O carnaval de 1966. O primeiro desfile oficial.
07/01/14
por Daniel Defilippo
Hoje começo um trabalho de pesquisa onde estarei apresentando a história dos desfiles do carnaval de Juiz de Fora desde o ano de 1966, ano que foi oficializado os desfiles das Escolas de Samba. Nas apresentações dos textos estarei trazendo as notícias publicadas pela imprensa, os sambas enredos, fotos dos desfiles, ou seja, mostrar o máximo de informações de cada ano dos desfiles de Juiz de Fora, desfiles que em 2016 estará completando 50 anos de história.
Na sua primeira edição de desfiles, três Escolas concorreram ao título: Feliz Lembrança, Turunas do Riachuelo e Castelo de Ouro. No dia 26 de janeiro a imprensa já anunciava, com grande entusiamos, a chega do carnaval. Veja o que dizia o jornal Gazeta Comercial:
“As Escolas de Samba Turnas do Riachuelo, Castelo de Ouro, estão ensaiando com afinco, com vistas ao carnaval desse ano.Os desfiles das escolas, como tem sido amplamente noticiado, será no domingo, na avenida Barão do Rio Branco, com início previsto para 19 horas. Por outro lado, a Escola de Samba Feliz Lembrança, que desfilará com o enredo Mascarada Veneziana, continua ensaiando no pavilhão Bernard Mascarenhas pabiicamente. A presença ao ensaio da Feliz Lembrança tem sido das maiores”
Lord Pierrot, em sua coluna social no Gazeta Comercial também enfatiza os desfiles das Escolas:
“E as Escolas de Samba. Parecem mais animadas que o ano passado. Vamos fazer carnaval de rua e deixarmos esta turma babando e falar que é mentira esse negócio de que o carnaval de rua acabou. O negócio é mandar brasa, e se esbaldar e mostrar o samba. Avante Foliões”
A uma semana do carnaval, a equipe do Gazeta Comercial voltou aos ensaios das Escolas e relatou o seguinte:
“Nossa reportagem esteve ontem no Clube Ginásio acompanhando também o ensaio da Escola de Samba Turunas do Riachuelo, em seus preparativos para o Carnaval externo deste ano, que muito promete. A escola enfatiza a bateria, mais uma vez, tendo ensaiado todos os dias há quase um mês. A escola já ensaio na rua, para poderem os passistas melhor se evoluírem em busca dos passos necessários, para quando do desfile.”
Mas o carnaval de 1996 não foi completo. Naquele ano a população de Juiz de Fora sentiu a falta de Jairo, figura marcante da Turnas do Riachuelo e do carnaval da cidade:
“O público juizforano até à vespera do carnaval, lembrava com grande pesar o desaparecimento de Jairo o mais tradicional membro do turunas do Riachuelo pois vestindo sempre a Baiana constituía na principal figura da Escola de Samba do Largo do Riachuelo”
E as previsões da imprensa se confirmaram. A Turunas e Feliz fizeram desfiles impecáveis, como relata o jornalista José Henrique de Carvalho:
“Os dirigentes da campionissima Turnas do Riachuelo de tudo fizeram para manter a egemonia do carnaval de Juiz de Fora e diga-se que não conseguiram e porque sua tradicional rival também se esmerou na apresentação. No entanto como é uma comissão das mais esclarecidas que executou o julgamento que conhecemos na manhã de hoje pode haver um empate ou mesmo vitória da turma do Riachuelo, pois sua bateria como corpo de bailado, alas, côro, carro alegórico confeccionado dentro do mais apurado gosto artístico homenageando o grande poeta e escritor Belmiro Braga e ainda pela grande surpresa que nos apresentou, no lugar de Jairo o fabuloso José Garcia que cativou não só a comissão como assistência que delirava com suas evoluções. A simpática agremiação carnavalesca da Avenida 7 de Setembro “Feliz Lembrança” este ano apresentou-se de maneira auspiciosa enredando a Mascarada Veneziana, com samba, Barcarola e Tarantela, na música, na indumentária Pierrot, Arlequim e Colombina, seu estandarte, sua salas e seu côro, seu carro alegórico trazendo uma gondola com Leonor Dama de veneza e seu amado, arrancando entusiásticos aplausos dos espectadores que superlotava a avenida, lhe antecipando a vitória que será logo mais confirmada.”
E Mascarada Veneziana foi a grata surpresa do carnaval de 66, conquistando o primeiro título oficial do carnaval de Juiz Fora. Veja o que diz a notícia do dia da apuração:
“A Escola de Samba Feliz Lembrança foi a vencedora do desfile de escolas no domingo de carnaval com seu ênredo “Mascarada Veneziana, que empolgou realmente o povo juizforana, mostrando novidades em matérias de samba. A Escola da Avenida Sete de Setembro, logrou 77 pontos num concurso onde a nota máxima seria 80. Em segundo lugar, Turunas do Riachuelo que se apresentou com “Exaltação a Belmiro Braga, obtendo 62 pontos e em terceiro lugar a Escola de Samba Castelo de Ouro. com 50 pontos. A comissão julgadora esteve composta das seguintes pessoas: tenente-coronel José Joaquim Pinho, que julgou enredo; maestro Mário Vieira, que julgou a música; Romeu Gonçalves, que julgou a letra; Rafael Sansão, alegorias; Joaquim Vicente Guedes, bateria; Professora Alaíde Margarida, côro; major José Felix, formação e coreografia e, Jorge Schuery, indumentária.”
Confira as fotos publicadas pela revista O Lince do carnaval de 1966
Escute o samba-enredo da Feliz Lembrança de 1966
Autores: Nelson Silva e José Carlos de Lery Guimarães
Ardem círios do Palácio de Veneza
Vive amores a nobreza
Entre as luzes do festim
E na grande praça, a luz da lua
Por colombina, alma da rua
Chora Pierrot, dança Arliequim
Tarantela, tarantela
Tarantela napolitana
Tarantela, tarantela
Na mascarada Veneziana!
Tarantela napolitana
Tarantela, tarantela
Na mascarada Veneziana!
Tarantela veio de Nápoles
Para brincar o carnaval
Na Veneza de São Marcos
No Rialto do Grande Canal
Para brincar o carnaval
Na Veneza de São Marcos
No Rialto do Grande Canal
Distante da louca mascarada
Surge a gôndola dourada
De Rolando e Leonor
Fantasma do Grande Canal
Os amantes da lenda imortal
Eternos na eternidade do amor
Surge a gôndola dourada
De Rolando e Leonor
Fantasma do Grande Canal
Os amantes da lenda imortal
Eternos na eternidade do amor
Rolando e Leonor,
Arliequim, Pierrot,
Carnaval, multidão!
E o meus destino rola
Na Barcarola
Da solidão
Arliequim, Pierrot,
Carnaval, multidão!
E o meus destino rola
Na Barcarola
Da solidão
Meu destino é gondoleiro
Lançando o remo ligeiro
Sob as fontes dos canais
Meu amor.. à flor das águas
E uma gôndola de mágoas
Que não tem âncora, nem cais
Lançando o remo ligeiro
Sob as fontes dos canais
Meu amor.. à flor das águas
E uma gôndola de mágoas
Que não tem âncora, nem cais
Fonte:
Jornal Gazeta do Comercio – 1996
Revista O Lince – 1966
Disco Sambas de Enredo em Juiz de Fora – 1992
Jornal Gazeta do Comercio – 1996
Revista O Lince – 1966
Disco Sambas de Enredo em Juiz de Fora – 1992
http://www.oestandarte.com.br/o-carnaval-de-1966
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