quinta-feira, 18 de abril de 2013

Polícia chega a cinco integrantes de bando


17 de Abril de 2013 - 12:38

Dois teriam participado diretamente do assalto na residência de Carapinha; os demais agiram em outros casos na Cidade Alta

Por Sandra Zanella, Marcos Araújo e Michele Meireles (colaborou Guilherme Arêas)

Atualizada às 21h17
Um adolescente de 17 anos e um jovem, 20, foram detidos nesta quarta-feira (17) por suspeita de envolvimento no latrocínio - roubo seguido de morte - de Francisco José de Carvalho Carapinha, 48 anos, morto com um tiro no peito quando chegava em casa, na Rua Porto Alegre, onde três caseiros já haviam sido rendidos por quatro criminosos, na noite de terça-feira, no Parque Jardim da Serra, Cidade Alta. O empresário, que tinha o apelido de Bolão, ficou conhecido ao ser citado no escândalo envolvendo o pagamento de propina ao ex-prefeito Carlos Alberto Bejani, em 2008. Ele, que foi sócio de uma empresa de ônibus em Juiz de Fora, foi identificado pela Polícia Federal em um vídeo, supostamente oferecendo uma comissão para que Bejani autorizasse o aumento do preço da passagem de ônibus na cidade. Conforme as investigações da Polícia Federal na época, Bolão seria o responsável por recolher entre os empresários do setor a propina a ser paga ao prefeito pelo reajuste do preço dos bilhetes.
Na tarde desta quarta, a dupla suspeita da morte foi capturada no Bairro Jardim Casablanca, na mesma região do crime, durante operação conjunta das polícias Civil e Militar. A manobra resultou, ainda, na prisão de outros três homens, com idades entre 18 e 22 anos. Dois deles estariam envolvidos em furtos e roubos e até homicídios na Cidade Alta e um terceiro é apontado como receptador de materiais roubados. Outros dois suspeitos de participação na invasão à casa do empresário já foram identificados, mas ainda não foram capturados.
Para a titular do Núcleo de Ações Operacionais da Polícia Civil (Naop), Sheila Oliveira, a morte de Carapinha não teria sido encomendada, mas ela apontou relação entre o assalto ocorrido na casa dele e na residência de uma parente da vítima, que aconteceu na última sexta-feira também no Parque Jardim da Serra. "Em princípio, não acredito em queima de arquivo, porque tem todas as características de crime patrimonial, de latrocínio. No roubo de sexta, levaram documentos da casa que poderiam levar a crer que tinha dinheiro significativo na residência do empresário. Não foi esclarecido se ele tentou reagir ao roubo, mas os assaltantes estariam esperando ele chegar para abrir o cofre. Por isso, suspeitamos que  tenha esboçado algum tipo de reação."
Os cinco suspeitos de crimes na Cidade Alta chegaram à 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil por volta das 15h45 conduzidos por policiais civis e militares. Conforme a delegada Sheila, o jovem de 20 anos é quem teria atirado contra o empresário, mas nenhuma arma foi apreendida até o momento. Ele foi pego em flagrante com vários pedras de crack e dinheiro trocado e tentou escapar da abordagem policial. "Esses mesmos dois suspeitos do latrocínio, junto com outros três adolescentes que foram ouvidos ontem (terça-feira) na 2ª Delegacia, certamente são os que praticaram roubo na casa da sobrinha do empresário na sexta-feira. Alguns também estão envolvidos no furto na residência de um bombeiro militar", disse a delegada. O último crime citado por ela foi um arrombamento no São Pedro na sexta, que resultou no furto de televisor de 40 polegadas, tablet, celular, óculos, tênis, bijuterias e cosméticos. Parte do material foi recuperada na ação de quarta. 
Dois casacos camuflados que teriam sido usados pelos suspeitos no latrocínio também foram apreendidos. Segundo a titular do Naop, os envolvidos fariam parte de uma quadrilha de moradores dos bairros Jardim Casablanca e Santos Dumont formada por cerca de dez pessoas. "É um grupo só. Uma parte pratica mais crime patrimonial e, a outra, chefiada por um dos presos (suspeito de atirar no empresário), comete roubo, latrocínio e tentativas de homicídios e assassinatos." Até o fechamento desta edição, os suspeitos prestavam depoimento. Segundo Sheila, o adolescente seria apresentado à Vara da Infância e Juventude com pedido de acautelamento, e os quatro homens seriam conduzidos ao Ceresp.  

Vizinhança amedrontada no Jardim da Serra 

Vizinhos do empresário Francisco José de Carvalho Carapinha relataram que viveram momentos de pânico durante a fuga do bando após o assalto no Parque Jardim da Serra, na Cidade Alta. Uma moradora da Rua Porto Alegre, que pediu para não ter seu nome divulgado, contou que escutou os tiros e, a princípio, pensou que fosse barulho de cano de descarga de uma moto. "Chegamos ao portão e vimos toda a confusão. Quando eles (os suspeitos) atiraram em em carro, outros três seguiam atrás. Foi horrível."
Outro empresário, também morador da região, disse que chegou a ver a motocicleta roubada caída no meio da rua. "Imaginei que fosse um acidente, logo depois vi o casal que estava no veículo. Eles também moram aqui, ficaram desesperados. É uma situação complicada, porque a região ainda era uma área tranquila." 
O comandante do 27º Batalhão da PM, tenente-coronel Moisés Ricardo Pinto, enfatizou que as buscas pelos suspeitos começaram logo após o crime e se estenderam até a tarde desta quarta, mobilizando 80 militares e 15 viaturas. "Fizemos cerco na mata por onde teriam fugido. Já tínhamos informações de quem poderiam ser por causa do assalto na casa da sobrinha da vítima."  
Sepultamento
Francisco Carapinha foi sepultado às 13h30 desta quarta, no Parque da Saudade. Bolão, como era conhecido, deixou esposa e um casal de filhos, que moravam com ele na residência assaltada. Em junho de 2008, quando veio à tona o vídeo sobre a propina que seria paga ao ex-prefeito Alberto Bejani, o empresário chegou a ficar preso por uma semana, em consequência da operação "Pasárgada", deflagrada pela Polícia Federal. Seu processo, porém, foi arquivado em março de 2009. 

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