O ex-prefeito Tarcísio Delgado não pertence mais ao quadro de filiados do PMDB. Seu pedido de desfiliação foi entregue na sede do diretório local, nofinal da manhã de ontem, pelo ex-presidente da sigla, Luiz Carlos de Carvalho. Horas mais tarde, o próprio Tarcísio comunicou a decisão a ex-correligionários e jornalistas. "Não se trata de uma desfiliação normal, de quem muda de partido como muda de camisa. É a desfiliação de alguém que ajudou a construir o PMDB." Ele também negou propósito de migrar para outra legenda e preferiu aguardar antes de cogitar uma possível volta após o término do atual processo eleitoral. "Não vou fazer nenhuma previsão futura." É certo, no entanto, que permanecerá na política. "Sigo na vida pública até morrer." Pelo menos por ora, o ex-prefeito deixa a legenda sozinho. Todos peemedebistas do chamado "tarcisismo" permanecem filiados. "Entendemos que seria melhor assim. Se for preciso, alguém pode desfilar depois."
Mesmo tendo atribuído aos diretório local e estadual a maior parcela de culpa pela sua desfiliação, Tarcísio revelou descontentamento também com os rumos do PMDB no Congresso. "(Os senadores) Pedro Simon (PMDB) e Roberto Requião (PMDB), que são meus representantes, não são indicados para assumir nada. Eles, sim, estão preparados, mas não são chamados." Mas a gota d'água foi mesmo o processo de definição do diretório municipal com vistas nas eleições de outubro. "O desrespeito às linhas pragmáticas mestras e ao estatuto do PMDB chegaram ao ponto de impedirem, em Juiz de Fora, que fossem colocadas em apreciação na convenção municipal posições que não fossem coincidentes com os interesses das cúpulas partidárias do momento, municipal e estadual", diz trecho da carta de desfiliação. No mesmo documento, o ex-prefeito acusa "companheiros nos quais confiava e, muitos deles levados à direção pelas minhas mãos", de fazerem do "pragmatismo e do fisiologismo a essência da prática política partidária."
Tarcísio fez questão também de colocar em sua carta de desfiliação a proposta que seria levada à convenção do partido. "O partido não deveria lançar candidato próprio nestas eleições de 2012. A hora é de concentrarmos forças para derrotar o atraso na administração municipal. Deveríamos seguir, aqui, a aliança nacional indicando o vice na chapa encabeçada pela candidata do PT." Como prevaleceu a tese de candidatura própria com o deputado Bruno Siqueira (PMDB), o ex-prefeito resolveu tomar outro caminho. "O partido mudou, não posso acompanhá-lo. Recuso-me a compactuar com os desatinos das atuais executivas estadual e municipal." Questionado quanto aos responsáveis pela mudança no PMDB, ele admitiu parte da culpa. "É preciso dar a mão à palmatória. Muitos que estão lá fui eu quem coloquei." Por fim, ele negou que tenha abandonado a legenda nos últimos anos e admitiu que possivelmente perderia a convenção, caso lhe fosse permitido participar.
O atual comando peemedebista local não comentou a desfiliação de Tarcísio. A proposta de divulgar um comunicado explicando todo o processo que levou à indicação de Bruno como candidato a prefeito foi abortada. O foco interno do partido segue mantido no propósito de retomar o comando do município. Todo o imbróglio envolvendo o ex-prefeito é considerado assunto encerrado. Para a ampla maioria, Tarcísio teve oportunidade de participar do processo da forma como bem entendesse, mas acabou não fazendo no tempo oportuno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário