quarta-feira, 27 de junho de 2012

EMPRESA DE JUIZ DE FORA SUSPEITA POR FRAUDE EM LICITAÇÕES


A empresa Gomes Maciel Refeições Coletivas Ltda., com sede em Juiz de Fora e capital social de R$ 1,5 milhão, está entre as firmas suspeitas de envolvimento num esquema de fraude em licitações para fornecimento de alimentos em seis municípios mineiros e na capital do Tocantins. A Polícia Militar (PM) cumpriu, na manhã de ontem, mandados de busca e apreensão em dois endereços da cidade, como parte da operação "Laranja com pequi", deflagrada pelo Ministério Público Estadual (MPE). 

APARTAMENTO DE ALVIMAR PERRELA
Além da Gomes Maciel, estão na mira do MPE as empresas Bom Menu, Gaúcha Alimentos, MC Alimentação e Nutrição Refeição, assim como a Stillus Alimentação, de propriedade do empresário Alvimar de Oliveira Costa (Alvimar Perrella), ex-presidente do Cruzeiro e irmão do senador Zezé Perrella (PDT), considerada a principal envolvida no esquema.
O objetivo da operação foi desarticular o grupo suspeito de fraudar processos licitatórios de prefeituras e órgãos da administração pública, especialmente no que se refere à aquisição de alimentos para presídios, casas de detenção e merenda escolares. "Análises preliminares dão conta de que, pelo menos, R$ 166 milhões tenham sido fraudados desde 2009, quando o MPE desconfiou de um tópico em um pregão realizado em Belo Horizonte e passou a investigar as atuações do cartel", afirma o promotor de Defesa do Patrimônio Público de Minas, Eduardo Nepomuceno. Segundo ele, pelo menos um terço desse valor foi desviado pela organização.
A firma juiz-forana é suspeita de participar dos pregões sem nenhuma pretensão de vencer, criando uma espécie de falsa concorrência. Recentemente, a Gomes Maciel foi a segunda colocada na licitação para a contratação da empresa responsável pelo Restaurante Popular de Juiz de Fora. O promotor informou que, após análise do material apreendido, vai enviar correspondências aos representantes do MP no município solicitando investigação em todos os procedimentos licitatórios com participação da Gomes Maciel.
O endereço onde a PM apreendeu documentos e computadores em Juiz de Fora fica na Rua Porto Alegre 1.150, no Bairro Jardim da Serra, na Cidade Alta, que consta como sede da empresa no próprio site da Gomes Maciel. Na Junta Comercial de Minas Gerais, contudo, a localização da sede coincide com o endereço residencial dos quatro proprietários e dos dois administradores não sócios, todos da mesma família. A Tribuna esteve no local, que fica em área residencial, e não encontrou placa de identificação da empresa nem conseguiu falar com os responsáveis. Perto dali, no Bairro Novo Horizonte, também na Cidade Alta, os policiais estiveram em residência localizada na Rua das Samambaias 54 à procura de uma das sócias da firma, mas foram informados de que a empresária não reside no endereço.
A Tribuna também entrou em contato com a Gomes Maciel por meio do telefone da empresa disponível no site. Uma funcionária que não quis se identificar explicou que nenhum dos responsáveis estava presente e que retornaria a ligação, o que não ocorreu até o fechamento desta edição.

Governo exonera diretor

Ao todo, além do MPE, cinco delegados e 25 agentes federais, 57 auditores fiscais e 42 policiais militares participaram da operação "Laranja com pequi" em Juiz de Fora e nos municípios de Belo Horizonte, Montes Claros, Itaúna, Patos de Minas, Três Corações, Montes Claros e Palmas, no Tocantins. Foram dez mandados de prisão temporária e 35 de busca e apreensão, incluindo no apartamento de Alvimar Perrella. Na capital mineira, são suspeitos de participar do esquema criminoso, de acordo com promotores estaduais, funcionários públicos das secretarias de Defesa Social (Seds) e de Planejamento e Gestão (Seplag), e também servidores do Departamento de Estradas e Rodagem de Minas Gerais (DER-MG).
Em Montes Claros, a Polícia Federal cumpriu cinco mandados de prisão. Entre os presos estão a secretária de Educação da cidade, Mariléia de Souza, o ex-secretário de Serviços Urbanos, João Ferro, o vereador Athos Mameluque (PMDB), o assessor da prefeitura Noélio Oliveira, além de empresários, funcionários da Stillus e diretores de um presídio de Três Corações e outro em Tocantins. Dois suspeitos - um na capital e outro em Montes Claros - não haviam sido encontrados até o fim da tarde de ontem.
Por meio de nota, o Governo mineiro informou que o diretor do presídio de Três Corações, Roni Buzzeti, foi exonerado do cargo. Segundo a nota, todos os contratos com as empresas vão ser auditados e que o contrato com a Stillus, na Cidade Administrativa, já foi encerrado. Informou ainda que "se for identificado algum desvio de conduta por parte de servidores públicos estaduais, eles serão punidos, conforme prevê a lei".

Nenhum comentário:

Postar um comentário