terça-feira, 5 de novembro de 2013

Biografias não autorizadas: ERA proibido proibir

O período da última ditadura no Brasil é “cachorro morto”: todo mundo chuta, vira e mexe tem alguém criticando as atitudes os abusos, e a censura, parece até que se esquecem dos outros períodos ditatoriais, como o de Getulio, tudo bem não fosse por uma coisa: a hipocrisia.

O Deputado Jair Bolsonaro – capitão da reserva do Exército brasileiro – sempre é citado como exemplo de intolerância e representante da ditadura, porém, na questão das biografias não autorizadas, pasmem, ele está alinhado com ninguém menos que Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e outros medalhões da MPB.

De repente esses defensores da liberdade, e críticos incondicionais da censura, passaram a praticá-la sem nenhum pudor, criou-se até um nefasto grupo para promove-la em “escala industrial” – o Procure Saber.

A questão das biografias não autorizadas não é coisa nova, em 2006 Roberto Carlos proibiu na justiça que sua biografia, feita pelo jornalista Paulo Cesar de Araújo, fosse comercializada (milhares de exemplares foram recolhidos e ainda hoje descansam em algum galpão bolorento sob os auspícios do rei), em 1979 já havia conseguido na justiça recolher uma outra biografia escrita por um seu ex-mordomo, argumentam esses artistas que as suas biografias só podem ser realizadas mediante autorização, e que eles tem de ganhar parte do lucro das vendas dos livros.

Esse ponto de vista, apesar do posicionamento de jornalistas e da própria Anel (Associação Nacional dos Editores de Livros) é defensável por quem quer que seja, menos por eles.

Caetano, Gilberto e Chico formaram talvez o principal tripé de crítica a qualquer tipo de censura, através de suas musicas conseguiram fortunas, que foram iniciadas no período ditatorial, e até hoje multiplicadas (naturalmente com o trabalho de cada um) dão sustento a eles próprios e suas famílias, no fundo deveriam “agradecer” aos Generais, não fosse a ditadura Chico jamais teria produzido Cálice, Caetano É proibido proibir e mais uma pá de sucessos que encheu o bolso desse pessoal.

Agora querem assumir a função de censores e controlar os livros eventualmente publicados a respeito de cada um, deveriam se envergonhar de tal atitude, mas em uma democracia todos tem o direito de mudar de ideia, de discurso, de partido, de ideologia e até de verdade, sorte deles, em outro regime já teriam ido para el paredon.

Como no Brasil existe uma preguiça sistêmica para a articulação e o diálogo, esse assunto também chegou no Supremo Tribunal Federal, filigranas constitucionais a parte é triste ver Djavan, Chico e outros defendendo a censura, quase dá vontade de lhes perguntar se em algum momento foram sinceros.

Com tais atitudes suas próprias obras ficam algo comprometidas, afinal parte delas foram construídas em cima da censura e do arbítrio.

Pai afasta de mim esse cálice, quem te viu e quem te vê, é proibido proibir, o sonho acabou.

http://www.parana-online.com.br/colunistas/339/99575/

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