Pacientes têm esperado mais de cinco horas para se consultar na Regional Leste. Apenas um médico tem realizado os atendimentos de porta, já que dos sete profissionais que deveriam cobrir os plantões, apenas cinco estão atuando, dois deles são pediatras e os outros dois ficam responsáveis pelos pacientes em observação. “Os médicos têm ficado sobrecarregados, chegando a atender 60 pacientes por dia. É desumano”, desabafou um funcionário. Conforme o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), José Nalon, a recomendação é que um profissional atenda em uma hora entre três e quatro pacientes. “Se um médico trabalhar 12 horas ininterruptamente, sem parar para almoço ou sem uma emergência que exija mais dele, ele irá atender 48 pacientes. Atender mais que isso é humanamente impossível e irá acarretar em atendimentos ineficazes e pacientes queixosos.”
Na última terça-feira, a Tribuna foi verificar de perto a situação e conversou com pacientes e funcionários. Ao chegar à Regional Leste, às 14h30, a reportagem encontrou um homem de 72 anos queixando-se de dor na coluna. Ele também deu entrada na unidade às 14h30, mas só foi chamado para a triagem às 16h. “Aqui, idoso não tem preferência”, reclamou o aposentado. Até às 17h30, quando a reportagem deixou o local, ele ainda não havia sido atendido.
Outro usuário, um servente, 23, aguardava por atendimento desde às 11h. Ele se queixava de problemas no estômago. Na recepção, foi informado que só havia um médico atendendo. “A impressão que se tem é que você nunca vai ser atendido”, afirmou o jovem, que só foi chamado às 16h50. O exame clínico durou cerca de dez minutos. Dos três medicamentos receitados (ranitidina, Digeplus e paracetamol), só havia o ranitidina na unidade.
Como mostrado pela Tribuna em reportagens anteriores, a falta de medicamento é problema crônico no pronto atendimento, principalmente de antibióticos e remédios cardíacos.
A assessoria da Secretaria de Saúde admitiu que há déficit de dois clínicos. No entanto, ressaltou que está agilizando a contratação de médicos para atuar nos plantões.
Exames
Após esperar horas pelo atendimento, muitos pacientes ainda precisam aguardar mais tempo ainda por resultados de exames. “São exames que deveriam ficar prontos em 30 minutos. É algo que poderia ser ágil e liberar rapidamente o paciente. Eles ficam sentados nas cadeiras do consultório, desconfortavelmente, por horas, aguardando resultado de exame”, conta um profissional. “Há umas semanas, uma senhora caiu descendo de um ônibus e teve uma fratura no braço. Ela ficou das 11h às 17h esperando a Regional conseguir um traumatologista em alguma unidade para poder encaminhá-la”, completa.
A Secretaria de Saúde afirmou que não há demora na realização dos exames, uma vez que eles são exclusivos para pacientes em observação ou aguardando vaga em hospitais. Ainda conforme a assessoria da pasta, os resultados demoram cerca de três horas para retornar do Laboratório Central. A unidade não possui laboratório próprio.
O sucateamento da unidade também é motivo de reclamação de pacientes e funcionários. “Falta pia, papel toalha. Os profissionais não têm como lavar as mãos.”
Outro ponto crítico é a falta de recursos. São macas e cadeiras com estofamento rasgados e armação enferrujada. Janelas com vidros quebrados. O conforto é mínimo para o paciente. Em relação aos problemas estruturais, a Secretaria de Saúde informou que são questões pontuais e que novos mobiliários já estão sendo providenciados, assim como a instalação de pias para a higienização de profissionais.
http://www.tribunademinas.com.br/regional-leste-com-atendimento-falho/
Nenhum comentário:
Postar um comentário