26 de Fevereiro de 2013 - 06:00
Situação acontece na Barreira,mas outras 4 unidades inauguradas há menos de um ano apresentam falhas, que prejudicam comunidades
Por Michele Meireles
Cinco das oito unidades de atenção primária à saúde (Uaps), construídas no molde pré-moldado e recém-inauguradas, já apresentam problemas estruturais, como infiltrações e vazamentos de água no telhado, grades de proteção e portões com defeito, portas caindo e vidros soltos. Para a estruturação dos espaços, foram gastos mais de R$ 4 milhões. Segundo a Secretaria de Saúde, as unidades não teriam sido construídas de acordo com as normas de segurança e saúde preconizadas pela Vigilância Sanitária. As falhas foram registradas nos postos dos bairros Barreira do Triunfo e Cidade do Sol, na Zona Norte, Nossa Senhora Aparecida e Santa Cândida/São Sebastião, na Zona Leste, e Granjas Bethânia, na Zona Nordeste. O quadro mais grave é o da Barreira do Triunfo, onde as falhas no prédio impediram a abertura. Sem condições para receber funcionários e usuários, os atendimentos nunca chegaram a ser feitos no local. Inaugurada em 29 de dezembro do ano passado, ela foi fechada dias depois e ainda não teve condições de ser reaberta. Somente nesta Uaps foram gastos R$ 994.500.
De acordo com o secretário de Saúde, José Laerte Barbosa, a situação destes postos é considerada como um problema grave. "A leitura que fazemos é de que as obras deveriam ter sido acompanhadas mais de perto pelo Poder Público." As deficiências foram identificadas por uma equipe da Subsecretaria de Atenção Primária à Saúde, que está realizando um levantamento em todas as Uaps do município. José Laerte informou que as construtoras responsáveis pela estruturação dos espaços já foram demandadas para que as correções sejam feitas e que uma delas precisou ser acionada judicialmente.
O secretário afirmou que ainda estão vigorando os prazos legais para que as empresas se responsabilizem por fazer os reparos. Ele destacou ainda que, além das novas unidades, o posto do Bairro Industrial, que passou por ampliação, concluída em dezembro, apresentou problema que não ocorria antes. "Ele foi construído mais baixo que o nível do rio, então, quando chove, o local inunda."
População inconformada
Os moradores da Barreira do Triunfo estão inconformados com a situação. De acordo com funcionários da Uaps, as dobradiças das portas caíram antes mesmo de serem utilizadas, e a entrada está sem acabamento adequado, com os vidros soltos, trazendo risco a quem frequenta o espaço. A Secretaria de Saúde confirma e chama a atenção para o entorno da unidade. "Quando chove, vira um atoleiro, os usuários não têm condições de acessar o espaço", disse José Laerte.
"É um absurdo a unidade da Barreira estar assim. Como uma obra é inaugurada com tantos problemas?", questiona a moradora Madalena de Sá. Um residente do bairro vizinho, Novo Triunfo, que preferiu não se identificar, diz que a unidade chegou a realizar marcações de consultas. "Estava uma vergonha, correndo o risco de os vidros da fachada caírem em cima de nós." Segundo a chefe de enfermagem da unidade, Cynara da Cunha, a Prefeitura orientou que fosse feita a mudança dos materiais hospitalares, remédios e documentos para a nova sede. Porém, logo após ter sido feita a inauguração, o Executivo orientou que o atendimento só começasse depois de os reparos serem feitos. "Como já havíamos levado muita coisa, temos que ficar indo buscar os materiais que precisamos e trazendo para a unidade antiga." Ela garantiu que as atividades estão sendo realizadas normalmente na sede antiga.
A Secretaria de Saúde esclareceu que, por questões de segurança e para que a assistência não deixasse de ser prestada à comunidade referenciada pela Uaps da Barreira, a equipe do Estratégia Saúde da Família retomou a assistência na antiga unidade e que a construtora responsável pela estruturação tem até 1º de março para efetuar os devidos reparos.
Já na Uaps da Cidade do Sol, aberta em setembro de 2012 e onde foram gastos R$ 711.500, as principais falhas estão na cobertura do telhado e em uma fenda na grade externa, que facilita a entrada de pessoas estranhas na área e deixa a unidade exposta a riscos. De acordo com a enfermeira Lúcia Novelino, por causa das infiltrações no teto, o espaço fica inundado em dias chuvosos. "O atendimento fica comprometido. A construtora já veio aqui mais de uma vez, disse que o problema tinha sido sanado, mas, quando chove, permanece a mesma coisa." Os consertos ainda não tiveram início. Também no Granjas Bethânia, onde a obra entregue em dezembro de 2012 custou R$ 1.111.500, os reparos ainda não estão sendo feitos.
Quanto às Uaps dos bairros Nossa Senhora Aparecida, onde foram empregados R$ 890.667,019 até dezembro de 2012, e Santa Cândida/São Sebastião (R$ 641.893,22), inaugurada em março do ano passado, a Secretaria de Saúde informou que elas já estão em processo de reparo. Os trabalhos estão sendo acompanhados pela pasta. O prazo dado às construtoras para conclusão depende do tipo de problema apresentado em cada uma.
http://www.tribunademinas.com.br/cidade/problema-em-obra-impede-abertura-de-posto-de-saude-1.1236214
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