O perfil conservador do Legislativo juiz-forano, que de quatro em quatro anos tende a reconduzir grande parte dos parlamentares às suas respectivas cadeiras, ficou ainda mais evidente nesta eleição. Numa legislatura sem escândalos - como a que levou à renúncia do ex-presidente da Casa, Vicente de Paula Oliveira (Vicentão, PTB) em 2008 - e marcada, principalmente no princípio, por projetos pró-moralização (ainda que o fim dos penduricalhos recebidos pelos legisladores não tenha passado de discursos), dez vereadores continuarão com as vagas no Palácio Barbosa Lima. A renovação de quase 50% foi menor do que a verificada no último pleito e também em 2004, períodos em que 11 novos representantes foram eleitos.
Desta vez, nove dos escolhidos nas urnas não possuem mandato atualmente, sendo que sete não têm qualquer passagem pelo parlamento. Os outros dois - Luiz Otávio Coelho (Pardal, PTC) e Oliveira Tresse (PSC) - ocuparam o cargo na legislatura passada e agora retornam à Casa. Pardal volta com a sensação de que tem mais a fazer, afirmando que a saída em 2004 "foi prematura". "Agora pretendemos retomar trabalho de sempre de atender as pessoas e conseguir aprovar projetos de interesse da cidade." Já Oliveira acredita que vai "fazer um segundo mandato à altura do povo de Juiz de Fora".
A nova composição da Câmara, no entanto, tem como principal diferença a perda de cadeiras de dois grandes partidos, o PT e o PSDB. A despeito do certo conservadorismo, o decano da Casa, vereador Flávio Cheker (PT), que disputou o sexto mandato, não conseguiu se reeleger. Dessa forma, a bancada petista - a maior do atual legislatura, ao lado do PMDB - manteve apenas duas cadeiras: a de Roberto Cupolillo (Betão) e a de Wanderson Castelar. "O resultado foi positivo, apesar de ser lamentável o partido ter perdido uma cadeira. Ainda assim, os três vereadores da bancada aumentaram a votação, o que é uma comprovação de que o nosso trabalho funcionou. Pretendo seguir a mesma linha, defendendo os direitos dos trabalhadores", avaliou Betão. Castelar considerou trágico "perder um vereador como o Flávio" e disse que o partido precisará rever o posicionamento. "Somos uma bancada unida, coesa, mas houve alguma falha na estratégia partidária. Acho que o crescimento da minha votação pode ter ocorrido por conta do movimento pela moralização, e isso me obriga a manter esse trabalho."
O PSDB sai mais ressentido, ficando com apenas uma cadeira, que será ocupada pelo atual vereador Rodrigo Mattos, que parte para o terceiro mandato. Segundo ele, apesar da alegria de ser reconduzido, não é possível negar a tristeza pelo fato de seu pai, o prefeito Custódio Mattos (PSDB), não ter conseguido ir para o segundo turno. "Admito que esperava resultado melhor na disputa pela Prefeitura. A partir de agora, vamos fazer uma avaliação de tudo", declarou.
"Infelizmente, perdemos a vaga do José Laerte, presidente do PSDB na cidade. Mas a história do PSDB aqui tem isso, porque apenas eu e o Antônio Jorge (ex-vereador e atual secretário de Estado de Saúde, hoje no PPS) conseguimos nos reeleger." Talvez por reflexo da má-avaliação do Executivo, a chapa composta por tucanos e democratas - e que, juntamente com o PRB, havia conseguido eleger quatro vereadores em 2008 - desta vez só fez dois, com Rodrigo e João Evangelista de Almeida (João do Joaninho, DEM). "Vamos entrar no terceiro mandato com mais experiência e mais garra do que nunca."
Em contrapartida, a disputa de 2012 comprovou o enraizamento do PMDB na política municipal, que extrapola a figura do ex-prefeito Tarcísio Delgado (sem partido). Mesmo sem Tarcísio, peemedebistas conseguiram não só ir em primeiro lugar para o segundo turno na eleição majoritária como também manter a maior bancada da Câmara, com três vereadores. Dos atuais parlamentares da sigla, porém, apenas Júlio Gasparette conservou o cargo. "Estou muito emocionado. Esse resultado significa que fiz um bom mandato, mas sobretudo que o PMDB está no caminho certo", enfatizou Gasparette, que entrará na quarta legislatura. Ao seu lado, no lugar de Francisco Canalli e José Sóter Figueirôa, entram Antônio Aguiar e André Mariano, filho do ex-vereador tucano pastor Mariano Júnior.
Isauro é o mais votado
Eleito para o quinto mandato, o vereador Isauro Calais (PMN) teve a maior votação deste pleito, atingindo 5.127 votos e assumindo, com a saída de Cheker, o posto de parlamentar mais antigo do Barbosa Lima. "Esperava me reeleger e, apesar de não ter capricho de ser o mais votado, fiquei muito feliz", declarou. Atrás dele, o segundo melhor colocado foi um novato na Casa: Aparecido Reis, o Cido de Benfica, do PPS. Com 4.745 votos, coincidentemente Cido foi colega de partido de Isauro no pleito de 2008.
Os dois foram seguidos por Noraldino Júnior (PSC) e João do Joaninho. Para Noraldino, a votação foi reflexo do trabalho desenvolvido e a intenção é, no próximo mandato, "melhorar o que tem sido feito". Já o quinto mais votado foi o atual presidente da Câmara, Carlos Bonifácio (PRB), com 4.003. No entanto, ele ficou fora da nova legislatura, uma vez que o partido não atingiu o quociente eleitoral.
Pela primeira vez, o Partido Verde conseguiu eleger um representante legislativo no município. O engenheiro José Márcio Lopes Guedes, que há 31 anos atua como funcionário da Prefeitura no setor de análise de projetos, participou pela segunda vez do pleito. Apelidado de Garotinho, o vereador prefere ser chamado de Zé Marcio e disse que vai "defender os princípios do Partido Verde, os servidores públicos e a sustentabilidade". Também pela primeira vez, uma vereadora conseguiu se reeleger. Ana das Graças Rossignoli (do Padre Frederico, PDT) continuará como a única representante feminina na Câmara.
O vereador eleito com menos votos foi o estreante na política Jucélio Aparecido (PSB). Escolhido por 1.452 eleitores, ele é funcionário da Amac há 18 anos. "Foi a institucionalização do trabalho que já realizo há anos, como professor de história e educador social." Embora com cerca de mil votos a mais que Jucélio, o vereador Chico Evangelista (PP), único reeleito da coligação PP/PTC, esperava resultado melhor. "Trabalhamos para uma votação maior, mas, como disse o prefeito Custódio, forças ocultas impediram que isso acontecesse. De qualquer forma, estou pronto para seguir em frente e pretendo continuar focado na saúde, sem deixar de trabalhar outras questões."
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