A Polícia Civil ocupou na noite desta sexta-feira (25) um luxuoso imóvel de cinco andares usado como moradia e verdadeira fortaleza de um homem suspeito de comandar o tráfico de drogas no Bairro Nossa Senhora Aparecida, Zona Leste. Em evidente contraste com as residências humildes da vizinhança, a mansão era revestida com materiais de alto padrão, como granito preto em escadas e parapeitos, chão com porcelanato, tetos rebaixados com gesso, iluminação indireta, além de contar com piscina, churrasqueira, pelo menos três salas, suítes com armários planejados e sala de boxe (
ver vídeo). Os inúmeros cômodos ainda estavam sendo mobiliados com eletrônicos de última geração e móveis luxuosos; tudo, segundo a polícia, com dinheiro vindo do tráfico. Várias câmeras de vigilância controlavam o acesso de pessoas, e três lunetas estavam estrategicamente posicionadas nas janelas para que os ocupantes pudessem observar toda a movimentação do bairro. Do último andar da residência, incrustada no alto de um morro, na Rua Luiz Creozol, o suspeito de tráfico Marcelo Antônio Moreira, 33 anos, conseguia controlar o comércio ilegal, segundo as investigações. Conhecido como "O Bom", por ajudar moradores da comunidade, ele foi preso e seria encaminhado ao Ceresp na noite de ontem.
A ousadia do homem chamou atenção da Polícia Civil, que cumpriu mandados de busca e apreensão no local. No momento em que policiais do Núcleo de Ações Operacionais chegaram à residência, por volta das 16h30, ele dispensou, na frente dos investigadores, substâncias que a polícia acredita ser crack. "O encanamento da casa era mais grosso do que o normal e foi construído de forma que ele pudesse dispensar droga rapidamente pelo vaso sanitário. Mas conseguimos apreender uma sacola plástica e uma faca, que serão periciadas para comprovar que substância ele manuseava", explica a delegada Sheila de Oliveira, responsável pelas investigações, que começaram há cerca de um mês.
Ele também teria ameaçado testemunhas na frente da autoridade policial. "Quando ele foi preso, falou com as testemunhas 'você não viu nada'." Conforme a delegada, o suspeito teria entrado no mundo do tráfico há cerca de quatro anos, tempo suficiente para construir a fortaleza no bairro. Muitos móveis e eletrodomésticos ainda estavam embalados, na caixa. Outros eletrônicos, como duas geladeiras avaliadas em quase R$ 3 mil cada, pareciam ter sido compradas há pouco tempo. No último andar, havia um terraço, com churrasqueira.
Outro imóvel
A fortaleza foi construída em volta de outro imóvel, interligado à mansão e bem mais modesto, onde o suspeito vivia com a mulher e dois filhos antes da construção da mansão. Conforme a delegada, a família estava no processo de mudança da casa antiga para a recém-construída. Era na residência mais simples que a polícia acredita que aconteciam as vendas de drogas. No portão de ferro que dava acesso à rua havia uma câmera embutida para controle da entrada da clientela. A esposa de Marcelo também foi presa por suspeita de ajudar o marido no comércio ilegal. No quintal, estavam dois gansos, que a polícia acredita ajudarem na segurança do local.
A mãe do suspeito, que mora perto da mansão, foi chamada pela polícia e garantiu que não conhecia todos os cômodos da luxuosa casa. "Eu não tenho muito contato com ele. Já vim aqui em uma festinha de aniversário, mas não conhecia a casa inteira." A delegada Sheila Oliveira disse ontem que vai pedir o bloqueio dos bens e a interdição do imóvel. Além do mobiliário, foram apreendidos uma moto e um Ford Fiesta. Não foram apreendidas drogas nem armas, mas a polícia deve continuar as investigações para localizar novos envolvidos e saber onde o suspeito escondia o entorpecente.
Outras duas pessoas que estavam no imóvel foram detidas, mas seriam liberadas até o final da noite de ontem. Uma delas alegou que estava na casa, pois Marcelo daria dinheiro para ela comprar remédio.
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