A presidente Dilma Rousseff resolveu demitir todos os servidores indiciados na operação Porto Seguro, realizada ontem pela Polícia Federal (PF), que fez busca e apreensão no escritório da presidência em São Paulo e também em órgãos públicos em Brasília. Por determinação da presidente, além do afastamento e exoneração dos envolvidos, todas as agências reguladoras deverão abrir processo para investigar as supostas fraudes. Entre eles está a chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Novoa de Noronha.
Rosemary foi indiciada pela PF por suspeita de envolvimento numa organização criminosa infiltrada no governo para obtenção de pareceres técnicos fraudulentos. Outro envolvido é José Weber Holanda, o segundo na linha de sucessão na Advocacia-Geral da União (AGU).
Segundo a PF, Rosemary é acusada de tráfico de influência, falsidade ideológica e corrupção, e teria exigido dinheiro em troca de ajudar a quadrilha num esquema de obtenção de laudos falsos com o objetivo de ajudar empresas a conseguir vantagens. Os pedidos eram feitos a empresários pelos dois irmãos indicados por Rosemary aos cargos de diretoria na ANA e Anac. A denúncia foi feita à PF por um ex-funcionário do Tribunal de Contas da União (TCU), que teria sido procurado pelos integrantes do esquema para emitir os laudos favoráveis a uma empresa em troca de dinheiro.
Dilma também decidiu afastar o diretor de hidrologia Agência Nacional de Águas (ANA), Paulo Rodrigues Vieira, e de Infraestrutura Aeroportuária da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Rubens Carlos Vieira. Ambos foram presos ontem pela PF junto com um terceiro irmão, o empresário Marcelo Rodrigues Vieira. Além deles, a advogada Patricia Santos Macial de Oliveira foi presa em Brasília e já liberada. Os advogados Marcos Antônio Negrão Martorelli e Lucas Henrique Batista foram presos temporariamente, em Santos (SP).
Entre os investigados pela PF há também servidores da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), do próprio TCU, da AGU e do Ministério da Educação (MEC).
Policiais federais cumpriram seis mandados de prisão e 43 de busca e apreensão, nas cidades paulistas de Cruzeiro, Dracena, Santos, na capital e em Brasília no final da tarde e início da noite de ontem. A polícia apreendeu documentos e arquivos do escritório da presidência em São Paulo. As investigações apontam que os acusados cometeram crimes de corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, falsidade ideológica, falsificação de documento particular, violação de sigilo funcional e formação de quadrilha.
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