaria preso. Há indícios para que se decrete a prisão dele”, reafirma Tânia Mara Granito.
A juíza informa ainda que neste momento não existe nenhum pedido de liberdade provisória.

Informações do Exército
Nota do comando da 2ª Brigada
O Comandante da Brigada do Exército Brasileiro , em São Gabriel da Cachoeira, Sérgio Luiz Goulart Duarte disse que o pedido de Prisão Preventiva do major Nildo Gonçalves, decretado pela juíza Tânia Mara, foi acatado de imediato pelo Comando da Brigada. Esclareceu que apenas houve um equívoco no envio do documento de mandado de prisão que foi encaminhado para o Comando do Batalhão de Infantaria onde Nildo Gonçalves atua, que é subordinado ao Comando do Batalhão de Brigada . “Como sou o comandante , trouxemos ele para cá; ele está afastado das funções dele no batalhão onde atuava e à disposição da justiça”, declarou o General Sérgio Duarte.

O comandante informou que o major Nildo Gonçalves faz as refeições dele em um alojamento específico, e está acompanhado de segurança. Na manhã desta segunda-feira chegou a receber a visita do advogado, mas disse que não sabe se o advogado irá entrar com pedido de relaxamento de prisão. “Ele não está indiciado ainda”, observou o militar.

No sábado, um dia após a prisão do Major, o Comandante da segunda Brigada disse que foi enviado pelo Exército Brasileiro Nota à Imprensa sobre a atuação daquele comando em relação à prisão do Major Nildo Gonçalves de Souza.

O portal acrítica.com não chegou a receber. O comandante enviou o documento novamente na tarde desta segunda-feira (23).
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Novo pedido de prazo
O delegado do caso , Normando Barbosa, Titular da 9ª Delegacia Regional de São Gabriel da Cachoeira, disse que vai pedir mais 30 dias de investigação para a juíza Tânia Mara. O intuito é ouvir novamente testemunhas que já depuseram, em especial ouvir militares que estavam na festa e eram subordinados à Nildo Gonçalves. “ A gente achou que ele tentava dificultar as investigações quando estava solto”, disse o delegado, ao referir-se aos depoimentos colhidos anteriormente. Com a prisão o delegado espera que alguém que estava na festa crie coragem e fale alguma coisa:”Vamos vê se dá coragem em alguém”.

O delegado explicou que atua no caso desde meados de janeiro. Acredita que até o final do mês conclua o inquérito. O trabalho ainda não encerrou porque aguardava por provas mais técnicas, com idas de peritos à cidade e a quebra do sigilo telefônico do Major.

Sobre provas técnicas disse que o laudo não foi conclusivo em relação a uma das três manchas de sangue humano detectadas dentro do carro do major. De acordo com o delegado, duas das três manchas eram compatíveis com sangue masculino. “Na terceira foi detectada a presença do cromosso Y – que leva a crer que era sangue feminino - mas o laudo não foi conclusivo a esse respeito “, detalhou Normando Barbosa

Esposa descobriu
O delegado reafirmou que a descoberta de que o militar havia mentido em depoimento ocorreu com a quebra do sigilo telefônico. Em depoimento, o major Nildo narrou que tinha tido um ‘relacionamento” com Alessandra mas terminado porque sua esposa havia descoberto. “Com as ligações vimos que eles haviam voltado e continuavam se encontrando”, conta Barbosa ao citar o contato telefônico dele com Alessandra no dia em que ela desapareceu.

Pai quer justiça
O pai de Alessandra, Joaquim Silva pede justiça para o desaparecimento de sua filha. Ele é evangélico e no sábado passado estava na cidade de Coari ( 370 quilômetros de Manaus) “trabalhando na obra de Deus” quando soube extraoficialmente da notícia da prisão do Major disse: “Acho isso uma notícia boa, quero que ele seja condenado. Ele é o único suspeito que tenho, não tenho outro suspeito”, disse ao desbafar que já havia perdido as esperanças e que vinha se informando sobre o assunto apenas duas vezes ao mês.

Amigas de Alessandra contatadas no sábado ficaram contentes com a notícia. Uma delas, que não quis se identificar, chorou ao saber da prisão e exaltou as qualidades da estudante como uma pessoa querida da família, amigos e parentes.

Familiares e amigos de Alessandra já chegaram a fazer passeata na cidade pedindo agilidade nas investigações.


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