Rio -  Os olhos de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo estarão voltados para o Papa Francisco na 28ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio, entre 23 e 28 de julho. Porém, ninguém estará mais atento ao pontífice que as 12 mil pessoas que farão a segurança do sumo sacerdote. O megaesquema envolve todas as polícias e as Forças Armadas, e começa 15 dias antes da JMJ, com a Copa das Confederações. E, para que os militares possam coordenar a segurança do evento, será decretada a Garantia da Lei e da Ordem.
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O planejamento inclui patrulhamento por terra, mar e ar, e até equipes especializadas em crimes cibernéticos, além de estratégias contra sabotagem e agentes infiltrados. Tudo isso será monitorado 24 horas em tempo real pelo ‘Big Brother do Papa’, o Centro de Controle Tático Integrado (CCTI), que reunirá representantes de todas as forças de segurança no Comando Militar do Leste, no Centro.
A preocupação maior da segurança é com os dias 27 e 28 — as duas datas mais importantes da Jornada —, quando 2,5 milhões de pessoas estarão em Guaratiba para a vigília e a missa que será celebrada por Sua Santidade encerrando a JMJ. Nesses dois eventos, os 12 mil agentes serão empregados, e o esquema de segurança será coordenado pelo general José Alberto da Costa Abreu, 59, comandante da 1ª Divisão do Exército (1ª DE).
“O planejamento está quase pronto. Esperamos apenas ajustes na agenda do Papa para bater o martelo da segurança. Mas o principal já está feito. Estamos preparados”, garantiu o oficial.
General Abreu: 'Não esperamos atitudes agressivas dos jovens, porém mais euforia por parte das pessoas' | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
General Abreu: 'Não esperamos atitudes agressivas dos jovens, porém mais euforia por parte das pessoas' | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Nos outros dias da JMJ, a segurança será coordenada pela Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, vinculada ao Ministério da Justiça, que engloba as polícias. E os militares vão atuar na defesa de área (controle do espaço aéreo, contra terrorismo, guerra cibernética, entre outros). “Na segurança só agiremos se necessário”, explicou o general Abreu.
Latinidade não alterou planejamento

O general Abreu garantiu que nada mudou no planejamento da segurança da JMJ, que começou a ser traçado em novembro, com a eleição do Papa argentino.No entanto, observação será a palavra de ordem.
“É um Papa próximo do povo e haverá mais interação com a juventude. Não esperamos atitudes agressivas dos jovens, porém mais euforia porque eles vão querer estar mais perto dele. Por isso, estaremos mais atentos”, explicou o oficial, que comandou a segurança da Rio+20, ano passado no Rio.
A base logística para atender Guaratiba será no Centro Tecnológico do Exército, na região, assim como dois hospitais de campanha. Já os responsáveis pela segurança cibernética vêm de Brasília e ficarão no CCTI. Uma das principais funções é monitorar hackers para evitar que invadam o sistema de segurança da JMJ.
Nos outros compromissos do Papa, os militares só vão acompanhá-lo se a presidenta Dilma Rousseff estiver presente. O religioso vai à Catedral Metropolitana, no Centro, ao Cristo Redentor e deverá ir a uma favela.
'UPP facilita trabalho do Exército'
Apesar do aparato gigantesco de segurança, o general Abreu afirma que a atuação dos militares não será ostensiva. “Vamos priorizar o trabalho de inteligência. Não adianta colocar todo mundo na rua”, explicou o oficial.
Segundo ele, isso só será possível graças as 30 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) que existem. “A UPP facilita nosso trabalho. Não teremos, por exemplo, canhões apontados para a Rocinha (a favela tem UPP) como aconteceu na Eco-92”, lembrou ele, no Exército há 40 anos.
A elaboração do plano de segurança incluiu uma ida ao Vaticano. Na ocasião, o oficial esteve com o então Papa Bento XVI, que renunciou ao cargo 15 dias depois. “Fomos conhecer a expertise da segurança de lá. Continuamos tratando do assunto por e-mail. Me perguntam o que eu disse para o Papa porque logo depois ele deixou o cargo”, brincou o general, que deve voltar ao Vaticano.
Em duas semanas, os militares começam a intensificar o treinamento para a JMJ. As tropas vão se desmobilizar até 4 de agosto.