A Justiça de Taubaté determinou que o tenente-coronel Antônio Carlos Gonçalves, da Força Aérea Brasileira, pague R$ 5 mil de indenização a um casal que ficou esperando mais de uma hora para ter o casamento celebrado na Capela Nossa Senhora do Loreto, que fica dentro da área do Comando de Aviação do Exército (Cavex). O caso ocorreu em abril de 2010 após o tenente, que atuava como capelão, ter se irritado com o atraso da noiva e deixado a igreja, voltando após uma hora para realizar a celebração.
A indenização por danos morais, assinada no dia 10 de setembro pela juíza substituta da 2ª Vara Cível de Taubaté, Rita de Cássia Spasini de Souza Lemos, atende o pedido do casal Amadeu Benedito Lercan Ragazzini, de 27 anos, e Marcia Aparecida Matos Ragazzini, de 26 anos. Na época do casamento, Ragazzini era cabo do Exército Brasileiro.
Em entrevista a TV Vanguarda, Ragazzini disse que agendou o casamento para o dia 25 de abril de 2010, e que não houve algum empecilho com a data. “Quando fomos marcar o casamento o responsável pela capela disse que não poderia fazer o casamento na data escolhida por nós, mas que um outro capelão faria e ai ficamos tranquilos”, conta o noivo, que atualmente não faz mais parte do Cavex.
Ainda de acordo com Ragazzini, no dia do casamento, o tenente-coronel da Força Aérea Brasileira, Antônio Carlos Gonçalves, foi escolhido para ser o capelão responsável pela realização da cerimônia, marcada para as 11h. O noivo conta que chegou ao local com 10 minutos de antecedência e percebeu a irritação do capelão. O religioso teria pedido para que ele ligasse para a noiva para evitar atrasos. Ele avisou a companheira, mas ela só conseguiu chegar na capela ao meio-dia.
Segundo Ragazzini, antes da chegada da noiva, porém, o celebrante pegou o microfone e comunicou a todos os cerca de 300 convidados que não iria celebrar o matrimônio. “Passou a enfatizar a superioridade de sua patente, gritando que era coronel da Força Aérea Brasileira e que o requerente (Amadeu Ragazzini) era mero cabo, humilhando-o na frente dos presentes. Disse que já avisara o capelão responsável que não celebraria o casamento após o horário agendado, ou seja, 11 horas”, disse a juíza em um dos trechos da sentença.
CasamentoA sentença assinada pela juíza Rita de Cássia Spasini de Souza Lemos ainda menciona novos pontos do casamento de Rigazzini. De acordo com os dados publicados, a juíza relata que o acusado tentou realizar o casamento sem a presença da noiva.
"No entanto, o requerido iniciou a cerimônia sem a presença da noiva e ordenou a um casal de padrinhos que assinassem o livro de registro do cartório. Os padrinhos não quiseram assinar e teriam esclarecido que outros padrinhos seriam testemunhas no registro civil. O réu teria gritado com os padrinhos e ordenado que assinassem, tendo eles obedecido. O réu disse no microfone que, diante do atraso da noiva, iria embora e que era inadmissível um coronel aguardar o casamento de um cabo e que teria outro compromisso. Um dos padrinhos interveio, o réu passou a gritar com ele e ameaçou prendê-lo”, relata o trecho.
Quando a noiva chegou, não havia sacerdote para conduzir a celebração. Depois de uma hora, por volta das 13h, o capelão retornou e realizou a cerimônia. "Hoje eu e minha esposa queremos esquecer esta história, não gostamos nem de lembrar deste dia”, disse Amadeu.
Caso
Para o advogado das vítimas, Luiz Felipe da Silva, o caso que parece história de novela, foi bastante traumatizante para os noivos. “Eles ficaram extremamente abalados por tudo que passaram em um dia que deveria ser um dos mais importantes da vida do casal, mas que foi abalado justamente pela pessoa que deveria proporcionar a felicidade”, disse o advogado.
Ainda segundo o advogado, o representante do capelão procurou as vítimas para propor um acordo, cujo valor não foi revelado para a reportagem. Este acordo está sendo analisado pelas vítimas, que também analisam a hipótese de recorrer do resultado, pedindo que o valor da indenização seja aumentado. O valor inicial solicitado pelas vítimas foi de R$ 300 mil.
Outro lado
O advogado Paul Anderson de Lima, responsável pela defesa do tenente-coronel Antônio Carlos Gonçalves, informou ao G1 nesta quarta-feira (24) que na ocasião foi marcado um horário para o casamento e o capelão já havia informado aos noivos que 'não poderia tolerar atrasos, porque já tinha outros compromissos marcados'. A noiva se atrasou em uma hora.
Ainda de acordo com o advogado, a defesa e o capelão ainda analisam se irão recorrer da decisão em primeira instância ao Tribunal de Justiça de São Paulo, ou se vão fazer um acordo com os noivos para encerrar a questão, já que o capelão estaria passando por um problema de saúde.
“O fato de oferecer acordo não quer dizer que ele está assumindo erro, não está, ele realizou o casamento, mas ele está debilitado de saúde e quer encerrar este assunto, por isso estamos propondo a conciliação”, encerrou.
“O fato de oferecer acordo não quer dizer que ele está assumindo erro, não está, ele realizou o casamento, mas ele está debilitado de saúde e quer encerrar este assunto, por isso estamos propondo a conciliação”, encerrou.
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