terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Série “Haiti: reconstrução” mostra a rotina dos militares mineiros no país


de Juiz de Fora

São mais de 7 mil soldados no país, sendo 2.300 brasileiros em dois batalhões e uma equipe de engenharia

Uma distância de quase 8 mil quilômetros separa o Brasil e o Caribe. Por isso, deixar a família tão longe é um dos desafios dos militares mineiros que trabalham na pacificação do Haiti.
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O quartel geral da missão brasileira fica em Porto Príncipe, a capital do país. A vila tem vários contingentes militares, de várias partes do mundo. São mais de 7 mil soldados: 2.300 brasileiros em dois batalhões e uma equipe de engenharia.

“Nós procuramos seguir uma rotina de trabalho normal, com o horário de educação física, horário de expediente. O trabalho é 24h por dia, sete dias por semana”, explica o comandante do Brabat 2, Cel Sinval Leite.

A equipe da TV Integração ficou hospedada em um contêiner. No Brabat 2, o segundo batalhão, são 769 brasileiros  quase 500 mineiros, a maioria da Zona da Mata e do Campo das Vertentes, como o sargento Luiz Carvalho. “Nossa missão é assegurar um ambiente seguro, estável para a população do Haiti, e prestar um apoio, fazer trabalhos de cunho social, ajudando a população nas suas necessidades”, destaca o sargento Luiz Carvalho.

Os soldados brasileiros chegaram ao Haiti em 2004, em meio a uma série de atos violentos e disputas entre grupos rivais pelo poder. Durante dois anos o trabalho foi de retomada de pontos estratégicos e regiões controladas por gangues, em uma espécie de pacificação de territórios e comunidades, principalmente da capital Porto Príncipe. Desde 2006 a missão brasileira trabalha na manutenção da paz e mediação de pequenos conflitos

Para o coronel Mateus Teixeira, a missão do país é muito importante. “Fazemos a pacificação patrulhando as ruas e mantendo, principalmente em Porto Príncipe, um ambiente seguro e estável”. O trabalho principal é prestar assistência humanitária, fazer escoltas e patrulhar a cidade. São várias unidades militares em Porto Príncipe. Uma delas é a do Forte Nacional: do alto dá para ver toda a região e os pontos estratégicos. 

Uma das patrulhas que partiram do Forte aconteceu no bairro de Belle Air, onde no passado aconteceram vários atos violentos. Muitas ações servem para manter a ordem e mostrar que os militares estão presentes para evitar o crescimento da criminalidade no local. “São conflitos antigos, de armamentos, de drogas. Eles vêm aqui, realizam assassinatos, furtos, saques na região, e retornam para a área da gangue deles”, explica o comandante do 2° pelotão, tenente Leonardo Spinelli.

Para os militares brasileiros, patrulhar as ruas e bairros da cidade
é também um momento de interação com os haitianos, que normalmente têm uma boa imagem da missão. A divisão de Engenharia também tem uma função importante: no Haiti eles realizam diversas obras, como cavar poços artesianos. Na capital eles trabalham na construção, por exemplo, do estande de tiro.

Há muito trabalho a ser feito, principalmente por se tratar de um país em reconstrução. Nos seis meses que passam no local os militares têm que viver longe das famílias. Quando lembram do sentimento dos que estão há quase 8 mil quilômetros, precisam segurar a emoção.
 
O sargento armeiro Luiz Antônio de Jesus, por exemplo, que é de Juiz de Fora, conta que a saudade de casa é grande. “Dá vontade de estar lá com eles. Foi a primeira vez que passei a virada do ano fora de casa, longe da família”. Apesar disso, ele reconhece que o sacrifício é reconhecido. “Aqui a população precisa da gente”, opina.

O sargento responsável pela oficina móvel, André de Ávila Araújo, também de Juiz de Fora, diz que sente saudades principalmente da filha e da mãe. Contudo, para ele o dia a dia na missão ameniza um pouco a saudade.

O comandante do Brabat 2 também tem saudades, mas não esconde o orgulho de participar dos trabalhos no Haiti. “A gente está feliz por estar aqui, mas estamos tristes por estar longe da família. Se estivéssemos lá talvez estivéssemos feliz por causa da família, mas tristes por não estarmos aqui”, destaca o Cel Sinval Leite.

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